Pilares da estrutura organizacional: Pessoas!
Na construção civil os pilares possuem grande importância para o levantamento e sustentação das estruturas. Do mesmo modo, nas organizações, as pessoas possuem grande importância para o levantamento e sustentação da estrutura organizacional. Assim, o desenvolvimento estrutural das pessoas – competências – é essencial ao desenvolvimento das organizações.
No sistema estrutural básico dos edifícios, composto por pilares, vigas e lajes, são os pilares os responsáveis por receber os carregamentos das vigas e transmiti-los até a estrutura de fundação, recebendo, predominantemente, ações de compressão. Entretanto, os pilares também são projetados para resistir às cargas horizontais, provenientes da ação do vento ou de outras ações laterais atuantes na estrutura.
Analogamente, no sistema estrutural das organizações, são as pessoas as responsáveis por receber o carregamento das demandas produtivas e transmiti-lo à estrutura da organização para a realização e entrega de resultados, bem como são as pessoas as responsáveis por receber a carga das influências ‘laterais’ do mercado: as forças da competitividade. As mudanças e maior complexidade do cenário impactam nas organizações.
Para resistir a esta gama de esforços, na construção dos pilares, os materiais empregados são principalmente o concreto e o aço. O concreto possui resistência à compressão e o aço possui resistência à tração. Para que os pilares sejam capazes de suportar tais esforços opostos, são feitos da associação do concreto com a armadura de aço, compondo o concreto armado. Ora, também nas organizações, as pessoas – seus pilares – estão submetidas a contínuos esforços, em direções diversas.
Do mesmo modo que apenas o concreto – sem o aço – não suporta a gama de esforços solicitantes em uma estrutura, nas organizações, não é suficiente às pessoas o conhecimento técnico. Precisam, também, de habilidades e atitudes. Desta combinação é que se estruturam, como pilares resistentes, pessoas competentes. Da mesma forma que a armadura vem incorporada ao concreto, competências vêm de traços subjacentes ao comportamento associados a uma performance superior. Estímulos à geração de ideias e criação de soluções tornam-se cruciais, uma vez que a complexidade e dimensão das organizações tendem a levar seus membros à conformidade e proteção das condições existentes, ao invés de buscar inovações. Identifica-se a criatividade como um recurso altamente disponível no meio organizacional, porém ainda latente. Subjacente. À espera de des’envolvimento.
Constata-se também que as competências individuais nas organizações relacionam-se sistemicamente compondo as competências organizacionais, que não têm, portanto, existência concreta sem as pessoas e suas ações. Há uma relação de interdependência entre as competências individuais e as organizacionais. Do mesmo modo, na construção civil, o comportamento dos materiais manifesta-se no comportamento das estruturas.
A fase inicial do processo de desenvolvimento das edificações consiste da concepção estrutural. Nesta fase é importante a avaliação das dimensões dos elementos estruturais. Analogamente, na fase inicial do processo de desenvolvimento de competências, é feito um levantamento de necessidades.Do mesmo modo, nas organizações, o modelo de gestão de competências vai depender das competências demandadas e do público alvo.
A gestão de competências é importante e complexa, uma vez que o trabalho não é mais o conjunto de simples tarefas associadas a um cargo, mas o prolongamento direto da capacidade do indivíduo diante de uma situação profissional cada vez mais mutável e complexa. Analogamente, é de suma importância que o engenheiro envolvido no projeto estrutural tenha a habilidade de visualizar e compreender o comportamento das estruturas em diferentes circunstâncias, e como a forma da estrutura vai influenciar seu comportamento.
A dificuldade em enxergar a empresa como um sistema, em qual suas partes se inter-relacionam e interagem, são fatores impeditivos à inovação e à criatividade demandadas às organizações contemporâneas. Como um prédio que se levanta sobre as fundações e pilares, compondo um todo composto por sistemas diversos – estrutural, elétrico, hidráulico, etc. – que são interdependentes, também a organização, com seus colaboradores, setores e departamentos constitui um todo dinâmico e sistêmico.
Fundamentalmente sistêmica, também se revela a indispensável gestão do conhecimento. A cada dia, novos são os problemas e novas também as oportunidades. Exigindo novas soluções e convidando a novos empreendimentos. Que demandarão, por sua vez, novas formas de pensamento e intercomunicantes fontes de conhecimento. Constatam-se como diferenciais a exposição a experiências diversificadas, interesse por ideias e suas combinações, capacidade de fazer associações remotas, receptividade a metáforas e analogias, preferência pelo novo e pelo complexo, e independência de julgamentos. Características estas passíveis de desenvolvimento e que, em si, estruturam a proposta da ArtEngenharia – Engenharia Mental através da Arte, ao conjugar Arte e Engenharia para construção de competências nas organizações.
Ana Alice Trubbianelli - www.artengenhariamental.com
Texto extraído do projeto:
TRUBBIANELLI, Ana Alice. Estratégias inovadoras para o desenvolvimento de competências fundamentais aos profissionais das organizações contemporâneas integrando Arte e Engenharia. Projeto de Intervenção - Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Centro de Ciências da Vida, Programa de Pós-Graduação Lato Sensu em Desenvolvimento do Potencial Humano nas Organizações, Campinas, 2013.