Quem Fica com o Mico?
A Importância da Colaboração para Facilitar o Acesso de PMEs a Recursos
Antes da era dos computadores e smartphones, existia um jogo de cartas muito popular entre as crianças chamado Jogo do Mico. O objetivo era simples: formar pares de cartas com animais e evitar ficar com o "mico", a única carta sem par. Aquele que terminava com o mico na mão, perdia.
Acredito que o jogo não exista mais. Essa dinâmica, no entanto, ainda é bastante familiar no mundo dos negócios, especialmente nas cadeias produtivas. Muitas empresas concedem prazos de pagamento aos clientes, criando um descasamento de fluxo de caixa. Elas precisam "colocar o dinheiro" para produzir e entregar seus produtos, mas só recebem o pagamento mais tarde. Quanto mais vendem, mais precisam de recursos para manter sua operação, o que torna o acesso a esses recursos cada vez mais difícil e custoso.
O Desafio do Acesso ao Crédito para PMEs
O crédito continua sendo um grande obstáculo para muitas empresas, sobretudo para as pequenas e médias (PMEs). Com custos altos, excesso de burocracia e a falta de garantias, as PMEs frequentemente recorrem a fornecedores para tentar equilibrar o caixa, alongando pagamentos para compensar o longo prazo de recebimento de seus clientes.
Assim como no Jogo do Mico, as empresas tentam repassar o problema para seus fornecedores, mas nem todos têm a mesma capacidade de "devolver o mico". Enquanto grandes empresas conseguem negociar melhores prazos, as PMEs acabam sofrendo com as condições menos favoráveis, já que têm menos poder de barganha. Esse "jogo" de cartas marcadas é desigual e as PMEs sempre saem perdendo.
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Virando o Jogo: Soluções Inovadoras e Colaborativas
Sabemos que as PMEs são fundamentais para a geração de empregos e o crescimento econômico. Ainda assim, há um déficit global de mais de USD 4 trilhões em recursos disponíveis para elas. Isso demonstra que as soluções tradicionais de crédito simplesmente não são suficientes para atender suas necessidades.
É por isso que cresce a importância de soluções inovadoras como os programas de financiamento de cadeia produtiva. Esses programas permitem que as empresas compartilhem informações sobre suas transações, trazendo mais segurança aos recebíveis e facilitando o acesso a crédito para toda a cadeia.
O Brasil tem avançado muito nesse sentido. Iniciativas do Banco Central, como a digitalização, escrituração e o registro de duplicatas, estão tornando esses títulos mais líquidos e confiáveis. Isso cria um ambiente de maior segurança e facilita o acesso a recursos por parte de empresas de diferentes tamanhos.
A Importância da Colaboração
Para que esse avanço continue, é fundamental que as empresas trabalhem de forma colaborativa, compartilhando informações e criando um ecossistema mais equilibrado. Ao invés de tentar repassar o problema dos prazos longos de pagamento, as empresas podem atuar conjuntamente para resolver a falta de informações e criar mais oportunidades de acesso a recursos. A cadeia toda se fortalece se o elo mais fraco se fortalece.
Esse é o propósito da Seu Ativo : criar um ambiente onde todos saem ganhando, facilitando o acesso a recursos para todas as empresas da cadeia produtiva. Quando paramos de jogar com cartas marcadas e passamos a construir soluções colaborativas, o jogo realmente muda.
CONSELHEIRO | EMPREENDEDOR | CO-FOUNDER | CEO | COO
2 mVimos no Global SME Forum, patrocinado pelo IFC, que o problema apontado aqui não é um privilégio das terras Tupiniquins. Enquanto em alguns mercados mais desenvolvidos (e regulados), como na C.E.E., existem até limites para "empurrar o Mico", nos países em desenvolvimento esta relação é mais adversa. Em nosso Brasil, sempre descolado das médias, quando se fala em custos financeiros, as consequências são ainda mais perversas para os PMEs. Boas iniciativas para quebrar este circulo vicioso podem destravar muito valor nas cadeias produtivas. Vamos observar de perto.