Qual é a diferença entre a aquisição e a aprendizagem de um idioma?
Você sabia que o desenvolvimento do bilinguismo está na pauta da educação brasileira desde 1809? Foi quando Dom João VI assinou um decreto que determinava a criação das disciplinas de inglês e francês nas escolas do país. De lá para cá, o ensino de idiomas ganhou tração.
Em 2020, finalmente, a língua inglesa tornou-se obrigatória nas escolas – o que se justifica pela crescente demanda de profissionais bilíngues no mercado de trabalho, especialmente na área de tecnologia, turismo e até mesmo educação.
Mesmo com as políticas públicas favoráveis ao bilinguismo, ainda há muito esforço a ser feito para ampliar a parcela da população que é fluente no inglês, o idioma da globalização – número que, segundo o British Council, é de apenas 1%. Reverter esse cenário é possível, desde que se preze pela melhor maneira de desenvolver a capacidade e possibilidade de acesso ao ensino na língua inglesa. Daí a importância de saber a diferença entre aquisição e aprendizagem de um novo idioma.
Para saber mais, continue lendo este guia exclusivo para a comunidade Twice.
Índice
1. Aprendizagem x Aquisição de um idioma
1.1 Aprendizagem de um novo idioma
1.2 Aquisição de um idioma
2. Idade ideal para a introdução ao bilinguismo
3. Construção do bilinguismo na escola
4. Papel das escolas bilíngues na aquisição da segunda língua
5. Importância dos testes de nivelamento na educação bilíngue
5.1 Padrão ACTFL
5.2 Eficácia comprovada no Brasil
1. Aprendizagem x Aquisição de um idioma
Você sabe o que é aquisição de idioma? Tudo bem não saber. Afinal, o termo não é tão conhecido. Mas o fato é que há, sim, uma diferença entre aquisição e aprendizagem de idioma. A distinção foi proposta pela primeira vez pelo linguista americano Stephen Krashen na obra “Second Language Acquisition and Second Language Learning”, publicada em 1981.
1.1 Aprendizagem de uma segunda língua
Na construção do bilinguismo, a aprendizagem foca em gramática e ocorre por meio de aulas guiadas e orientadas. Aqui, o estudo da língua estrangeira é consciente e usa o idioma materno como base para a construção do conhecimento, com a tradução servindo de ferramenta em momentos pontuais.
A estratégia é a mais utilizada nas instituições do Brasil, em que o ensino do inglês é obrigatório a partir do 6º ano – porém, existem escolas que inserem a língua nas séries iniciais. A mudança foi aprovada em 2018 como parte da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que entrou em vigor em 2020. O documento não estabelece parâmetros de avaliação nem nível de proficiência a ser atingido por crianças e adolescentes.
1.2 Aquisição de um segundo idioma
Ao contrário da aprendizagem, a aquisição de um novo idioma vai além do mero domínio de regras gramaticais e está diretamente relacionada com o desenvolvimento de fluência e da capacidade de comunicação. Isso porque a estratégia é baseada na imersão dos estudantes no idioma e na cultura em que é nativo, o que permite a assimilação natural, de forma semelhante à que ocorre com a língua materna nos primeiros anos de vida.
É importante ressaltar: Krashen afirma que não há aquisição sem aprendizagem. Afinal, para atingir o bilinguismo, um indivíduo precisa estudar todos os aspectos sobre um idioma, sejam eles relativos à gramática ou às habilidades comunicativas.
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2. Idade ideal para a introdução ao bilinguismo
A aplicação das estratégias de ensino deve ser combinada com a introdução precoce da segunda língua no cotidiano dos alunos. Afinal, segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), após os dez anos de idade a capacidade de aprendizagem de um novo idioma diminui. Já durante a primeira infância, as crianças costumam ter maior facilidade na tarefa, em especial na aquisição de um sotaque nativo, devido à elevada neuroplasticidade.
Nos anos iniciais de vida, assim como nos seguintes, o desenvolvimento da fluência é incentivado pelo uso do idioma em um contexto de socialização. Portanto, um ambiente lúdico e capaz de promover a interação é essencial para atingir os objetivos da instituição de ensino. E sabia que a própria construção do bilinguismo tem seus benefícios? Pois é, o processo contribui para o desenvolvimento de habilidades como adaptabilidade e consciência metalinguística.
3. Construção do bilinguismo na escola
A aquisição de uma língua demanda prática. Por isso, não basta estudar um novo idioma no ambiente escolar, em que há limitação de carga horária, especialmente nas instituições regulares. A característica pode reduzir a participação dos alunos nesses espaços, já que os professores costumam precisar cumprir os conteúdos abordados nos materiais didáticos disponíveis, nem sempre sobrando tempo para demandas complementares.
Uma alternativa para melhorar o desenvolvimento do bilinguismo é usar metodologias ativas, que engajam e estimulam a participação dos alunos, além de gerarem diálogos na segunda língua. A Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) é um exemplo e consiste na simulação de situações do cotidiano e na resolução de problemas por parte dos alunos.
A estratégia também depende de profissionais qualificados. Porém, segundo levantamento do Observatório Ensino da Língua Inglesa publicado em 2021, apenas 29,4% dos 172 mil professores de língua inglesa das redes pública e privada contam com formação no idioma. Nesse cenário, as escolas bilíngues surgem como opções seguras, já que requisitam comprovação de proficiência dos docentes por meio da apresentação de diplomas e certificados no TOEFL, por exemplo.
4. Papel das escolas bilíngues na aquisição da segunda língua
Presta atenção nesse dado: o Brasil está na 58ª posição no ranking do EF EPI sobre proficiência em inglês, ficando atrás de países vizinhos como Argentina, Bolívia e Chile. O cenário não surpreende. Afinal, faltam docentes capacitados e há sobrecarga dos profissionais, que, conforme o levantamento do Observatório Ensino da Língua Inglesa, lecionam, em média, para 12,7 turmas e geralmente em mais de uma disciplina.
Além disso, as metodologias usadas não costumam ser as mais eficientes. Se a aquisição de um novo idioma é beneficiada pela imersão no idioma, as escolas bilíngues apresentam as melhores condições para a tarefa. A formação pode ser alavancada nos próximos anos caso as Diretrizes para Educação Plurilíngue sejam homologadas. O documento caracteriza as diferentes instituições capazes de promover o bilinguismo e define padrões de avaliação, entre outros temas.
De forma geral, as escolas com programas bilíngues têm a função de construir um ambiente multicultural, em que os estudantes usam o idioma em todas as disciplinas e aprendem de maneira natural. Há outras características que facilitam a aquisição da segunda língua nesses espaços. São elas:
5. Importância dos testes de nivelamento na educação bilíngue
Para se certificar de que está oferecendo um ensino bilíngue de qualidade é preciso avaliar o desempenho dos estudantes. Isso significa a realização de um teste de nivelamento. De forma geral, trata-se de um método usado para descobrir o real domínio que o aluno tem do idioma.
Com base nos testes de nivelamento, as escolas conseguem:
5.1 Padrão ACTFL
No Twice, utilizamos o AAPPL Test. Trata-se de uma plataforma de testagem independente de proficiência em idiomas, baseada no padrão ACTFL (Assessment of Performance toward Proficiency in Languages).
Certificando mais de 70 mil estudantes por ano, o padrão ACTFL é correspondente aos níveis de proficiência do CEFR (Common European Framework of Reference for Languages) – que, por sua vez, é o referencial de língua estrangeira usado internacionalmente. Entre as competências discursivas avaliadas estão compreensão oral (listening) e leitura (reading); e expressão oral (speaking) e escrita (writing).
Eficácia comprovada no Brasil
Os testes comprovam a eficácia do AAPPL Test: em amostragem do Twice, sistema de ensino bilíngue aplicado em diversas escolas do Brasil, entre 70% e 80% dos alunos que fizeram o AAPPL Test tiveram avaliação bem acima da média.