O relevante papel do crédito para a recuperação econômica
| Por Wagner Fonseca - upnews24.com
Um círculo virtuoso aparece quando o consumidor compra mais e, com isso, ajuda indústria, comércio e serviços a superar momentos econômicos de grande complexidade
Encontrar o ponto exato para fazer esta roda girar, sem que surpresas alterem perigosamente seu ritmo, ou até mesmo a emperre por períodos além do razoável, é uma das equações mais antigas e desafiadoras da nossa economia.
Parte desse dilema tem sido atenuada pelo poder hoje assumido por ferramentas tecnológicas baseadas em inteligência artificial, a cada dia mais capazes de identificar, com precisão milimétrica, o poder de pagar em dia, até mesmo de quem já se encontre endividado.
Contudo, as análises de crédito mais minuciosas e exigentes também sofrem a influência do ambiente de negócios ao redor, uma mistura especialmente preocupante nos dias de hoje, frente a fatores como desemprego, declínio da renda, inflação e juros altos.
Em outros países o quadro é bem outro, pois enquanto aqui estima-se que as dívidas das famílias em relação ao PIB estejam em torno de 35%; na Austrália chegam a 119%; a 107% na Coréia do Sul; 88% na Inglaterra; 78,5% nos Estados Unidos, enquanto China e Chile registram 61,2% e 46,2%, respectivamente.
Surge, então, uma dúvida de fazer inveja à eterna discussão existencial envolvendo o ovo e a galinha, assim como aquela bolacha que até hoje não se sabe se vendia mais por ser "fresquinha", ou vice-versa.
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Alimentam tal dilema questões estruturais históricas em nosso país, caso da imensa concentração financeira em cinco grandes bancos, e a carga tributária representada, no caso específico do crédito, pelo Imposto sobre Operações Financeiras, alvo apenas de uma efêmera trégua no pico da pandemia.
O primeiro fator aos poucos vai sucumbindo aos espaços crescentes ocupados por fintechs e bancos digitais, enquanto o segundo permanece, há décadas, à espera de uma reforma tributária digna deste nome, algo hoje nitidamente mais distante do que esteve poucos anos atrás.
Mudanças assim teriam grandes chances de, finalmente, fazer do crescimento do crédito uma causa importante para a melhoria nas condições da nossa economia, ao invés de um efeito inexorável da má conjuntura geral neste campo.
Como pano de fundo desse panorama altamente desejável, um consumidor ativo, ajudando os negócios de todos os tamanhos e naturezas a também permanecerem fortes, apesar de circunstâncias adversas no entorno.
Seu contexto, portanto, passaria a superar o meramente financeiro, deixando a pecha de socorrer as vítimas de percalços econômicos para, na verdade, diminuir em muito a chance de que circunstâncias imponderáveis, como guerras e doenças, assumissem proporções maiores ainda entre nós.
A lição de casa a fazer é grande, sem dúvida, mas sempre que oportuno vale relembrar sua gritante necessidade.
Fonte: Infocredi360