Palestina, de Joe Sacco
Gosto de livros-reportagem – e isso é nada novo. A novidade, aliás, foi ter lido um livro-reportagem em formato de quadrinhos. Joe Sacco, obviamente jornalista, acompanhou no início dos anos 1990 o confronto entre Israel e Palestina.
Sacco resolveu mostrar a vida dos palestinos, conforme ele explica nesta edição especial, pela “opressão a que eram sujeitos os palestinos”. Outros fatores que o motivaram a evidenciar o povo palestino foram a ajuda financeira dos Estados Unidos a Israel (bem maior comparada a outras nações, segundo o autor), a absoluta vitimização de Israel, a brutalidade do exército israelense, a parcialidade na cobertura jornalística e, consequentemente, a imagem de terrorista associada aos palestinos.
“Posteriormente, desisti do jornalismo escrito – não por conta de uma desilusão com a profissão, mas, simplesmente, porque não consegui encontrar um trabalho jornalístico que me satisfizesse minimamente. Voltei a me dedicar aos quadrinhos, a paixão da minha vida, e tentei ganhar a vida com eles”, declara no livro.
Por conta própria, decidiu viajar a Israel e aos Territórios Ocupados, onde passou dois meses e meio. “Palestina foi uma tentativa de retratar um pouco da experiência dos palestinos durante a ocupação na primeira Intifada. Desde então, já aconteceu uma segunda Intifada, na qual o conflito agravou-se terrivelmente, com centenas de israelenses e milhares de palestinos mortos.”
Sendo assim, a narrativa está repleta de diálogos que o autor (ele aparece caricutarizado na história) e relatos que ele ouviu, com diversas pessoas anônimas que presenciaram e sofreram com a guerra. Sacco ilustrou com traços fortes e dramáticos, trazendo consigo o impacto daquela dura realidade. Esta edição é excelente e conta com textos de apoio, incluindo o processo criativo dele, que contextualizam e reforçam a temática.