Por que algumas empresas estão repatriando parte de sua infraestrutura?
Nos estágios iniciais da adoção da computação em nuvem (Cloud Computer), as organizações enfrentaram uma considerável pressão para migrar seus sistemas e dados para esse novo paradigma tecnológico, impulsionadas pela percepção de que se tratava da próxima grande revolução. Esse fenômeno, muitas vezes referido como "peer pressure"(pressão dos pares), foi amplamente observado e discutido, como mencionado na última edição dos "05 Minutinhos". Muitas organizações sentiram-se compelidas a seguir o exemplo de outras que já haviam adotado a nuvem, mesmo que não estivessem totalmente preparadas ou não compreendessem integralmente os custos e desafios envolvidos nesse processo de migração. Conforme as organizações começaram a enfrentar os desafios e custos não previstos da migração para a nuvem, muitas delas iniciaram um movimento gradual de repatriação de workloads de volta para suas infraestruturas locais, buscando maior controle, segurança e economia de custos.
Você deve estar se perguntando: "O Hype em torno de cloud cestá perdendo força?" A resposta é um sonoro não! Embora algumas organizações tenham enfrentado desafios que as levaram a lamentar seguir cegamente o exemplo de outras empresas do setor, sem considerar se essa era realmente a melhor opção para suas necessidades específicas. Muitas empresas "bateram cabeça" para descobri o óbvio: para voltar, precisava antes sair.
De fato, o principal impulsionador por trás da repatriação de workloads é o custo. Muitos imaginavam que a promessa da computação em nuvem, especialmente em sua fase inicial entre 2010 e 2015, envolveria não apenas custos mais baixos, mas também maior agilidade e inovação. Então, por que tantas surpresas? Com até 47% de todo o orçamento de nuvem sendo subutilizado segundo pesquisas, é sensato considerar adotar uma estratégia de repatriação de workloads, indo na contramão da tendência dominante.
Como disse Peter Drucker, "a cultura devora a estratégia no café da manhã". Não importa o quão detalhada e sólida seja a sua estratégia de nuvem, se as pessoas que a implementam não absorverem a nova cultura e não mudarem sua maneira de pensar em relação aos seus workloads. Quando as empresas não se transformam e simplesmente executam suas cargas de trabalho e conjuntos de dados usando os mesmos padrões de suas antigas infraestruturas, isso certamente tem um impacto negativo no custo. Aqueles que tentaram usar a nuvem apenas como um hospedeiro para suas cargas de trabalho e negligenciaram a otimização para sua nova configuração acabaram enfrentando contas muito mais altas do que o esperado. Além disso, não colheram benefícios tangíveis dessa mudança.
Toda essa ansiedade fez com que hoje esteja ocorrendo um movimento em algumas empresas que o MIT Technology Review Brasil chamou de "o anticloud", se referindo a repatriação de dados, onde algumas empresas estao optando por reduzir sua dependência da nuvem e trazendo certas cargas de trabalho de volta para infraestruturas locais (on-premise) por uma variedade de razões.
De acordo com um estudo recente realizado pela Citrix , 42% das organizações pesquisadas nos Estados Unidos estão considerando ou já transferiram pelo menos metade de suas cargas de trabalho que estavam na nuvem de volta para infraestruturas On-premises (locais). Os motivos mais comuns para os projetos de repatriação foram relacionados à segurança, custos inesperados, problemas de desempenho, problemas de compatibilidade e problemas de inatividade de serviço. A pesquisa, que questionou 350 líderes de TI nos Estados Unidos sobre suas estratégias atuais de nuvem híbrida, mostrou que 94% dos entrevistados estiveram envolvidos em um projeto de repatriação da nuvem nos últimos três anos.
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Se hoje, mais de 94% das grandes organizações já possuem cloud e uma estratégia de cloud computing, 58,7% de todos workloads ainda estão em infraestruturas tradicionais On-premises. E essa proporção, de acordo com Gartner for IT entre cloud e on-premise só deve se inverter em 2025.
É evidente que os líderes de TI continuam buscando o equilíbrio adequado entre as cargas de trabalho a serem colocadas na nuvem e aquelas em infraestruturas locais (on-premises). Embora os provedores de nuvem possam estar perdendo algumas cargas de trabalho e conjuntos de dados, isso não representa uma redução nas massas de dados nos grandes hyperscalers, pois estes dados nunca deveriam ter sido armazenados na nuvem. As empresas estão, em realidade, realizando ajustes para algumas aplicações e conjuntos de dados que não deveriam ter sido migrados para a nuvem.
O estranho seria se perpetuassem na estratégia sem sucesso, concordam? Esse course-correcting é necessário para que a nuvem seja utilizada em seu potencial máximo para aquilo que realmente faz sentido - as aplicações modernas (utilizando serverless, containers, clustering etc). A nuvem ainda é a plataforma mais conveniente para construir e implantar novos sistemas, como inteligência artificial generativa, e também oferece o que há de mais recente e melhor em praticamente tudo.
Devemos mudar a ideia de que a nuvem é um lugar e entendê-la como um modo de consumo de tecnologia, com flexibilidade e favorecendo a experimentação, o uso de novas tecnologias com métodos ágeis, buscando inovação e valor para o negócio. Com demandas em constante evolução e mudanças inesperadas de prioridades, as empresas precisam de um modelo que lhes permita dimensionar os recursos conforme necessário, mantendo a segurança, conformidade e desempenho empresarial.
Em meio à crescente complexidade tecnológica, a jornada rumo à nuvem é repleta de desafios e descobertas. A repatriação ou o "anticloud" emerge como um reflexo das lições aprendidas e das necessidades constantes de transformação das organizações. Essa estratégia não é uma narrativa de declínio, mas sim, uma estratégia de adaptação e refinamento. A nuvem continua a desempenhar um papel crucial, oferecendo uma plataforma ágil e inovadora para a construção e implementação de soluções. Já passou da hora de transcendermos a concepção tradicional da nuvem como infraestrutura (commoditie) e abraçar sua verdadeira essência: um modelo dinâmico de consumo de tecnologia, impulsionado pela flexibilidade, experimentação e voltado para trazer valor agregado ao negócio.
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7 m"A Nuvem" ou "cloud computing" é um desafio que toma proporções maiores diante da falta de conhecimento e que tem efeito em cascata. Reflete uma mímica de mercado e de comportamento humano. Existem muitos profissionais que surfam na trending ou no hype. E que vão defender veemente essa ou aquela posição inflando uma tomada de decisão desde que: eles não paguem a conta ou tenham que botar a mão. Risos. Exagerando seus benefícios e subestimando os riscos. É grave por diversos motivos. "Há.. mas está todo mundo indo para a nuvem!" - Ok. Entendo isso. "E quem está na nuvem? Está indo para onde?" É muito delicado mudar opiniões baseadas em emoções e crenças. Sou anti-nuvem? pró-nuvem? Nem um. Nem outro. São recursos e como tais tem de saber usar para que sejam economicamente viáveis e que tragam segurança para a empresa ofertar produtos e o consumidor em adquirir.
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8 m1. Quais são os exemplos de custos não previstos relatados pelas empresas? 2. Esses custos não previstos é a maior dor (TOP1) da repartriação?
Strategic Markets Network Practice Associate Director Business Operations
8 mMuito bom, Joyce. Um problema pouco comentado é para onde está indo o que está saindo da cloud? Existem algumas alternativas. Se a empresa ainda tem o DC onde estão suas aplicações antigas, pode ser que esse DC esteja velho e desatualizado, pois como a estratégia era ir para cloud a modernização do DC foi deixando de acontecer. Outra alternativa é migrar para um provedor de co-location, onde a empresa aluga uns metros quadrados de piso elevado num DC e instala alí o que precisa. Há também o provedor de cloud mais simples que só oferece uma máquina virtualizada num ambiente compartilhado. Na hora de escolher a melhor alternativa é necessário pensar em onde ficarão os dados e ter o mapa de aplicações com suas interdependências. Finalmente é bom ter um conhecimento profundo do que cada cloud oferece. Além das questões técnicas também pensar em como otimizar sua compra de cloud para não sair comprando um monte de coisa que não usa. Cloud pode ser uma ótima opção e repatriar pode ser uma boa estratégia.