“Perdendo” no Tesouro Direto mesmo com os juros subindo? Por quê?
Essa é uma dúvida comum de quem está investindo no Tesouro Direto, mas não sabe como funciona o mecanismo de precificação dos títulos.
Vamos pegar um exemplo para que fique bem claro. Suponha que você tenha investido no Tesouro Prefixado 2027, em 26 de agosto de 2024. Ao comprar esse título, ele pagava, naquele momento, juros de 11,38% ao ano.
Aqui está o detalhe que você precisa entender: ele pagará 11,38% ao ano de juros se você permanecer com o título até o seu vencimento, que ocorrerá no dia 01/01/2027.
Reparou? Se você ficar até o vencimento. Caso você queira resgatar o investimento antes, a taxa de juros do título já terá mudado, até porque os juros e o preço dos título do Tesouro Direto podem variar até três vezes por dia.
No dia 20 de fevereiro, você pagou R$ 777,31 nesse título (segundo o histórico do Tesouro). Você pagou R$ 777,31 para ter o direito de receber R$ 1.000,00 no vencimento, porque é assim que funciona no Tesouro Prefixado: investe-se menos do que R$ 1.000,00 para receber R$ 1.000,00 no vencimento, sempre.
Mas você é aquele investidor ansioso, que verifica os seus investimentos toda semana. Todo mundo está falando na alta da Selic e nos juros do Tesouro Direto. E você, todo feliz, pensa que vai ganhar mais também.
Só que, ao verificar a sua posição, você percebe que a sua rentabilidade está negativa. Como isso pode acontecer, já que os juros do Tesouro estão subindo?
Primeiro: o Tesouro está mostrando o que aconteceria se você resgatasse o seu investimento antes do vencimento, porque os 11,38% da compra estão garantidos se você ficar com o título até o vencimento.
Segundo: no mundo da renda fixa, a lógica é inversa: quando os juros sobem, os preços dos títulos caem. Vamos pegar como exemplo os juros do mesmo Tesouro Prefixado 2027 no dia 27 de setembro de 2024, que estavam na casa de 12,28%.
Se alguém quisesse investir nesse título agora em setembro para ganhar essa taxa maior de 12,28% (em vez dos 11,38% que foram prometidos a você, em agosto), o Tesouro precisaria reduzir o preço a ser pago pelo título. Nesse caso, o preço cairia de R$ 777,31 para R$ 771,29. Note que, como a taxa de juros subiu, a distância entre o preço pago e os R$ 1.000,00 que você resgatará no vencimento precisa aumentar. E essa distância é exatamente o rendimento do título.
Quando você comprou o título em agosto, a diferença entre o preço e o valor a receber era de R$ 222,69. Agora, quem comprar o mesmo título tem a promessa de receber juros maiores e, consequentemente, tem o direito de uma distância maior entre o preço pago pelo título e os R$ 1.000,00 a receber. Essa distância será de R$ 228,71.
Sim, se você resgatasse o título um mês depois de comprá-lo, teria prejuízo.
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Mas eu repito: isso só ocorrerá se você precisar resgatar o seu título prefixado (ou mesmo com uma parte da remuneração prefixada, como o Tesouro IPCA), antes do vencimento.
É a chamada “marcação a mercado”.
Sem esquecer que a recíproca é verdadeira: se os juros caírem, quem comprou um prefixado pode ganhar com o resgate antecipado, já que o preço do seu título subirá.
Dinâmica dos títulos de renda fixa prefixados:
Juros sobem: preço do título cai;
Juros caem: preço do título sobe.
Nunca se esqueça desse mecanismo. Sem entendê-lo, você pode, sim, perder dinheiro ou ganhar mais do que esperava com renda fixa.
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Secretária Administrativa | MELVER Educação | Administração
2 mMuito interessante! Baixei o ebook para entender mais sobre TD
Head de Conteúdos da MELVER
3 mEntenda o funcionamento dos juros e preços dos títulos de uma vez por todas.