Parece que o mundo procura por uma grande guerra
A Turquia abateu um avião russo. Parece que o esporte Olímpico dos líderes da atualidade é brincar de Fim dos Tempos. Ao que tudo indica, em todos os lados estão querendo treinar para o apocalipse. Não no surpreenderá se, daqui a cem anos, os historiadores se refiram a esta época como a Era da Irresponsabilidade, embora seja mais adequado chamá-la de a Era da Mediocridade.
Esperamos que os russos não revidem, pois a Turquia pode estar querendo isso para requerer a aplicação das Cláusula da OTAN e exigir que atue contra os russos também, ou, ao menos, que seja esfriada a aproximação que está ocorrendo, no momento trazida pela aproximação da França com a Rússia, algo que, em si, poderá ser uma grata distensão nesta nova Guerra Fria que está surgindo. No caso de esfriar a aproximação, certamente se reduzirá a velocidade de uma esperada, desejada e provável derrota efetiva do EI. A redução dessa velocidade parece ser conveniente à Turquia para impedir que o PKK tenha espaço, ganhe força e possa atuar contra o governo turco.
É possível que os russos, que se tem mostrado estratégicos, ao invés de combater os turcos diretamente, queiram dar uma resposta que vai ser horrível para a Turquia: apoiar o PKK diretamente (que já está querendo retomar suas ações bélicas contra o governo, algo a que havia renunciado), pois terão o argumento de que seus combatentes estão entre os melhores que atuam contra o EI, e fazer com que os turcos colham os efeitos de um erro que não devem cometer. Claro que se estivermos partindo do princípio de que os russos não invadiram o território turco, ou, se o fizeram, não foi com intenção belicosa, algo que se pode crer, uma vez que nem todas as notícias são divulgas por aqui sobre o que a Rússia faz de positivo ou sobre o que ela tem recebido de ações inadequadas por parte dos ocidentais. Embora, se deve destacar, e todos sabemos disso, que não há mocinhos puro sangue neste filme de faroeste. Apenas precisamos ter mais informações sobre os fatos para poder avaliá-los e isso não estamos recebendo.
O Ocidente, mais alguns dos seus aliados, parecem ainda não ter percebido que os inimigos que tem de ser derrotado são todos os jihadistas e o EI, de quem, diga-se de passagem, se as denúncias disseminadas na mídia forem reais, a Turquia comprou petróleo no mercado negro (ou seja, não é Santa e deu recursos a eles) e chegou a evitar atacá-los para que os curdos fossem esmagados. Além disso, os russos podem jogar mais pressão sobre a sociedade turca, levando o caos a ela, caso consigam coordenar seus ataques, as ações e apoio ao Assad de forma a que os fugitivos da guerra sejam canalizados em suas rotas de migração quase totalmente para a Turquia, que já tem 2,1 milhões de refugiados dessa guerra civil. Não esqueçamos que o Hezbollah é pró-Assad, logo, apoiaria uma ação nesse sentido. O Barril será mais tenso na sociedade turca, que está a beira de um ataque de nervos, e os terroristas infiltrados no meio dos imigrantes que vão para Europa passam em algum momento pelo território turco. Ou seja, a Turquia ficará com a missão de reter em sua área um número cada vez maior de militantes fundamentalistas e grupos que podem se voltar contra o seu governo.
Acrescente-se que pode gerar ações em outro campo que tornará o cenário pior ainda: os jihadistas, vendo o caos, não esquecerão a grande máxima de buscar uma união provisória contra um inimigo comum, procurando criar o envolvimento direto de Israel no cenário. Esperamos que, ao menos neste momento, o Ocidente entenda que Israel precisa de apoio, pois sempre foi abandonado nos momentos em que mais precisou de amigos e aliados e contou apenas consigo próprio, vendo a defecção daqueles que preferiram fazer política demagógica do que política internacional.
Infelizmente, parte de nossos líderes ocidentais e seus aliados não está entendendo que o barril de pólvora está caminhando para o fogo e um ato irresponsável pode fazê-lo estourar. O problema é que, se estourar, grupos de terrorista terão liberdade de agir no mundo, pois os que poderiam enfrentá-los estarão se combatendo. Não se trata de combater o mal menor, mas o mal em si, representado pelos fundamentalistas e terroristas, já que os contenciosos que estão sendo produzidos entre as potências, ou entre o Ocidente e concorrentes, tem como expressão do mal, principalmente, as vaidades de seus governantes, algo contornável, ao contrário dos fundamentalistas que espelham a incapacidade de se colocar no lugar do outro, rompendo com o que há de realmente grande na humanidade.
Curiosamente, antes de um grande confronto que abala um sistema internacional, normalmente há uma guerra civil que serve de balão de ensaio para os grupos que irão se digladiar. O último grande exemplo foi a Guerra Civil espanhola, em que se pode ver o experimento inicial do quão baixo o ser humano pode chegar. A Guerra Civil Síria parece ser a repetição de uma historia que a humanidade não quer apreender, curiosamente, vendo também a emergência de um grupo de segregadores que reduz a humanidade apenas ao seu grupo.
Já que cada vez mais fica difícil ver até que ponto a inteligência e a sabedoria podem voar, veremos até que ponto a mediocridade pode ir.
Professor de Cursos para Concursos, enem e pré- vestibular
9 aAcredito que este episódio guarde certa semelhança com o atentado que matou Francisco Ferdinando, imperador da Áustria - Hungria, no limiar da Primeira Guerra. Ou seja, este fato foi a gota d'água.
Professor de Cursos para Concursos, enem e pré- vestibular
9 aExcelente artigo, Marcelo Suano.
Excelente artigo!
Relações Institucionais na Vivo (Telefônica Brasil)
9 aExcelente observação