A responsabilidade para as organizações que adotam o ESG?
Foto: Glenn Carstens-Peters (unsplash.com)

A responsabilidade para as organizações que adotam o ESG?

Essa é uma questão que vem ganhando cada vez mais relevância no cenário atual, em que os consumidores, os investidores e a sociedade em geral exigem das empresas um compromisso com a sustentabilidade e a geração de valor compartilhado.

ESG é a sigla em inglês para Environmental, Social and Governance, ou seja, Ambiental, Social e Governança. Trata-se de um conjunto de critérios que avalia o desempenho das empresas nessas três dimensões, considerando aspectos como emissão de gases de efeito estufa, uso de energia renovável, diversidade, direitos humanos, ética, transparência, entre outros.

As empresas que adotam o ESG demonstram que estão preocupadas não apenas com o seu lucro, mas também com o seu propósito, ou seja, com a razão de existir da sua organização e o impacto que ela causa no mundo. Essas empresas entendem que a sua responsabilidade vai além dos seus acionistas e abrange todos os seus stakeholders, ou seja, todos os grupos de interesse que são afetados ou afetam as suas atividades.

Este artigo faz parte de uma série de textos sobre o tema do ESG, veja ao final outros artigos que podem ser do seu interesse!


Mas como as empresas podem comunicar o seu propósito e o seu compromisso com o ESG? Como elas podem mostrar aos seus stakeholders que estão agindo de forma responsável e gerando valor para a sociedade e para o meio ambiente? A resposta está na transparência.


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A transparência é um dos pilares da governança corporativa e um dos requisitos para o ESG. Ela significa que as empresas devem divulgar de forma clara, precisa e acessível as suas informações financeiras, sociais e ambientais, bem como os seus riscos, oportunidades e desafios. A transparência permite que os stakeholders possam acompanhar, avaliar e cobrar as empresas sobre as suas práticas e os seus resultados.

Um exemplo bem conhecido no Brasil é o da Natura, uma empresa que demonstra preocupar-se com o seu impacto socioambiental e que busca integrá-lo em seu balanço anual. Para isso, a empresa utiliza a metodologia de Gestão por Impacto, que consiste em mensurar e valorar os benefícios e os custos gerados pelas suas atividades para a sociedade e para o meio ambiente. Esses resultados são apresentados no Relatório Anual da Natura, que segue os padrões internacionais do Global Reporting Initiative (GRI) e do Integrated Reporting (IR). Além disso, a Natura faz parte do grupo Natura &Co, que publica um relatório anual consolidado que abrange as operações de suas subsidiárias The Body Shop e Aesop.

Segundo o relatório técnico da Natura de 2021, para cada US$ 1 de receita da Natura, a marca gerou retorno líquido de US$ 1,5 em benefícios para a sociedade naquele ano. Isso significa que a empresa tem um impacto líquido positivo de US$ 0,5 por cada dólar faturado.

A transparência também é essencial para a comunicação do propósito. As empresas que têm um propósito definido e alinhado aos seus valores e à sua cultura devem comunicá-lo de forma autêntica e consistente aos seus públicos internos e externos. O propósito deve ser a base da estratégia de comunicação das empresas, orientando as suas mensagens, os seus canais e os seus relacionamentos.

No entanto, comunicar o propósito não basta. É preciso que ele seja vivenciado na prática, por meio de ações concretas que demonstrem o compromisso das empresas com o ESG. Caso contrário, a comunicação pode se tornar vazia ou até mesmo contraditória, gerando desconfiança e perda de reputação.

A Apple anunciou em 2023 uma primeira edição do seu smartwatch que alega ser neutro em emissões de carbono. Foto: www.deccanherald.com

Portanto, para uma empresa adotar o ESG de verdade, com transparência, ela precisa estar disposta a assumir a sua responsabilidade não apenas pelos impactos positivos que irá comunicar, mas também e principalmente pelos impactos negativos, que devem ser evitados, mitigados ou eliminados.

A responsabilidade é a consciência das consequências das nossas ações e a capacidade de responder por elas. As empresas responsáveis são aquelas que reconhecem os seus erros, aprendem com eles e buscam melhorar continuamente. Elas são aquelas que não se contentam em cumprir as leis e as normas, mas que buscam ir além e fazer a diferença positiva no mundo.

Isto porque, as leis atuam como estratégia de controle social que buscam induzir os comportamentos na direção do que é considerado o melhor pelo sistema legal em vigor. Mas não é o único meio de chegar a este resultado. A própria moral conduz decisões a partir dos valores considerados relevantes pela sociedade, e a própria ética pode levar a alta direção de uma organização a assumir responsabilidades a partir de sua própria tomada de consciência sobre suas ações (vide o caso da Interface e de seu já falecido CEO Ray Anderson).

As empresas responsáveis são também aquelas que comunicam o seu propósito com transparência e coerência. Elas são aquelas que sabem que o propósito não é apenas um slogan ou uma frase bonita, mas sim uma razão de ser que inspira e motiva as pessoas a fazerem parte da sua história. E deste modo, pavimentam ou constroem um caminho repleto de realizações com impactos positivos reais e significativos.

Que tal elevar o patamar de sua organização por meio da adoção do ESG como um caminho para a sustentabilidade e para a geração de valor compartilhado? O ESG não é apenas uma tendência ou uma exigência do mercado, mas sim uma forma de fazer negócios mais ética, justa e humana.


Nós da CONTENT somos movidos por este desafio, e colocamos nossa experiência e expertise à disposição de empresas e organizações com compromissos efetivos em prol de um mundo melhor!


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Comunicação de Propósito: o diferencial das empresas que adotam o ESG

Transparência: o diferencial das empresas que adotam o ESG

Paulo Roberto Pereira de Souza

Professor Avogado e consultor Ambiental

1 a

Excelente artigo Júlio, a transparência é muito importante pois ESG não pode ser apenas um instrumento de marketing mas a demonstração do propósito da empresa e a irradiação de seu efeito pedagógico.

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