Por que gostamos do Espelho?
Assistindo o filme da Disney com minhas filhas, fiquei observando porque gostamos tanto do espelho. Mas o que o “Espelho, espelho meu” tem a ver? Muita coisa. Pra começar, o fato de a Rainha Má falar com o espelho na história da Branca de Neve. A fala é o gesto que nos faz existir como sujeitos, é uma vontade de afirmação, vontade de existir tão marcante quanto se olhar no espelho. Por isso que somente monstros se olham no espelho e não vêem seu próprio reflexo. Complicado? Pense no papel simbólico do espelho. Da importância que todo vaidoso dá ao espelho. É nessa superfície reflexiva que notamos se o cabelo está desarrumado, a maquiagem borrada ou se há restos daquele cachorro quente gorduroso no canto da boca. Se arrumar perante o espelho é aprimorar uma imagem da identidade, é ajeitar aquilo que entendemos como um “Eu”. Não é à toa que a primeira pessoa do singular é o “Eu”. Por que não o “Tu’ ou o “Ele”? Ou mesmo por que não começamos a lista de pronomes a partir da primeira pessoa do plural? A resposta está no fato de que o “Eu”, seja na língua portuguesa, seja em tantas outras, é o princípio pelo qual identificamos a nós mesmo. “Eu sou eu, eu sou aquilo que eu entendo que sou”. O “Espelho, espelho meu”, tem muitas coisas para nós ensinar. Pense nisso!