Paulo Henrique Amorim, sua verdade no tempo passado, futuro e agora

Paulo Henrique Amorim não era só do Conversa Afiada. Era um dos jornalistas que me inspirou a ingressar na profissão. Era o do “Olá, tudo bem?” Era o correspondente internacional. Era o crítico que usava o sarcasmo como ninguém. Era o autor do livro Plim-plim a Peleja de Brizola contra a fraude eleitoral, que quem leu sabe que a Globo nunca foi petista... pelo contrário. Foi essa experiência de lançar o livro de Paulo Henrique que me aproximou dele durante algum tempo. Por cerca de um ano pude conhecer a pessoa por trás da capa profissional. E como era prestativo, atencioso, humilde e muito respeitoso. Sempre me agradeceu pelo trabalho e parceria. Palavra que ele sempre usava. “Parceria”. Nunca deixou de atender a uma solicitação de entrevista... e eram muitas. Além dos veículos de imprensa, muitos estudantes queriam a oportunidade de ouvi-lo. E ele atendia a todos. Mesmo que fosse ao final de um dia puxado dentro do estúdio, após horas de gravação, ainda assim o meu ramal na editora Conrad tocava e eu escutava: “Deborah, pode pedir para me ligarem agora”. Nos últimos anos, não vivi de perto seus últimos momentos neste plano da existência. Mas sabia que ele continuava incansável, trabalhando muito para que sua voz continuasse sendo ouvida. Senti vontade de relatar essas impressões que carrego dele como uma homenagem ao ser humano que foi e que me inspirou em vários momentos. Por gratidão. Ele viveu a verdade dele, com todas as nuances e intensidades. Será que morreu novo? Será que foi antes do tempo? O que sei é que ele era mais que essas palavras saltadas. Era mais do que conjugar o verbo ser no passado e no futuro. Paulo Henrique Amorim, presente.

(artigo escrito em 10/7/2019, por ocasião de seu falecimento, um tempo de dureza no jornalismo político)