Produtividade e Qualidade no Brasil

Produtividade e Qualidade no Brasil

A execução de uma tarefa, qualquer que seja ela, para que seja feita com boa qualidade – ou seja, com todos os princípios técnicos pertinentes aplicados e assegurados – e com produtividade – ou seja, a tarefa deve ser completada em um tempo mínimo necessário que assegure a sua rentabilidade econômica.

Esses dados mostram duas coisas distintas mas igualmente importantes:

  1. A produtividade de um brasileiro corresponde a 25% da de um norte americano. Ou seja, são necessários quatro trabalhadores brasileiros para produzir o equivalente a um norte americano. Considere-se no conceito que “produtividade” é a forma de medir a quantidade de recursos financeiros, físicos e humanos utilizados e a quantidade de saídas produzidas. De uma forma mais simplificada, normalmente divide-se o PIB do País por sua força de trabalho, calculando o valor agregado ao PIB por cada trabalhador.
  2. Uma segunda constatação no gráfico acima é a evolução dessa produtividade entre os diversos países.

Os dados referem-se ao período 1950 a 2015.

Os Estados Unidos partiram de um número de US$ 40,000.00 e cresceram de forma bastante regular até os US$ 118,826.00 de 2015. Verifique que foi uma ascensão sem sobressaltos.

Praticamente não há momentos de baixa!

Se olharmos para a Coreia do Sul veremos que ela parte de um valor praticamente nulo em 1950 e cresce vertiginosamente até 2015, também sem solavancos.

Por fim a China, que parte praticamente do zero, e que a partir dos anos 80 inicia uma subida consistente. Trata-se hoje da segunda economia do mundo, em PIB. O gráfico mostra o per capita, que é bem menor diante da população do País, que é o divisor da conta.

Resta olhar para o Brasil. Parte em 1950 de um patamar razoável. Mas nesses 65 anos sequer dobrou o valor.

É de longe a linha mais irregular do gráfico e mostra, de 1980 a 2015 um valor praticamente estável.

Muitos fatores podem ser utilizados para explicar esse fato. Infelizmente parece que poucos deles têm sido tratados com a seriedade necessária.

A boa produtividade é atingida quando um processo eficaz é operado por um trabalhador bem treinado.

Temos então, e sempre, uma combinação de processos e pessoas.

Se a produtividade (ou a qualidade) é baixa, podemos suspeitar inicialmente da ausência de um processo estabelecido.

Sendo assim, cada vez que um problema ou tarefa se apresenta para resolver, é necessário pensar desde o início, por trilhas já percorridas, o que leva cada trabalhador a seguir seus próprios caminhos – ora melhores, ora piores – ou também, no trabalho de equipes, a mesma tarefa a ser executada de formas diferentes – e nem sempre compatíveis!

Fica clara então a necessidade de um “Processo” estabelecido.

Mas consideremos que exista um processo.

Vem então a segunda causa possível:

Ocorre que um processo de trabalho só cumpre seus efeitos se for aplicado corretamente.

Estamos agora diante da necessidade de treinar os trabalhadores no processo que devem executar.

Independentemente de discutirmos todas as variáveis que se apresentam no tema treinamento – curva de aprendizado, base cultural dos treinandos, diferentes métodos de transferência de conteúdo, etc. é certo que os trabalhadores precisam conhecer bem o processo de trabalho, o que seria o “C” do conhecido CHA, praticarem o suficiente até terem sua habilidade consolidada, que seria o “H” e finalmente terem sempre uma atitude proativa para com o trabalho, o que seria o “A”.

Mas, finalmente, consideremos que exista um processo e que os trabalhadores estejam treinados e praticando-o  adequadamente.

E ainda assim não temos bons resultados.

Ocorre então a terceira possibilidade: O processo de trabalho não é bom!

Especialistas nesse tema destacam que para se criar um bom processo de trabalho são necessários alguns cuidados, como por exemplo:

  1. Comunique a todos que um processo está sendo desenvolvido. Essa informação, com clareza, leva a contribuições importantes de todos os envolvidos.
  2. Centralize a coordenação desse trabalho – muitos podem opinar mas alguém deve decidir.
  3. Assegure-se de que o processo acrescenta “valor para o cliente”.
  4. Alinhe o processo com a estratégia corporativa da empresa.
  5. Mapeie e documente cada etapa cuidadosamente.
  6. Implemente o processo, com sua necessária comunicação e treinamento.
  7. Monitore os resultados para a melhoria contínua do processo.

Assim, resumindo:

  1. Não há um processo
  2. Não há treinamento no processo
  3. Não se tem um bom processo

A um gestor esse diagnóstico é a base de um bom trabalho.

Identificada a verdadeira causa do problema, mãos à obra!

Nenhum problema resiste a um pouco de inteligência e muita determinação.

Redijo estas linhas com base na experiência de consultor que constatou em inúmeras empresas a ausência de um processo para grande parte das tarefas.

O processo é propriedade da empresa que, ao contratar um gerente ou colaborador, deve submetê-lo ao processo da empresa, o que não significa que o novo colaborador não possa contribuir para melhorá-lo.

Mas encontra-se, e com frequência, empresas onde um gerente é contratado para fazer as coisas à sua maneira!

E a cada troca de gerente tem-se a troca do processo porque cada um deles traz consigo “o seu jeito próprio de fazer”.

Obviamente isso pode ser melhorado!

Paulo Lane

Gestão de Produto e Marketing

6 a

Osmar. Muito boa reflexão. O princípio propagado por Phil Crosby "Quality is free" há mais de 20 anos, se aplica diretamente. Não ter processos claros e estabelecidos é que custa - retrabalho, baixa produtividade, não conformidade, etc. Processos implementados custam menos do que a ausência deles.

Jacson Duarte

MBA Gestão financeira e controladoria PUCRS / Pós venda automotivo/ Peças e serviços / Gestão de equipes/ Planejamento orçamentário /Gestão de resultados/ Analista comportamental/desenvolvimento de novos serviços.

7 a

Ótima percepção sr Osmar o que ocorre na cultura do brasileiro na minha visão é que a preocupação com o mundo dos custos , acaba nublando a visão no mundo dos ganhos acabamos olhando custos de treinamentos processos e não percebendo o quanto isso vai somar na qualidade e eficiência do trabalho e como consequência um lucro maior a longo prazo ...ótimo texto .

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