PORQUE FAZEMOS O QUE FAZEMOS @SHANGIEXPERIÊNCIAS
Sempre há um motivo para fazermos aquilo que fazemos, e quando estamos conectados com nossas necessidades, interesses e desejos, é impossível fechar os olhos para isso. O que não tem substância perde a graça, fica sem cor, gosto e acaba não nutrindo.
É como um pastel de vento, que você olha por fora e parece apetitoso, mas quando você o morde, percebe que não serve para nada além de ocupar espaço. Por muito tempo, o pastel de vento foi suficiente e você o comeu sem questionar, mas quando a consciência surge e permanece dia a dia, o sem nutriente não serve nem para ocupar um espaço que antes ocupava.
Tá, o exemplo do pastel pode não ter sido o melhor, mas a ideia é essa. Vamos imaginar o lance do pastel com todas as outras coisas, pessoas, situações e escolhas que nos envolvem todos os dias.
Afinal, a busca por um sentido está por todo lado, nas escolhas mais simples como pensar duas vezes se precisa imprimir ou não um documento, não usar canudinho ou escolher alimentos e hábitos saudáveis como também em situações mais profundas como o local escolhido para as férias, as pessoas que frequentarão sua casa e seu trabalho que passa a ser um legado.
Esse caminho pode ser um pouco diferente do que você está acostumado, principalmente em um mundo onde pessoas comem pastel de vento como se fosse o melhor pastel do mundo. E ao perceber que algumas coisas não cabem mais, você pode se sentir incompreendido, um peixe fora d´água. Isso faz parte dessa transformação… mas você não está só. Da mesma forma que você desperta, outros também estão no mesmo caminho.
Momento do desabafo: Algumas (muitas) vezes sinto que me tornei uma daquelas pessoas chatas que não veem graça em certos tipos de brincadeiras, principalmente aquelas que ferem alguém sem maldade ou não servem para nada — são pastéis de vento. E por mais que eu tente, não tenho mais muito assunto com pessoas que continuaram a escolher seus mundos pequenos. Sim, cada um é livre para escolher da sua forma, não há um certo ou errado, mas em muitas situações não consigo mais, e isso também é liberdade.
Então, estamos juntos!
Alguns anos atrás, enquanto falava para uma amiga sobre uma viagem de férias que queria fazer — e com certeza era para me conectar de alguma forma e não apensas sair de férias, ela me disse: “- tudo o que você faz precisa de profundidade?”, e a reprovação daquela pergunta perdeu espaço para uma resposta quase que automática e cheia de certeza: SIM. As sensações que vieram com essa resposta são impossíveis de descrição. Ainda bem que sim!
Porque a vida seria muito vazia se as escolhas fossem só escolhas sem a profundidade que cabe a elas… e que damos a elas!
Por essas escolhas e pela busca por nutrientes para a vida que seguimos esse caminho…
Dei os passos que dei para chegar aqui, só para continuar essa jornada e dar passos cada vez mais direcionados e distantes. Os limites se expandiram, assim como o caminho do sentido toma cada vez mais forma — que não carrega nenhuma rigidez e pode ser o que for diante de cada situação.
E no trabalho foi a mesma coisa. Quando olho para tudo o que construímos ao longo desses 5 anos, percebo que se a empresa não for um organismo vivo e seguir nossas transformações internas, ela morre.
Em 2018 renascemos com um propósito maior e conciso de transformar vidas por meio de experiências que também nos transformam.
Em Maio fizemos um projeto piloto de uma travessia de 100km em estilo de peregrinação com alguns amigos que toparam o desafio de experimentar algo diferente, e o resultado foi muito maior do que esperávamos. É contínuo, porque a experiência permanece, mesmo depois de quase 6 meses… mesmo depois de tantas outras experiências que nos envolvem.
E é por isso que fazemos o que fazemos. Para transformar! Para construir… no outro e assim, também em nós.
Termino esse texto com um depoimento emocionante da Adri, que foi participante desse piloto. E aqui mesmo me despeço, para que você tire suas próprias conclusões…
“Há quase seis meses junto com mais 9 pessoas eu segui para o estado do Espirito Santo com o objetivo de percorrer 100 km de Vitoria a Anchieta. Esse era uma espécie de piloto da Shangi, conduzido por Vanessa Caramelo. Confesso que não tinha expectativa que essa experiência mudaria completamente meu jeito de caminhar na vida. Cheguei nada confiante de concluiria os 100 km então o que conseguisse já estaria no lucro.
Ao sobreviver ao primeiro dia, depois de percorrido 25 km e sabendo que o segundo dia seria o mais difícil, pois seriam 28 km praticamente todo na areia da praia, eu não tinha a menor intenção de chegar até o fim, só precisava me manter viva. No segundo dia começamos por vota das 7h da manhã e logo bateu o desespero, eu olhava para o lado e todos pareciam dar os passos com uma facilidade muito maior que a minha, e quanto mais é olhava para o outro, mais eu me distanciava de mim e ficava para traz, por um instante comecei a chorar de desespero. Por um instinto de sobrevivência, tendo a consciência que meu dia seria longo e que precisaria reunir forças, foi quando por um minuto olhei para mim, olhei só para mim e tomei a decisão de que ali precisaria ficar só comigo, se não o fizesse sabia que não iria concluir o percurso.
Escutando meu corpo, meus medos, identificando meus limites, descobri que não podia comer a mesma quantidade que as outras pessoas porque isso me deixava mais lenta, descobri que apesar do recomendado é fazermos paradas e alongamento, sempre que o fazia isso tornava mais difícil continuar, descobri que a dor era grande, mas que se eu caminhasse bem devagar e sem parar os músculos me obedeciam, descobri que a música era minha aliada, que a música como sempre na minha ajudava, me levava pra dentro de mim que era tudo que mais precisava naquele momento, me observar, estar comigo e me escutar, assim como em tantos outros momentos da vida que não o fiz.
Durante toda minha vida, por ser curiosa do autoconhecimento ou por ser psicóloga tive a oportunidade de passar por vários processos psicoterapêuticos e quantos foram os momentos em que observei a necessidade de olhar para mim, de descobrir meus limites e potenciais sem me comparar com o ritmo do passo do outro. Seja na dificuldade escolar que me levou para a psicoterapia aos 6 anos de idade, seja no processo de amadurecimento da vida adulta que me desafio ao encontrar o meu lugar no mundo.
Por mais avanços que tive nesse processo reflexivo, foi só na experiência da caminhada, de chegar ao limite, de estar concentrada totalmente em mim, de seguir no meu ritmo, que não importava se o outro concluiu os 28km em 4h e levei 11h, as mais longas da minha vida, com dor, foi só ali que descobri o acalento de estar comigo.
Foi só ali que descobri que vou viver vários dias de praia na minha vida, ou períodos como este dia, e agora eu tenho onde buscar forças para continuar a caminhar, em mim e só em mim, basta descansar, um pouco, concentrar-se e prosseguir, sempre.
Hoje consigo caminhar na vida do meu jeito, minhas escolhas têm a ver com quem eu sou e não com o que recomendado fazer, eu posso até mudar a rota, mas caminhada será minha, e por mais que outras pessoas estejam comigo, só eu poderia determinar a maneira, o ritmo e o destino.
Nesse momento de vida encerro um ciclo muito importante para mim e antes de iniciar outro vou passar por essa experiência novamente, com novos desafios, e limites a serem transpostos. Oficialmente com Shangi Experiências e Mude a Rota
Ps: gratidão pela amiga Vanessa Caramelo Rosolino q me ajudou nesta jornada de encontro comigo mesma desde 2016. Gratidão a amiga Alessandra Palmieri Do Nascimento que foi o maior presente que trouxe dessa jornada de 100km e dividiu a emoção dessa foto comigo. E gratidão ao amigo Cleber Moschini q com sensibilidade soube capturar por meio dessa foto, a emoção de encontrar a Ale no final dos 100km. E Vcs três estarão comigo d novo.❤❤❤”
@Artigo escrito em maio de 2018 por Vanessa Caramelo Rosolino
@Todas as fotos são próprias