Pensamento de grupo: como evitar essa armadilha e traçar estratégias para decisões mais sólidas?

Pensamento de grupo: como evitar essa armadilha e traçar estratégias para decisões mais sólidas?

O pensamento de grupo ocorre quando a busca pela unanimidade supera a motivação para avaliar alternativas e considerar opiniões diferentes. O fenômeno, também chamado de groupthink, é uma armadilha cognitiva que pode minar a eficácia das decisões em equipes e organizações.

O termo foi criado pelo psicólogo Irving Janis na década de 1970 e descreve a tendência de grupos priorizarem a harmonia do conjunto em detrimento da análise crítica e da criatividade. As consequências são decisões irracionais e, muitas vezes, desastrosas, já que o grupo tende a ignorar informações importantes, subestimar riscos e não considerar todas as alternativas disponíveis para a solução de um problema. 

Para líderes e gestores, é crucial reconhecer e combater o pensamento de grupo em prol da inovação, da criatividade e de decisões mais sábias!

Por que o pensamento em grupo é uma armadilha?

Ele podem levar a uma série de problemas:

  • Tomada de decisões precipitadas: a pressão para concordar pode fazer com que o grupo tome decisões rapidamente, sem a devida análise;
  • Falta de criatividade: a conformidade inibe a expressão de ideias inovadoras e soluções criativas;
  • Ignorância dos riscos: o grupo pode acabar minimizando ou ignorando riscos potenciais;
  • Moral baixa: colaboradores com opiniões diferentes podem se sentir desvalorizados e desmotivados.

Invasão da Baía dos Porcos: um exemplo de caso real

A invasão da Baía dos Porcos foi uma operação militar secreta, planejada pela Agência Central de Inteligência (CIA), para derrubar o governo cubano de Fidel Castro, entre 17 e 19 de abril de 1961, durante a presidência de John F. Kennedy, e que mais tarde ficou conhecida por este nome. A missão fracassada é um exemplo arquetípico de pensamento em grupo e, frequentemente, citada como um caso de má gestão. 

A ocorrência chamou a atenção do psicólogo Irving Janis, que foi o estudioso que criou o conceito de pensamento de grupo. Para ele, mesmo que os conselheiros de Kennedy tivessem motivos para acreditar, na época, que essa seria uma missão sem sucesso, eles não tiveram coragem de expressar suas opiniões ou dúvidas, pois tinham medo de ser tachados como pouco ousados ou medrosos. 

Como evitar o pensamento de grupo?

Os líderes e gestores podem colocar alguns hábitos em prática e estimular cada um deles antes das tomadas de decisões: 

  • Incentive a divergência de opiniões: faça com que a equipe se sinta confortáveis para expressar opiniões diferentes e promova debates construtivos;
  • Advogado do diabo: escolha um integrante da equipe para questionar e identificar possíveis falhas nas decisões propostas;
  • Grupos de discussões: monte subgrupos menores para discutir diferentes aspectos de uma decisão e depois reúna todos para compartilhar conclusões;

Mesmo colocando essas ações em prática, as equipes sempre devem entrar em acordo e reservar espaço umas às outras para expressar suas opiniões, tratar-se com respeito e passar mensagens completas e ponderar a decisão de designar um moderador para o grupo. 

Melhores Práticas

  • Defina e alinhe com a equipe a missão e os objetivos;
  • Delegue as funções de cada membro;
  • Comunique-se com as pessoas da mesma forma como você gosta de ser tratado;
  • Deixe que o trabalho em grupo seja uma tarefa rotineira. 

Evitar o pensamento de grupo é fundamental para melhorar a qualidade das decisões nas organizações. Ao promover um ambiente onde a diversidade de opiniões é valorizada, implementar técnicas como a do advogado do diabo e adotar ferramentas de decisão estruturadas, os líderes podem combater essa armadilha cognitiva e guiar suas equipes rumo a decisões mais sólidas e inovadoras.

Paula Gobi Scudeller

Diretora Executiva - Saúde Dígital | Transformação Digital | PhD | Pesquisadora | LeaderCoach | Operações e Processos | Inovação | Telemedicina | PMO

5 m

Que bom! Achei o conceito muito interessante e quis compartilhar para que possamos avançar enquanto equipes! Equipes maduras fazem a diferença :)

Jacqueline Quaquarini Galli

Gente & Gestão / Recursos Humanos / HR / Cultura Organizacional / DHO / Gestão de Projetos

5 m

Paula, adorei a leitura e insight.

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