A origem do "Dinheiro" e do "Sistema Bancário"
Você sabe como surgiu esse tipo de “dinheiro” que você tem no bolso? Ah, não tem nenhum? Tás “duro”? Bem, falo daquele mesmo tipo de dinheiro que nossos políticos guardam em mochilas dentro do guarda-roupas da mãe, ou na cueca, ou recebem em malas em pizzarias, lembra agora do que se trata?
No início da civilização humana não existia qualquer necessidade de dinheiro já que não existiam “políticos brasileiros” para serem comprados e os indivíduos produziam tudo o que precisavam para seu sustento, de sua família e demais membros da tribo. Mas, com o tempo, esse “equilíbrio” foi alterado já que, com maior organização e a melhoria da produtividade, os indivíduos passaram a ter excedentes que não conseguiam consumir no grupo. Além disso, houve a evolução das especializações, com alguns indivíduos produzindo produtos que outros não sabiam fazer e o vice-versa também era verdadeiro. Assim foram geradas as primeiras transações de trocas de excedentes e produtos específicos com as tribos vizinhas.
Quando as primeiras relações econômicas começaram a surgir ocorriam através de troca de mercadorias, o chamado “Escambo”: “Toma um boi e me dá uma dúzia de ovos...”.
O grande problema era quando a parte de lá entendia que sua dúzia de ovos valia mais que o boi da parte de cá. Ou seja, era difícil estabelecer uma equivalência de valores já que isso dependia do quanto cada um achava que valia o que possuía.
Para você entender o que significa “equivalência de valores”, ainda hoje você mentalmente faz essa comparação toda vez que vai às compras. Muitas vezes deixa de comprar um jeans por R$135,00 por entender que ele não vale o quanto você teve que suar para ganhar essa grana, enquanto outros acham barato o mesmo jeans por R$347,00, em um shopping da zona sul. Se isso ocorre ainda hoje, imagine as dificuldades que eram geradas na antiguidade.
Com o tempo alguém “sacou” que algumas mercadorias poderiam servir como “referência de valor”. Muitas foram utilizadas dessa forma, ou seja, como “moeda”: as “Conchas”, as “Pedras Preciosas”, o “Gado”, o “Sal” e até a “Pena”.
Era mais ou menos assim: Alguém arbitrou que um “boi” valia 12 medidas de sal e que um “frango” valia 2 medidas de sal. Logo, você precisaria de 6 frangos para adquirir em 1 boi.
Por fim, as barras de “Ouro” e a “Prata” se mostraram as mais atrativas para a coletividade, como a chamada “moeda de troca/referência de valor”.
Mais tarde os ourives, que acumularam grandes quantidades de ouro e prata, sentiram a necessidade de construir cofres robustos para guardar com segurança esses preciosos metais. Passaram então a cunhar pequenas moedas com esses metais para facilitar o transporte em menores quantidades, até porque surgiu a necessidade de transportá-las para mercados cada vez mais distantes.
Com o tempo os indivíduos que possuíam pequenas quantidades dessas moedas/metais passaram a se utilizar dos cofres dos ourives, mediante pagamento de aluguel de espaço, para guardar suas economias. Os ourives emitiam então recibos que explicitavam as correspondentes quantidades de moedas, ouro ou prata, recebidas para a guarda.
Indivíduos que não possuíam mas necessitavam de moedas passaram a procurar os ourives para conseguir “empréstimos”. Os ourives, então, emprestavam parte de suas reservas mediante a cobrança de “juros” que, na realidade, se tratava do aluguel pelo tempo que essas moedas permaneciam em poder desses “tomadores”.
Os ourives observaram que as pessoas deixavam suas moedas guardadas por longo tempo em seus cofres e mesmo quando sacavam retiravam somente pequena parte e não todas as moedas. Isso ocorria porque as pessoas passaram a utilizar os próprios “recibos de depósito” como moeda para pagamento de suas transações. Afinal eles tinham os valores explícitos e eram muito mais fáceis de carregar. Assim passou a existir uma simples cessão dos direitos sobre as moedas guardadas, através da troca de mãos dos recibos de depósito.
Você já deve ter entendido que essa prática deu origem à transformação do dinheiro de “moedas metálicas” para o “papel moeda” como hoje nós, e nossos políticos, conhecemos bem.
Mas, voltando aos Ourives, eles observaram também que poderiam emprestar mais moedas do que realmente possuíam se utilizassem as moedas que seus clientes guardavam em seus cofres e ainda pagavam por isso. Como historicamente deixavam por lá muito tempo sem mexer e, quando sacavam, retiravam apenas parte, elas poderiam ser emprestadas, gerando juros para os ourives, que as reporiam quando resgatassem os empréstimos feitos, sem que nem mesmo os proprietários tomassem qualquer conhecimento dessas operações.
Como as pessoas entendiam que era muito mais fácil carregar papel que moedas, recebiam os empréstimos também em certificados, que nada mais eram que papéis equivalentes a recibos de depósitos de moedas. E assim os ourives poderiam emprestar indefinidamente já que não mais precisavam de moedas e sim de um papel por eles assinado, explicitando o correspondente valor (supostamente) sob sua guarda.
Os Ourives enriqueceram tanto que os depositantes começaram a desconfiar e ficar preocupados, ameaçando inclusive sacarem de volta suas moedas. Bastava então ao ourives guia-los por uma visita até o cofre para conferirem que as moedas existiam e estavam todas guardadas e seguras. Mesmo assim, eles só se satisfizeram a partir do momento que os ourives passaram a pagar, aos seus depositantes, uma parte dos juros recebidos pelos empréstimos. Surgia assim a famosa “Caderneta de Poupança”.
Cria-se, com isso, o Sistema Bancário, onde o banqueiro capta a poupança dos indivíduos pagando uma taxa de juros pequena e empresta a quem necessita, cobrando uma taxa bem maior, onde são incluídos os custos da captação + despesas operacionais + impostos + lucro. Com o tempo mais um componente foi adicionado a essa taxa de empréstimo que é o “risco da inadimplência”, onde o tomador dos empréstimos contribui com uma parcela para arcar com os custos daqueles que não pagam pelos empréstimos feitos.
Algumas curiosidades sobre o Dinheiro:
- Foi o aprimoramento dos meios de transporte de mercadorias (invenção da roda) que acelerou a necessidade de facilitar a portabilidade de “valores”, para possibilitar o comércio em terras distantes. Isso incentivou a transformação, através da cunhagem, das barras de metal em moedas.
- As moedas de ouro e prata tinham o valor definido pelo equivalente ao seu peso do metal. Por isso existiam falsificações com a retirada do material do seu miolo e o preenchimento com chumbo, sendo a parte externa uma fina camada do metal nobre. Como chumbo é maleável as moedas adulteradas ficavam mais “macias”. Daí o costume de se morder as moedas para verificar se não eram falsas.
- Outra forma de tirar vantagem das moedas fabricadas com metais nobres era raspar a borda de cada uma que passasse em suas mãos, acumulando as limalhas do precioso metal. Como cada um que recebia raspava um pouquinho as moedas tendiam a reduzir de tamanho, fraudando seu peso que equivalia ao seu valor de mercado. Como solução, utilizada até hoje, a cunhagem das moedas passou a ser feita com ranhuras em suas bordas para denunciar a fraude de raspagem.
- Como o gado também chegou a ser moeda de troca isso explica a origem do termo “pecus” (gado) se transformar em “pecúnia” (dinheiro).
- A origem do termo “salário” vem do “sal” que foi durante muito tempo utilizado como moeda de troca, dado a sua raridade na época.