Os gargalos que travam a criação de empregos no Brasil
Os mais recentes dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que quase 13 milhões de pessoas, ou 12,3% da população economicamente ativa do Brasil, estão desempregadas. Outra informação que chamou a atenção dos estudiosos foi a quantidade de pessoas que, simplesmente, pararam de procurar emprego. São 4,8 milhões de brasileiros num estágio de desalento, o maior patamar já visto desde 2012, quando a série de pesquisas foi iniciada. E, enquanto os candidatos à Presidência se engalfinham, a população fica à espera de uma resposta: o que cada um fará para reduzir esse número dramático que mina a economia nacional e a esperança de milhões de trabalhadores? No primeiro debate presidencial, que aconteceu nos estúdios da Rede Bandeirantes, em 9 de agosto, essa foi a primeira questão trazida à roda. Mas nenhum postulante ao cargo respondeu, de fato, como fará para incentivar a criação de empregos. Essa resposta é a mais difícil porque depende de vários problemas do que o próximo presidente deverá atacar.
O primeiro deles é o rombo fiscal. Ou seja, gastar menos que se arrecada. A previsão de déficit para este ano é de R$ 159 bilhões e o déficit primário para 2019 é de R$ 139 bilhões. Muitos candidatos têm dito por aí que acabarão com esse buraco em um ano ou dois anos. Mas um estudo da Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada ao Senado Federal, aponta que o País só voltaria ao superávit em 2022. O Boletim Focus, do Banco Central, que reúne cerca de 100 casas de análise, segue a mesma linha e sugere que o déficit permanecerá, pelo menos, até 2021. Em uma recente conversa com o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, ele foi taxativo. “Acho positivo dizer isso, pois mostra senso de urgência e compromisso com o tema. Imagino que quem está dizendo isso vai se esforçar para aprovar a reforma da Previdência e para manter o teto dos gastos. Nesse caso, estaremos na direção certa. Mas não sei como eles vão fazer. Não vi uma conta que reduza o déficit em um ou dois anos”, disse Guardia. A questão fiscal é imprescindível. Explica-se: ela funcionaria como um motor da confiança que traria investimentos nacionais e internacionais ao País e, consequentemente, geraria mais empregos. Mas não é o único fator que permitirá ao País crescer e voltar a gerar mais postos. A necessidade de destravar as microrreformas e criar uma simplificação tributária é urgente.
De acordo com o Doing Business, estudo coordenado pelo Banco Mundial para avaliar os países com os melhores ambientes de negócios, o Brasil está na 125ª posição. O País fica atrás de Uganda, El Salvador, Honduras, Gana, entre outros. E não é difícil entender o motivo. Infelizmente, somos os campeões da burocracia. Só para pagar impostos – isso mesmo, para pagar impostos – uma empresa brasileira leva 1.958 horas ao ano. São 81 dias e meio para se desvencilhar de taxas, documentos e entender as leis municipais, estaduais e federais. Além de gastar horas e mais horas improdutivas tentando se achar nesse labirinto burocrático, as companhias brasileiras acabam ficando menos competitivas do que as outras. Não é exagero. Nos outros países da América Latina, apontam os dados do mesmo relatório Doing Business, a média gasta para pagar impostos é de 332 horas, um sexto do tempo praticado no Brasil. E quem mais sofre são as pequenas e médias empresas, que têm gerado 90% dos novos empregos no País e não têm uma estrutura para encarar a burocracia imposta pelo Estado.
A falta de competitividade do Brasil em um setor chave, que gera milhões de empregos, também pode ser observada na infraestrutura. Entre 137 países avaliados pelo Fórum Econômico Mundial, o Brasil ocupa a 73ª posição. Os investimentos em um setor tão estratégico para qualquer nação que pretenda crescer têm caído ano a ano. Para se ter uma ideia, entre os anos 1970 e 1980, o País investia o equivalente a 6,3% do PIB em infraestrutura. Entre 1981 e 1990, caiu para 3,1% do PIB; entre 1991 e 2000, desabou para 2,12% do PIB; e entre 2001 e 2016, esse patamar ficou em 2,03%. Em 2017, despencou para 1,4% do PIB, segundo a consultoria InterB. Países como a China, por exemplo, destinam cerca de 8% do PIB para a infraestrutura. Para recuperar o tempo perdido, o Brasil teria de investir R$ 8,7 trilhões até 2038 para atualizar e melhorar áreas cruciais para o desenvolvimento, como transporte, telecomunicações, estradas, ferrovias, saneamento. Mas como se faz isso sem dinheiro público? Criando as condições para que empresas internacionais possam explorar esses setores. E isso depende de transparência nos contratos e de menos burocracia. Um estudo da consultoria KPMG mostra que cada US$ 1 investido em infraestrutura é transformado em US$ 2,50 no PIB. A conta é simples: obras geram empregos na fase da construção e, quando prontas, garantem mais produtividade e um custo menor de operação.
Enquanto o mundo discute a indústria 4.0 e a inovação permeia praticamente as políticas de Estado em países como Estados Unidos, China, Alemanha e outras potências, o Brasil ainda engatinha no assunto. Falta ao País olhar para a inovação como um motor propulsor de crescimento. Repare nas maiores empresas dos Estados Unidos em valor de mercado: Apple, Amazon, Google, Microsoft e Facebook – todas de tecnologia. . Do outro lado do mundo, os chineses – Alibaba, Tencent, DJI, e outras gigantes – estão fazendo frente aos americanos. Se pensarmos em soluções de meios de pagamento, por exemplo, os chineses nadam de braçada (hoje, lá, tudo é pago com o celular via Wechat, o WhatsApp deles). Aí me pergunto: onde está o Brasil no meio de tudo isso? Uma reportagem da Istoé Dinheiro, publicada em agosto deste ano, mostrou que faltam investimentos no desenvolvimento científico e tecnológico do País. “A gente está um pouco atrás de outros países que têm políticas voltadas para o setor de tecnologia”, disse Luis Ruivo, sócio da consultoria PwC Brasil à revista. “Não temos a mesma competitividade de uma Índia, por exemplo. Lá, o governo investiu para que o país se tornasse um pólo tecnológico.” E não há perceptivas de melhoras, pelo menos por enquanto. O orçamento previsto para o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, em 2019, será de R$ 3,75 bilhões – quase R$ 1 bilhão a menos do que em 2018. E assim o Brasil vai ficando para trás e deixando de preencher as 250 mil vagas em aberto no setor de tecnologia, como mostra um estudo da consultoria americana IDC. Os desafios são enormes, mas, com vontade, é possível resolvê-los. Os quase 13 milhões de desempregados agradeceriam.
Coordenador de projetos de tubulações na área petroquimica
6 aTodos os brasileiros sabem muito bem como resolver o problemas de nosso país, basta deixar de ficar dependendo de produtos externos, fazer a economia interna forte e exportar o excedente, acabar com este estado pesado e cheio de benesses, este custo é muito grande, acabar reduzir drasticamente a publicidade dos governos, federal, estadual, municipal, são bilhões indo para o ralo todos os meses, incentivar a construção civil e a infraestrutura, só aí teremos milhões de vagas, incentivar a indústria naval pois é inadimissivel um país com tantos rios e uma costa gigantesca desta e não ter uma frota de navios de transportes decente, sem turismo naval nacional, trazem navios internacionais para fazer turismo aqui. Temos um país crú a se fazer tudo, apenas falta vontade de um dirigente assumir isto e não so ajudar os amigos do rei e esquecer os demais brasileiros.
Profissional de Planejamento e Administração Contratual/Medições
6 aViva o Regime militar
Supervisor Polo | Pag Bank
6 aCarlos,excelente artigo! Pegou direto na ferida. E infelizmente isto tudo que você apontou, as causas e consequências, pra começarmos a sair deste pântano dependemos de motivação política, pois precisamos pra ontem de reforma fiscal e tributária,senão as coisas nunca irão evoluir. Estamos amargando uma lanterna tecnologia,financeira e pior ainda, de visão.
Sobrevivendo ao caos
6 aQuem mais emprega no Brasil são os pequenos empresários do setor de comércio e serviços e estes estão fechando seus estabelecimentos dizimados pela crise e falta de apoio do governo. Para piorar ainda mais o governo vai tirar do simples nacional milhares de pequenas empresas inadimplentes e gerará mais desemprego. Eu mesmo, até dois anos atrás, empregava 7 pessoas e fui derrubado pela crise e hoje engrosso este mar de desemprego e desalento. O que mais me deixa triste é ver trabalhadores afirmando que os direitos trabalhistas devem ser extintos para haver maior geração de empregos. Um retrocesso triste. Tem gente que não enxerga toda tragédia humana por trás do desemprego e faz comentários como este que li em outra postagem : " Não existe desemprego no Brasil e sim gente vagabunda querendo direitos trabalhistas " Isso foi dito por uma empresária. Estamos voltando ao século XVIII.
Engenheiro de software
6 aArtigo muito claro e direto, parabéns Carlos.