Onde é melhor viver: México ou Brasil, Portugal ou Espanha, EUA ou Inglaterra?

No Relatório Mundial de Felicidade, habitantes dos 143 países avaliaram a sua vida, numa escala de zero a 10, em seis parâmetros: apoio social, rendimentos, saúde, liberdade, generosidade e ausência de corrupção.

O Relatório Mundial da Felicidade é uma parceria entre a Gallup, o Oxford Wellbeing Research Centre, a Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da ONU e o Conselho Editorial do WHR.

Alguns fatos interessantes:

• Estados Unidos e a Alemanha sairam dos top 20.
• Embora os 10 primeiros permaneçam praticamente, os movimentos mais interessantes aparecem nos 20 primeiros.
• Os novos participantes incluem a Costa Rica e o Kuwait nas posições 12 e 13, respectivamente, enquanto os Estados Unidos e a Alemanha cairam do 15º e 16º lugares, caindo para 23º e 24º este ano.
• Portugal aparece na 56.ª posição, quase 20 lugares abaixo do país vizinho, Espanha (32.º).
• Dos dez países mais felizes, apenas os Países Baixos e a Austrália têm populações superiores a 15 milhões.
• Nenhum dos países mais populosos do mundo aparece no topo do ranking. 
• Dos 20 primeiros, apenas o Canadá e o Reino Unido têm populações superiores a 30 milhões.
• O ranking deste ano é o primeiro que separa a felicidade por idades, desde os mais novos aos mais velhos. Na maioria dos paises, a felicidade tem tendência a cair com o avançar da idade, mas há exceções.
• Na América do Norte, a solidão é quase duas vezes mais elevada entre os Millennials do que entre os nascidos antes de 1965.
• Existem diferenças na satisfação nos diferentes grupos etários. Nos menores de 30 anos, Lituânia, Israel e Sérvia ocupam os três primeiros lugares, enquanto Dinamarca, Finlândia e Noruega encontram-se no pódio no caso dos maiores de 60 anos.
• México aparece na 25ª colocação mundial, avançando mais de 10 posições e os mexicanos já estão em média mais felizes que os franceses, por exemplo. 
• O México ocupa a primeira posição entre os países mais felizes da América Latina, acima do Uruguai, El Salvador, Chile e Panamá.
• A faixa etária mais bem posicionada em termos de felicidade no México é a de meia-idade, já que o país ocupa o 19º lugar, enquanto a pior é a dos idosos, com a 33ª posição. México não trata bem seus idosos.
• O Brasil subiu cinco posições em relação ao ano passado, quando ficou em 49º lugar. O Brasil é o maior país da América Latina em tamanho e economia, mas isso não reflete na satisfação das pessoas. Toda a América do Sul no mapa é verde ou pior, isso não deve ser por acaso.
• No recorte que considera os cidadãos mais jovens, abaixo dos 30 anos, o Brasil fica em 60º lugar. Já no recorte que considera os brasileiros acima dos 60 anos, o Brasil fica em 37ª lugar no ranking. O Brasil trata bem seus idosos.
• O Japão está na posição 51 em 2024. Piorou, era posição 47 em 2023.

Aparentemente o nível de renda da população teria um grande peso na percepção de felicidade, mas o Japão contraria essa afirmação, afinal é um país rico. Então onde está o problema? 

• Uma hipótese seria a cultura japonesa. Dois aspectos se destacam. 

• A primeira tem a ver com o conceito japonês de gaman, que a Wikipedia descreve como "suportar o aparentemente insuportável com paciência e dignidade". O termo é geralmente traduzido como "perseverança", "paciência", tolerância ou "abnegação". Também está ligado à expressão ganbaru que significa "tentar muito", "fazer o melhor", "resistir" ou "trabalhar com perseverança", que os japoneses usam o tempo todo. 

Resumindo, eu diria que tudo se resume à cultura da renúncia. Lidar com nossos próprios desafios sem lamentações, dedicar-se incansavelmente ao bem coletivo e evitar impor aos outros opiniões egoístas, pode ser vantajoso para criar uma sociedade eficaz, mas prejudicial para a realização individual e a felicidade.