A quem interessa o silêncio?

A quem interessa o silêncio?

Hoje cedo vi a live que a Renata Fernandes ✨ fez ontem no LinkedIn, no perfil dela, sobre um "toque" que recebeu, pelo fato de que ela - desempregada, 50+, sem rede de apoio - esporadicamente expõe sua situação no LinkedIn para tentar honrar seus compromissos, o que pode "pegar mal para os recrutadores" ou "fazer com que os recrutadores não a chamem". Para além de todo o absurdo da situação, trago algumas reflexões (que não se restringem ao caso da Renata, ela só falou):

  • Eu não consigo imaginar o que leva uma pessoa a ver uma mulher, que está desempregada, tem mais de 50 anos e está expondo sua situação pessoal no LinkedIn para pedir ajuda, a achar que vale a pena chamá-la no inbox para falar que isso pode "pegar mal". Em uma situação dessas, você tem duas escolhas: ajudar como pode ou passar direto. Fazer isso só aumenta a humilhação que a pessoa já está passando.
  • Como recrutador, o comportamento no LinkedIn que me levaria a pensar duas vezes e sinalizar o gestor da vaga sobre um ponto de atenção seria algum comportamento danoso, como pessoas que vão às publicações alheias arrumar confusão ou fazem postagem inflamadas sobre determinados assuntos. Uma mulher que está pedindo diariamente emprego, oferecendo diariamente sua consultoria e pedindo ajuda esporadicamente, a meu ver, não tem nenhum comportamento que a desabone (a menos que fosse algum golpe, o que comprovadamente - no caso dela - não é).
  • É claro que, também como recrutador, preciso avaliar competências técnicas, comportamentais e fit cultural com a empresa; não estou dizendo que ela deva ou não ser aprovada no processo, mas ao menos participar das seleções...
  • Eu fico vendo a galera da hashtag #empatia, que nessas horas não se mexe nem para curtir o conteúdo e dar maior alcance à sua rede, mas nem vou entrar nesse mérito; cada um curte o que acha que deve.

E isso me leva a um questionamento interessante, que gostaria de dividir com vocês:

A quem interessa o silêncio de quem está precisando?

Por que "pega mal" uma pessoa que está precisando pagar suas contas, se alimentar, sinalizar à sua rede que isso está acontecendo?

A quem interessa que a pessoa fique em silêncio, perdendo o que tem? O objetivo é que a pessoa chegue a um ponto de não ter mais o que perder?

O que me chama atenção é que, em menos de 2 semanas, começa setembro. Aí a mesma galera da hashtag #empatia começa a compartilhar conteúdos de "setembro amarelo", colocando-se inclusive à disposição para ajudar. É só em setembro que vale essa ajuda?

Quando uma pessoa pede ajuda na rede, é claro que você tem que checar se é golpe. É claro que você tem a opção de não ajudar. É claro que você pode ter sua opinião pessoal sobre a atitude dela (muito embora eu só opine sobre sapatos que eu já calcei, mas isso é de cada um).

O que você não deve é descredibilizar um pedido de ajuda.

Não adianta colocar fitinha amarela no seu perfil em setembro.

A quem interessa esse silêncio?


Émerson Barbosa dos Santos

Processos, Projetos e Qualidade | CX

3 m

É verdade! A empatia deve ser um compromisso contínuo, não um gesto ocasional. Precisamos questionar por que as pessoas hesitam em pedir ajuda e como isso reflete em nossa sociedade. Ao invés de apenas esperar setembro para agir, que tal praticar a escuta ativa e a solidariedade diariamente? A verdadeira mudança começa com a disposição de apoiar quem está ao nosso redor, especialmente quando estão vulneráveis.

Penso igual a você caro Bruno! Tento ajudar ao máximo se não posso, dou meu like…. Só de ler seu texto já estou mandando energia positiva para tantos que precisam de recolocar!

Cecília Rosa

Administração de Empresas | Gestão de Pessoas | Logística | Atendimento ao cliente | Customer Service | Customer Sucess | Customer Experience | Auditora ISO9001 | Qualidade | SAP

4 m

Excelente falar sobre isso. Hoje vivemos uma demagogia crônica e um pedido de ajuda é tido como um desabono. É impressionante!

Alessandra Patricio

Gestão de RH | Gestão de Patrimônio | Gestão de Pessoas

4 m

Amei!

Caio Mello

Téc. Segurança do Trabalho

4 m

Bruno Duarte. Vi a mensagem da Renata, segue um tema a ser discutido. Gostaria que explorasse o tema: A difícil decisão do profissional 50+ em sair de um ambiente tóxico de trabalho e a recolocação no mercado diante o etarismo. Recebo relatos de amigos que como eu são 50+ e tem o dilema de sair de um local tóxico e enfrentar a difícil tarefa da recolocação no mercado de trabalho, apesar do modismo do ESG, onde o S de social muito se aborda diversidade, mas não é muito diverso, sempre os 40 e 50 + mais ficam fora das recolocação.Obrigado

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