Estratégia: além da definição (parte 5/11 - Mudança de Paradigma em Planejamento Estratégico)
Segundo Mintzberg, as teorias acerca do desenvolvimento de estratégias não correspondiam todas as expectativas porque as premissas estavam equivocadas. As premissas equivocadas apontadas pelo autor são as de assumir a previsibilidade do ambiente, de separar planejamento da operação e a premissa de formalização do processo de construção da estratégia. Um dos problemas destacados é a integração das visões do responsável pelo planejamento com o responsável pela execução, já que o primeiro possui a habilidade e disponibilidade de tempo para planejar enquanto que o segundo possui as informações necessárias e autoridade para implantar a estratégia formulada.
De acordo com o autor, as variáveis que influenciam a formulação da estratégia são a estabilidade da organização, maturidade do mercado atuante, capital, infraestrutura e forte relacionamento entre as operações. Quanto maior a disponibilidade de recursos das variáveis em conjunto com o conhecimento tácito dos gestores, maior a probabilidade de sucesso da estratégia formulada e a criação de competências essenciais que garantam a vantagem competitiva da organização.
Competências Essenciais
Conforme Hamel e Prahalad, Competências Essenciais são as combinações de diversos recursos, que distinguem a empresa no mercado, e capacidades que se referem às habilidades consideradas primárias que contribuem para o desenvolvimento das competências. Exemplo de combinação de recursos e capacidades é o gerenciamento logístico, uma capacidade primária, com o desenvolvimento de sistemas de informação, um recurso tecnológico, para a criação de uma estratégia de distribuição que se torne difícil de copia-la.
De acordo com os autores, os principais fatores para identificar as competências essenciais são definir quais as principais fontes de diferenciação, o quanto tais habilidades podem ser aplicadas em outros mercados e o grau de dificuldade de imitação por competidores.
Devido à contribuição dos autores citados acima, abriu-se um novo leque para desenvolvimento de teorias, tais como o Modelo Delta, a Estratégia do Oceano Azul. Além disso, há o aumento da importância de discussões relacionadas com os processos de Inovação e seu papel cada vez mais estratégico para a obtenção de vantagem competitiva e competências que a sustentem. No próximo artigo, o Modelo Delta.
Mais artigos da série sobre Estratégia:
Estratégia: além da definição (parte 1/11)
Estratégia: além da definição (parte 2/11 - Estruturas de Mercado)
Estratégia: além da definição (parte 3/11 - Estratégias Genéricas de Porter)
Estratégia: além da definição (parte 4/11 - Indústrias para o Desenvolvimento de Estratégias)
Autor: Mardem Feitosa - Graduado em Administração pela Universidade de São Paulo (FEA/USP), com extensão na Chonnam National University, Coréia do Sul. Atua desde 2005 com gestão de empresas, trabalhando com estratégia, controladoria, inovação e implementação de fluxo de processos em empresas de médio e pequeno porte (inclusive startups), em diversos segmentos de mercado, tais como energia e saúde.
Referências Bibliográficas dos Artigos:
ANSOFF, I. Estratégia Empresarial. São Paulo. Atlas, 1965
HITT, Ml. IRELAND, R. HOSKISSON, R,Administração Estratégica: Competitividade e Globalização. Tradução All Tasks. São Paulo, Cengage Learning, 2008. 415p.
BARNEY, Jay B. HESTERLY, William S. Administração Estratégica e Vantagem Competitiva.Tradução Monica Rosemberg. São Paulo, Pearson Prentice Hall, 2007. 326p.
BESANKO, David et al. A Economia da Estratégia. Tradução Bazán Tecnologia e Linguistica. – 3. Ed. – Porto Alegre, Bookman, 2006. 608p.
CHANDLER JR, Alfred D. Strategy and Structure: charpters in the history of the industrial enterprise. Estados Unidos, M.I. T Press, 1962. 463p.
COOPER, C. L. ARGYRIS, C. Dicionário Enciclopédico de Administração. São Paulo: Atlas. 2003
DRUCKER, P. Inovação e Espírito Empreendedor – Pratica e Princípios. Cengage Learning. 1985
HAMEL, G. PRAHALAD. C.K. Strategic Intent. Harvard Business Review. Estados Unidos, 1991. Página 63-76.
HAX, A.C. WILDE II, D. L. The Delta Project: Discovering New Sources of Profitability in a Networked Economy. New York. Palgrave, 2001.
KIM, C.; MAUBORGNE, R. A Estratégia do Oceano Azul – Como Criar Novos Mercados e Tornar a Concorrência Irrelevante.Campus.2005.
KOTLER, Philip. Administração de Marketing. Tradução Mônica Rosenberg, Brasil Ramos Fernandes, Claudia Freire. São Paulo, Pearson Prentice Hall, 2006. 750p.
MCLEOD, K. STUCKEY, J. Thinking Strategically. McKinsey & Company. Estados Unidos. 2000
MINTZBERG, Henry. The Rise and Fall of Strategic Planning. New York. Prentice Hall. 1994.
PORTER, Michael E. Estratégia Competitiva: Técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Tradução Elizabeth Maria de Pinho Braga. Rio de Janeiro, Campus, 1986. 362p.
PORTER, Michael E. Vantagem Competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio de Janeiro, Elsevier, 1989. 512p.
PORTER, Michael E. A Vantagem Competitiva das nações. Rio Janeiro, Campus, 1989
ROBBINS, Stephen P. Comportamento Organizacional. Tradução Reynaldo Marcondes. São Paulo, Pearson Prentice Hall, 2005. 536p.
SCHILLING, M.A. Strategic Management Of Technological Innovation. New York. McGraw-Hill, 2005.
SLACK, Nigel. Administração da Produção. Tradução Maria Teresa Corrêa de Oliveira, Fábio Alher. São Paulo, Atlas, 2002. 747p.
United Nations. Human Development Report 2013. The Rise of the South:Human Progress in a Diverse World (New York, 2013).
WHITTINGTON, R. O que é estratégia. São Paulo: Thompson, 2002
WRIGHT, P. L. Administração Estratégica: Conceitos. São Paulo: Atlas, 2000.