O Rio Grande do Sul precisa de todos nós...
Estamos, evidentemente, muito afetados e comovidos com tudo o que está acontecendo com os nossos vizinhos do Rio Grande do Sul, depois das inundações.
A COSAFE expressa seu pesar diante disso tudo, reafirma o seu apoio ao Estado e às pessoas afetadas e coloca à disposição alguns materiais de apoio ligados ao tema, de nossa autoria e de outras fontes bem referenciadas.
As etapas de resposta ao evento estão acontecendo, com o engajamento de muitos: o resgate dos sobreviventes, a recuperação do que é possível, o gerenciamento de abrigos, a ajuda humanitária, etc.
Felizmente, há diversas pessoas e entidades envolvidas nessas etapas e quanto mais houver, melhor!
É triste ver a situação calamitosa que se formou e é de suma importância colaborarmos - da forma como pudermos - com as muitas ações de atendimento aos que perderam tanto, nesse desastre.
Desastre é justamente o termo que nomeia uma situação cuja demanda é maior que a capacidade de resposta. É exatamente o que essa situação no RS está apresentando...
Passado esse momento mais crítico, de atendimento às pessoas, é necessário se debruçar, o quanto antes, em como se preparar para lidar com novas situações como essa.
Infelizmente, o Rio Grande do Sul está enfrentando o 3ª episódio de enchente, em apenas 8 meses. As duas primeiras vezes aconteceram em setembro e novembro de 2023, e essa agora, de maio/2024, tomou proporções que superaram as anteriores.
Diversas cidades do Japão se estruturaram, para lidar com os constantes terremotos.
Na Islândia, cidades também se prepararam, para as frequentes atividades vulcânicas.
Blumenau, em Santa Catarina, tornou-se uma referência nacional, por conta das alterações implantadas em sua estrutura urbana após o recorrente enfrentamento de enchentes.
Nós estamos, inevitavelmente, sujeitos às ações da Natureza (com cada vez mais episódios sucedendo, em decorrência da ação humana) e é preciso implantar ações de mudança.
Segundo Abner de Freitas , CEO da startup Hopeful (uma escola de educação voltada para desastres), há 2 níveis de atuação:
1) GERENCIAL: que trata da definição de manuais e procedimentos, da implantação de sistemas e tecnologias, etc. Essas ferramentas são vitais, DURANTE os eventos.
2) INDIVIDUAL: que cuida da explanação dos procedimentos, dos treinamentos das pessoas envolvidas, da instauração de uma cultura voltada para a segurança.
Essas ações são de extrema importância ANTES dos eventos.
Há dados que mostram que, mesmo quando alertados pela Defesa Civil de suas respectivas cidades, algumas pessoas não acharam que o desastre as atingiria, e portanto não acataram as orientações previamente enviadas.
Segundo Abner, "o que precede a informação é a educação". Caso contrário, não adiantará nada ter as melhores ferramentas e manuais muito bem desenhado, se as pessoas não souberem como agir diante de uma emergência.
Mais do que se ter um manual, é preciso torná-lo conhecido!
E isso requer treinamento constante, exercícios práticos, e, claro, investimento público e privado.
Depois de tantos acontecimentos dessa natureza (nacionais e internacionais), já há muitos conteúdos e iniciativas relevantes, para lidar com desastres e estruturar Cidades Resilientes.
Para o primeiro ponto, disponibilizamos o nosso e-book da COSAFE LATAM, sobre Princípios da Comunicação em Gestão de Crises - Respostas a Desastres em Massa, construído por profissionais com grande expertise no tema:
Já quanto a constituição de uma cidade resiliente, é preciso primeiro entender o que isso significa. Segundo a definição da “Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE”,
Resiliência Urbana é a habilidade que as cidades têm de adaptar ou transformar rapidamente suas funções, diante de um distúrbio que limite suas possibilidades.
Com base nisso, a UNDRR (Escritório das Nações Unidas para a Redução de Riscos de Desastres) tem um trabalho muito consistente, que orienta cidades do mundo todo para atingir esse objetivo.
Dentre os materiais disponibilizados, há um gráfico com os 10 princípios essenciais para a construção de cidades resilientes:
1. Organizar-se para a resiliência a desastres: criar uma estrutura organizacional e um plano de ação para preparar a cidade para eventos adversos.
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2. Identificar, compreender e usar cenários de risco atuais e futuros: avaliar os riscos a que a cidade está exposta e desenvolver estratégias para mitigá-los.
3. Fortalecer a capacidade financeira para resiliência: investir em infraestrutura e recursos para que a cidade possa responder a desastres.
4. Buscar um desenvolvimento urbano resiliente: construir cidades que sejam mais resistentes a eventos adversos.
5. Proteger recursos naturais para aprimorar as funções de proteção dos ecossistemas: preservar áreas verdes e outros recursos naturais que ajudam a proteger a cidade de desastres.
6. Fortalecer a capacidade institucional para resiliência: garantir que as instituições públicas e privadas estejam preparadas para responder a desastres.
7. Compreender e fortalecer a capacidade social para resiliência: envolver a população e a sociedade civil no planejamento e implementação de ações de resiliência.
8. Aumentar a resiliência da infraestrutura: investir em infraestrutura que seja mais resistente a eventos adversos.
9. Garantir uma resposta eficaz a desastres: ter um plano de ação e recursos para responder rapidamente a desastres.
10. Acelerar a recuperação e reconstruir melhor: investir em medidas para reconstruir a cidade de forma mais resiliente após um desastre.
Outra iniciativa que vale a pena mencionar, é a MCR2030 – Making Cities Resilient (ou “Construindo Cidades Inteligentes”, em português). Seu objetivo é promover a resiliência por meio da defesa política, da redução de riscos, da troca de conhecimentos e experiências entre as cidades, de melhorias no planejamento estratégico, da implantação de redes de aprendizagem e da execução de ações eficientes.
Este é um trabalho que não é só de uma cidade. E também não é só do poder público. É preciso que o mundo todo se una para proteger o ecossistema e preparar as cidades para torná-las seguras aos seus cidadãos.
>Contribua com as iniciativas de apoio ao RS! Dê preferência às instruções dadas pelos órgãos oficiais ou por instituições de confiança, que você tenha referências.
>Mas também cobre das autoridades que haja preparo, comunicação e (transform)ação na sua cidade.
>E faça você também a sua parte, participando dos treinamentos de segurança propostos e acatando as orientações dadas pelos órgãos competentes.
Nós também estamos fazendo a nossa parte, nos capacitando e estruturando cada vez mais e incentivando os poderes públicos a se ferramentalizarem.
Neste sentido, na próxima semana (14/mai) a COSAFE estará presente no Fórum Nacional Integrado de Segurança Pública Cidadã, Defesa Civil e Trânsito, em Curitiba-PR, para tratar do tema "Cidades Resilientes".
Quem faz a segurança somos todos nós! Só assim teremos cidades preparadas para o futuro.
E estamos juntos com o Rio Grande do Sul, nesse momento tão desafiador. Levanta, RS!
Fontes e Materiais complementares: