Por que implementar um Conselho Consultivo - sua função e valor
É uma realidade que no cenário atual a capacidade administrativa dos gestores das organizações deve ser complementada para que a empresa possa navegar sem percalços no cenário econômico, politico, geopolítico, tecnológico, regulatório, social, ambiental e de governança de forma a cumprir seu principal objetivo: produzir os resultados desejados pelas partes interessadas - stakeholders. Diante desse cenário, surge a função do conselho consultivo como aliado do C-level das organizações.
Conselho consultivo: conceito e formação
O conselho consultivo ao contrário do conselho de administração não é uma exigência legal para empresas de capital fechado. Tais empresas, portanto, não são obrigadas por lei a constituir um conselho, seja ele consultivo ou de Administração. No entanto, o conselho consultivo pavimenta caminhos para melhoria nos resultados, facilita acesso a recursos e contribui para a longevidade e sustentabilidade do negócio. O Conselho consultivo, se bem formado, é um grande aliado do C Level das organizações aliviando a carga frequentemente pesada do executivo.
... o principal fator de sucesso de uma empresa é a capacidade de sua administração de planejar e controlar suas atividades. Essa noção indica que a administração somente justifica sua existência quando é verdadeiramente capaz de planejar e controlar de modo a dominar o destino da empresa a longo prazo. A base do planejamento e controle de resultados, portanto, é a de confiança absoluta da administração em sua capacidade de estabelecer objetivos realistas para a empresa e conceber meios eficientes de alcançá-los. (J. Welsch).
O Conselho Consultivo muitas vezes é o primeiro passo dado por empresas fechadas para fomentar a adoção das melhores práticas de Governança Corporativa (IBGC).
Esse conselho não tem poder decisório, nem integra a administração. Ele não é deliberativo, apenas aconselha e propõe recomendações que podem ou não ser aceitas pelos administradores.
Pontos importantes a observar na formação dos conselhos:
· Os conselheiros devem ser escolhidos com base em suas qualificações técnicas especificas, visão estratégica, alinhamento e comprometimento com os princípios, valores e código de conduta da organização, capacidade de comunicação e de defender seu ponto de vista, conhecimento das melhores práticas de governança corporativa, networking entre outros.
· É fundamental que tenha sua independência seja preservada, para que possam expor suas opiniões de maneira isenta e sem interferências e interesses específicos de stakeholders.
· São desejáveis profissionais com trajetórias profissionais diferentes e dos executivos da empresa , mas que possam complementar o seu conhecimento. Também é importante que eles já tenham passado por experiências com o empreendedorismo, empresas de vários portes em negócios ligados de alguma forma ao propósito da organização .
· É importante que o seu Conselho Consultivo seja formado por um número ímpar de empreendedores, assim as decisões poderão ser tomadas de forma objetiva, sem empates.
· A experiência do conselheiro conta, mas não é suficiente. Cargos executivos de liderança não garantem o sucesso em conselhos: é preciso se preparar para a função; se identificar com os valores da empresa; e, acima de tudo, estar pronto para atuar como mediador de conflitos e trabalho me equipe.
· Deve se reunir periodicamente para analisar as realizações atuais da empresa e traçar novas estratégias para o futuro, criando uma cultura de eficiência para o seu negócio.
· Um bom Conselho atua de maneira conjunta e paralela aos sócios da empresa para identificar as melhores práticas para a administração do negócio, definir estratégias e verificar o engajamento da equipe de trabalho.
· Avaliação continua: Essa é a atividade que mais exige maturidade em um conselho, porém e a melhor forma garantir a eficiência. E, sem ela não há renovação. E renovar membros que não atendam ao propósito da empresa é vital. Alguns itens avaliados são a produtividade e o engajamento do conselheiro Os conselheiros se avaliam entre si e também o todo, sendo que em algumas organizações o executivo da empresa pode avaliar também.
· Os membros de um Conselho Consultivo acompanham a evolução da empresa e, por isso, atuam de forma mais benéfica do que um mentor esporádico.
Motivação para implementação do Conselho Consultivo
Os conselhos consultivos são indicados para empresas maiores como um estágio inicial na adoção de boas práticas de governança corporativa e também para pequenas e médias empresas como um suporte a gestão e tomada de decisões. Ou seja, não há limitação de porte da empresa apenas a maturidade e entendimento da função do conselho. Podem também ser estabelecidos em momentos críticos da trajetória de uma empresa.
Dentre as diversas as motivações para a implantação de um conselho consultivo podem-se listar:
· Buscar alguém de fora da organização para dar um ‘refreshment’, trazer um ar de inovação e de coisas que funcionam em outras empresas.
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· A empresa não tem processos definidos e não tem disciplina para seguir ou preparar os processos de governança corporativa, planejamento estratégico, controles financeiros, ESG, dentre outros.
· A empresa está passando por um momento de expansão e crescimento ou está passando por uma crise.
· Possui sócios ou C-level com perfis e competências muito semelhantes.
· A tomada de decisões, tanto estratégica quanto do dia a dia, é feita de forma totalmente intuitiva, sem o apoio de análises ou reflexões mais profundas.
· A empresa está em processo de captação e recursos ou abertura de capital (IPO “initial public offering” )
Benefícios e valor do Conselho Consultivo
Através de uma visão abrangente e aprofundada, como a oferecida pela pelos membros de um conselho bem estruturado , é possível aperfeiçoar a governança de forma integrada e colocar a organização em um novo patamar.
Alguns pontos importantes:
· Na comparação com o Conselho de administração, o custo é bem menor. Isso porque muitos profissionais gabaritados, com mestrado, doutorado ou experiência internacional, se oferecem para serem consultores como forma de ingressar nessa carreira.
· Contribui com expertises e experiências complementares às dos sócios e ajuda no desenvolvimento pessoal e profissional dos executivos e, também, no treinamento da futura geração de líderes para a sucessão.
· Atua como um fórum de opiniões sobre o desempenho da empresa e alternativas estratégicas.
· Sinaliza boa governança para acionistas, funcionários, fornecedores, instituições financeiras e órgãos governamentais, e promove a sustentabilidade da empresa e a geração de valor no longo prazo.
· Apresenta diversidade de opiniões e independência.
Riscos e desafios
O maior entrave para a implantação de conselhos consultivos nas empresas brasileiras é a falta de informação. Dessa forma, a busca do entendimento e demandar o tempo necessário para estruturação de um com conselho consultivo é fundamental para seu sucesso e da organização .
Cuidado adicional deve ser dado para que o conselho tenha sua independência zelada, para que possa expor suas opiniões de maneira isenta e sem viés.
Empresas de consultoria prestam o serviço de um conselho consultivo pronto e à disposição quase que imediata. Entretanto, muito cuidado é necessário, uma vez que se fala em efetividade e performance do conselho, não existe uma receita ou um modelo pronto que vá funcionar para todos os negócios e organizações. Dessa forma, pode-se incorrer no erro de prática de gestão “conselho que não aconselha”.
“O conselho que não aconselha é aquele que age como figura decorativa, apena como símbolo de status, sem atuação efetiva. Algumas empresas contratam os chamados ‘notáveis’ para fazerem parte do conselho sem a preocupação com a governança, mas apenas com a imagem. Também vemos conselheiros atuando demais no campo operacional como se executivos fossem, portanto, sem aconselhar.” (IBGC ;K.Stumer ).
Conclusão
O conselho consultivo é uma ferramenta importante para a gestão de organizações de todos os portes. Por meio do conselho consultivo, negócios que desejam começar a implementar práticas de governança corporativa ou mesmo se atualizar, podem ter o direcionamento que necessitam, com o apoio de uma equipe especializada. O Conselho consultivo tem baixo custo, flexibilidade para implantação, avalição e mudança de seus membros o que o torna uma forma competitiva de levar a empresa a um outro patamar de governança e gestão capturando todos os valores inerentes a essas práticas.