POSVERDADE

Após o processo de eleição de Donald Trump conceitos como este invadiram os meio de comunicação e todos os espaços sociais, dando ideia que está aceite construir supostos factos em cima de mentiras, algumas nada elaboradas. Por exemplo, um site de um americano escreveram-se durante a campanha coisas como "Hillary Clinton sofre de Parkinson" confrontado com o facto de nunca ter falado com ela ou alguém próximo dela, afirma que ela teve uma tontura a entrar para o carro e portanto para ele é Parkinson e mais de 50 milhões de pessoas viram esta afirmação e muitos deles assumiram ser verdade e votaram em conformidade, votaram Trump.

Escuso-me indicar todos os factos que estiveram por detrás da eleição americana, apenas me parece crucial abordar este tema de um ponto de vista da cidadania, aliás único parâmetro que me importa e para o qual posso deter algumas competências. Por isso, uma reflexão ligeira sobre estes temas, têm que ir sempre beber alguma ideia ao que eu acho que são a causa deste fenómeno.

Em primeiro lugar as mudanças nos meio de comunicação clássicos com a concentração e a mudança do paradigma: não interessa dar às pessoas o que elas precisam, mas sim o que elas querem. O que precisam é de informação/notícias medidas por jornalistas que seguem códigos próprios que assentam na verdade e no contraditório. O que elas querem é panfletos em vez de jornais, entretenimento em vez de educação.

Um dos factores que está na base destas mudanças de percepção das massas, está ligado a uma mudança radical nos valores e princípios da organização social e do conceito de família, grupo ou comunidade. Por exemplo, a maioria das pessoas que lê e partilha suposta informação de sites ou blogues, logo sem a mediação de um jornalista não é inculta, velha ou agarrada a supostos passados de autoridade e/ou autoritarismo, são jovens adultos, bem educados com formação superior e que dominam as novas ferramentas das redes sociais como ninguém. Portanto, a educação parece não funcionar como crivo para um entendimento verdadeiro dos fenómenos sociais. Assim, o que nos resta? Bom, só existe um meio para se chegar a um fim, onde as pessoas assumam que o que têm em cima dos ombros serve para mais coisas do que seguir tendências, qual rebanho de borregos ou ovelhas que seguem o carneiro para todo o lado e esse meio é uma contra-cultura. É fácil? Não. É rápido? Não. Mas só nos resta isso, tentar por todos os meios esclarecer através da verificação das fontes o que é verdade e o que é outra coisa qualquer.

Pressionar os meio das redes sociais para que não permitam que os seus algoritmos estejam ao serviço dos manipuladores, é um começo. Porque acima de tudo, trumps existem em todo o lado e se o sistema americano tem filtros e e almofadas de defesa do direito e da liberdade, na Europa a coisa muda de figura e por isso não podemos aceitar que amanhã tenhamos pela frente alguém parecido.


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