O que te impede de ser criativo?
Se perguntassem para meus amigos e familiares as minhas características, ouviriam que sempre fui conhecida como a boa aluna, a ‘certinha’, que segue as regras e gosta de organizar e colocar cada coisa em seu devido lugar. Provavelmente esta não é a primeira coisa que vem a sua mente quando você pensa em alguém criativo. Certo?
Sabe o que é estranho? Em paralelo, tenho ouvido as pessoas falarem que sou referência em inovação e criatividade no meu trabalho, sobretudo nos últimos meses. Mas eu te entendo, esse olhar dicotômico entre os ‘perfis’ de pessoas é reforçado constantemente. Basta olhar algumas definições de ‘ser criativa’ em dicionários e sites: vários afirmam que ser pragmática impacta negativamente na criatividade.
Esse contexto me fez pensar no como tenho desenvolvido meus projetos. Olhando para meu comportamento, percebo que eu sempre fui interessada em fazer cursos, aprender coisas novas e, não raramente, me inscrevo em cursos completamente diferentes ao mesmo tempo. Talvez pois, alguns dos meus pontos fortes são ‘estudioso’ e ‘input’¹, o que me lembra a fala do Murilo Gun sobre criatividade.
A criatividade se desenvolve e se instiga conforme os conceitos novos que adquirimos e posteriormente unimos, mesmo que inicialmente as ideias pareçam super distantes. Essa combinação, ou como o Murilo Gun chama ‘combinatividade’, é uma das coisas mais interessantes e empolgantes que ocorrem. Quando as ideias vêm, a energia sobe e me sinto engajada no projeto de uma maneira ímpar e quase impossível de explicar.
Ter a possibilidade de ser desafiada, aprender, propor e implementar novas ideias é o que me faz gostar tanto do meu trabalho, pois me faz sentir viva. E aí que está, não apenas ter a ideia, mas poder implementá-la me encanta. E a implementação, passa por certo grau de pragmatismo, não é mesmo?
Pois bem, minha reflexão sobre o como tenho atuado me mostrou que a combinação das características dos pacotes ‘ser pragmática’ e ‘ser criativa’ é o que me faz atingir vários objetivos. Do meu ponto de vista, a dicotomia dos conceitos restringe o pensamento e impossibilita a ampliação do contexto, traço essencial quando olhamos para o humano: não podemos dividir tudo em preto e branco, quando há 50 tons de cinza entre eles (desculpe, não consegui me conter).
Assim sendo, penso que os itens abaixo combinados são pontos relevantes nesse raciocínio:
- Ser curiosa e executora: alguns projetos que conduzi surgiram de ideias que ouvi em fóruns e pensei, ‘por que não’? Fui atrás, busquei ajuda, li, fiz curso online e fiz. Foi assim que surgiu o jogo de RPG para trabalhar cultura organizacional e o app para o programa de Mentoring.
- Não se deixar bloquear por padrões e criar estratégias para inovar: pegando os mesmos exemplos citados, se eu tivesse pensado que um jogo de RPG não daria certo em uma instituição confessional e que como psicóloga eu não conseguiria criar um app, eu não teria avançado. O desafio de ser algo novo que precisa ser colocado em prática gera estímulo.
- Tentar, mesmo com medo. Aqui, o planejamento super ajuda: sim, erros ocorreram e vão ocorrer. Mas eu prefiro errar tentando implementar algo que acredito que trará melhorias para os colaboradores e para a organização, que continuar fazendo as coisas como sempre foram. Planeje, mas avalie como testar o mais rápido possível. Aqui vale a máxima do mindset ágil: erre rápido e corrija a rota.
- Buscar conhecimento e organizar as ideias: coaching, alimentação saudável, psicologia cognitivo comportamental, planejamento financeiro, Power apps, psicologia positiva, storytelling e criatividade são alguns dos temas que tenho estudado recentemente. Para alguns, pode parecer que falta foco, mas na verdade é impressionante a quantidade de conexões possíveis entre estes temas e a alegria que dá quando surge AQUELA ideia no trabalho. Por exemplo, foi um e-mail da MePoupe² que me deu uma ideia para a estratégia de comunicação com a liderança da empresa onde atuo. Ou seja, você nunca sabe ao certo quando a ‘luz’ vai aparecer, mas se não criar formas de enxergar além do ‘seu mundo’, dificilmente ela aparecerá.
- Conhecer novas pessoas: as vezes é apenas o tema que nos atrai, mas em outros momentos o mindset de quem construiu aquele conteúdo é o que te gera mais insights. Por exemplo, a Nathalia Arcuri no curso de planejamento financeiro e o Murilo Gun nos cursos sobre criatividade, atuam de uma forma que faz você querer sair do lugar e tentar o que foi proposto. E isso nos ajuda a não somente ter novos conhecimentos, mas também novos modelos de atuação e inspiração. Afinal, não somos apenas de um jeito ou de outro, mas sim a combinação de uma série de características, mesmo as paradoxais.
Repito: o que te impede de ser criativo? Será a dicotomia de ideias? Ou será a dicotomia sobre o que você acredita sobre você mesmo?
¹Referência ao livro ‘Descubra seus pontos fortes’ de Marcus Buckingham e Donaldo O. Clifton.
²@mepoupenaweb