Planejamento, estratégia e SWOT
Adm. Prof. MSc Sérgio Sampaio Cutrim
Coordenador do Grupo de Pesquisa GELNEP – Grupo de Estudos em Logística, Negócios e Engenharia
De acordo com uma pesquisa do Sebrae, no Brasil cerca de 26% das empresas entram em falência nos primeiros dois anos. Em alguns estados esse % é bem maior, em Pernambuco o % é de 42%. Os seis principais motivos apontados são: falta de planejamento; copiar modelos de negócios já existentes; não acompanhar a rotina das empresas; descontrole do fluxo de caixa; falta de divulgação e não adaptação às necessidades do mercado. No primeiro semestre de 2016 o Brasil apresentou cerca de 1098 pedidos de falência, um aumento de 26% em relação ao ano de 2015 (SCPC).
Agora pensemos no motivo número um das falências: Planejamento. Esta é uma competência que normalmente, nós latinos, não temos excelência. Temos dificuldades em planejamento de longo prazo, definição de indicadores de desempenho, controle e acompanhamento de resultado.
Uma das ferramentas mais importantes de planejamento e análise estratégica é a análise SWOT. A função da análise SWOT é proporcionar o conhecimento das potencialidades e barreiras para tornar as organizações competitivas no mercado. Seu termo deriva da abreviatura de Strenghts, Weaknesses, Opportunities e Threats, que equivalem respectivamente em português a Forças (Potencialidades), Fraquezas, Oportunidade e Ameaças – e que por este motivo ficou também conhecida no Brasil como Análise PFOA.
Esta ferramenta foi desenvolvida na Harvard Business School pelos professores Kenneth Andrews e Roland Christensen. Tarapanoff (2001) indica sua utilização a quase dois mil anos A. C., quando Sun Tzu (2006) citou em uma das suas epigrafes: concentre-se nos pontos fortes, reconheça as fraquezas, agarre as oportunidades e proteja-se contra as ameaças.
Sua análise consiste em diagnosticar as condições que contribuem e dificultam o desenvolvimento empresarial tanto no nível interno como no externo. Esta análise Porter (1989) relaciona com o conceito de estratégia empresarial e com o relacionamento da organização com o seu ambiente, seja ele macro, referenciado às forças econômicas e sociais, seja, micro, formado pela estrutura da própria organização e dos seus concorrentes
A análise interna tem por finalidade colocar em evidência as deficiências e qualidades da organização analisada, ou seja, seus pontos fortes e fracos devem ser determinados diante da posição de seus produtos ou serviços versus segmentos de mercados (OLIVEIRA, 2007). Silveira (2001, p. 214) afirma que as forças podem ser os fatos, recursos, reputação ou outros fatores, identificados no ambiente interno, que podem significar vantagem da organização em relação aos concorrentes, enquanto que as fraquezas são caracterizadas como as deficiências ou limitações que podem restringir seu desempenho.
A análise externa estuda a relação existente entre a empresa e seu ambiente, identificando oportunidade e de ameaças, bem como a sua atual posição produtos versus mercados e projeta a sua posição de produtos versus mercados desejados (OLIVEIRA, 2007). Silveira (2001, p. 214) define as oportunidades como fatos ou situações do ambiente externo que a organização pode vir a explorar, enquanto que as ameaças se apresentam como as antíteses das oportunidades, ou seja, situações do ambiente externo com potencial de impedir o sucesso da organização. Esses aspectos são considerados como fora da zona de controle da organização e que por este motivo maior atenção deverá ser dada no desenvolvimento de estratégias, que objetivem maximizar e controlar respectivamente as oportunidades e ameaças identificadas.
A base da matriz SWOT é o cruzamento de tais informações e, segundo Silveira (2001, p. 211), a associação entre as vantagens competitivas e pontos fortes, entre restrições e pontos fracos – no ambiente interno – e entre condições favoráveis no ambiente e oportunidades e entre barreiras no ambiente e ameaças permite a organização avaliar seu posicionamento estratégico e fornece informação para o processo de planejamento estratégico.
A construção da matriz SWOT pode contribuir ainda para o processo de tomada de decisão, ao prover aos gestores informações que possam possibilitar decisões pautadas na realidade da empresa e do cenário ao qual está inserida. A eficácia desta matriz deve levar em consideração a dificuldade de sua elaboração, do processo de reconhecimento do que sejam ameaças ou oportunidades.
Ao se analisar as forças e fraquezas da organização há a possibilidade de equívocos ou omissões, porque, paradoxalmente, os planejadores têm dificuldade para se auto avaliar de maneira imparcial, sendo importante que as organizações desenvolvam a matriz SWOT com o acompanhamento de facilitadores profissionais externos familiarizados com a mecânica e as armadilhas da ferramenta. (CHIAVENATO & SAPIRO 2010, p. 182).
Como exemplo de aplicação dessa ferramenta vamos apresentar os dados de um artigo apresentado no congresso SEMEAD – Seminários de Administração da USP. O estudo de caso apresenta a aplicação da ferramenta SWOT no Porto do Itaqui.
O Porto do Itaqui está localizado no estado do Maranhão na baia de São Marcos. É um porto público que é administrado pela EMAP – Empresa Maranhense de Administração Portuária. É uma concessão do Governo Federal para o Governo do Estado do Maranhão. Possui cerca de oito berços, opera principalmente cargas do tipo granel sólido e líquido.
Figura 1 – Porto do Itaqui
Fonte: EMAP, 2015
De janeiro a outubro de 2016 o Itaqui movimentou cerca de 5% da movimentação dos portos públicos brasileiros, exatamente 15.047.698 de ton, ficando na sexta posição. As principais mercadorias foram as apresentadas no gráfico a seguir:
Gráfico 1 – Cargas movimentadas no Porto do Itaqui
Fonte: ANTAQ, 2016
Em relação aos aspectos internos forças e fraquezas a pesquisa apresentou os seguintes resultados:
Tabela 1 – Aspectos internos da análise SWOT do Itaqui
Fonte: Mendes, Cutrim, Robles (2013).
Em relação aos aspectos externos os resultados foram:
Tabela 2 – Aspectos externos da análise SWOT do Itaqui
Fonte: Mendes, Cutrim, Robles (2013).
Concluindo, o que a instituição deve fazer com os resultados da análise SWOT? Isto representa apenas o primeiro passo do diagnóstico estratégico. O planejamento estratégico é um longo processo, mas sem um diagnóstico correto é impossível desenvolver um planejamento eficiente. Brevemente podemos citar duas ações, para as fraquezas deveria ser aplicado alguma outra ferramenta de priorização, como gráfico de pareto, árvore de decisão para a escolha de quais itens deveriam ser trabalhados em projetos de melhoria. Para as oportunidades deveria ser analisado se os objetivos estratégicos dos planos atuais estão direcionados corretamente e se necessário revisá-los.
REFERÊNCIAS
ANTAQ - AGENCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS. Boletim anual de movimentação de cargas. Brasília: Antaq, 2016. Disponível em: http://www.antaq.gov.br/Portal/Estatisticas_Anuarios.asp. Acesso em 19 jan 2016.
CHIAVENATO, Idalberto; SAPIRO, Arão. Planejamento Estratégico: fundamentos e aplicações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
EMAP. Institucional. Disponível em http://www.emap.ma.gov.br/porto-do-itaqui/historico. Acessado em 19 de jan de 2017.
MENDES, J. M. A.; CUTRIM, S. S.; ROBLES, L. T. Análise Estratégica no Setor Portuário: aplicação da matriz SWOT no Porto do Itaqui. XVI SEMEAD, 2013.
OLIVEIRA, D. P. R. Planejamento estratégico. Conceitos, Metodologia e Práticas. 24 ed. São Paulo: Atlas, 2007.
PORTER, M. E. Estratégia Competitiva. Técnicas para Análise de Indústrias e da Concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 2 ed. 1989.
SUN TZU. A arte da guerra. Rio de Janeiro: Record, 2006.
SILVEIRA, Henrique. SWOT. IN: Inteligência Organizacional e Competitiva. Org. Kira Tarapanoff. Brasília. Ed. UNB, 2001.
TARAPANOFF, K. (org). Inteligência Organizacional e Competitiva. Brasília: Editora UNB, 2001.
Esp. em Logística Empresarial, Esp. em Gestão e Infraestrutura Portuária, Administrador com extensão em Gestão de Equipes e MKT. Com expertise em Gestão de Operações, S&OP, RH, Riscos, Análise e Inteligência de Negócios.
7 aMuito bom artigo professor Sérgio Cutrim
Professor assistente na UEMA - Universidade Estadual do Maranhão
7 aComo faço para fazer parte desse grupo?