Pequenos e Médios Industriais: Cuidado com a "Fórmula do Sucesso"!

Eu não deveria ter dado bola a esse assunto, pois estou em plenas férias, mas ontem, enquanto me dirigia ao calmo café da Fiesp para uma leitura, acabei entrando em um painel de discussão sobre Big Data para pequena e média indústria.

Dez minutos após o início da primeira fala, eu já estava procurando uma brecha por onde escapar daquela enrascada que eu mesmo havia me colocado: mais uma palestra para leigos sobre a importância dos dados nas estratégias comerciais e operacionais.

Todo aquele beabá era de fato útil para uma plateia que claramente tinha pouca afinidade não só com o tema central da palestra, mas todo o ecossistema que envolve a informação e comunicação na indústria pequena e média. 

Estava bastante nítido o esforço dos palestrantes em trazer algo que pudesse ser útil sem ter que entrar nos pormenores, onde de fato fazem toda diferença em seus trabalhos, mas que não faria menor sentido ali.

Houve, entretanto, dois conselhos que me chamaram a atenção e que me motivaram a escrever esse texto, pois trata-se de algo que vivencio no dia a dia.

Diante das perguntas de uma audiência ainda meio "perdida", o Marcelo Passos (ex executivo da DM9DDB), lançou mão do seguinte paralelo para deixar um conceito mais claro:

"Um dia contei para meu pai, que era um homem do setor financeiro, sobre a dificuldade que eu tinha para entender os problemas contábeis da minha empresa e ele me disse: se o seu contador demorar mais que cinco minutos para explicar o que está acontecendo, você está sendo enrolado. Penso que o mesmo serve para Big Data."

Esta fala soou-me inquietante, pois tenho notado muita gente do meio industrial caindo em conversas ou "fórmulas de sucesso" para só depois de algum tempo perceber que tais "novidades" ainda estão dentro de uma lógica tradicional, seja em marketing, operações ou vendas e não tem bala de prata, não adianta pular etapas.

Principalmente no ecossistema dos médios e pequenos industriais, muito deste "novo" que tem sido apresentado, nada mais é uma nova roupagem, uma embalagem mais atraente para uma adaptação de conceitos, que, ainda por cima, possivelmente estão sendo intercambiados do b2c. Ou seja, os clientes são cobaias. 

O segundo conselho foi: "Cuide da sua marca! Você passou anos ou décadas lustrando o nome da sua empresa, não vá deixar que acabem com isso.".

Por mais simples que seja, trata-se de uma ótima recomendação, e que complementa a anterior, para se pensar antes de entregar a sua marca na mão de gente que não tem escrúpulos nem na hora de apresentar um conceito, que dirá na hora de cuidar do patrimônio alheio.