Retrospectiva 2021 (pois a criatividade é grande por aqui para títulos)
Começando o Ano Novo com promessas novas (na verdade algumas são as mesmas de anos anteriores, mas envelopadas com algo diferente para dizer que esse ano vai, vai que...) e dentre elas está aquela de voltar a ser mais ativo por aqui. Logo, nada mais normal do que começar 2022 olhando o que aconteceu em 2021 (recordar é viver...).
Se 2020, ano em que o mundo literalmente parou em função da pandemia, já tinha sido o segundo melhor ano da B3 em número de empresas abrindo capital, o ano de 2021 conseguiu superar (e bem) essa marca. Foram 50 empresas tupiniquins iniciando a negociação de suas ações tanto na B3 quanto nos Estados Unidos, opção cada vez mais considerada por empresas brasileiras.
Segundo estudo da MZ (e fazendo o jabá nosso de cada dia aqui pois faço parte da equipe de estudos da firma), foram movimentados R$65 bilhões na B3 e US$3,9 bilhões nos Estados Unidos (NYSE e Nasdaq) nas ofertas primárias de empresas brasileiras em 2021. O volume é o maior já registrado desde 2004 na B3, início do registro histórico disponibilizado, mostrando que o ano foi intenso nesse quesito. E não só isso, a quantidade de pessoas físicas participando dos processos de IPOs mais que dobrou na comparação com 2020, que também tinha sido o melhor ano da B3 nesse quesito, ou seja, algo que veio para ficar.
Outro dado interessante do estudo é que 52% das ofertas saíram ou no piso da faixa indicativa (28% do total) ou até abaixo dela (24% do total). Ou seja, há demanda, mas não aquela demanda desenfreada onde se compra tudo a qualquer preço. Muito pelo contrário, os investidores estão cada vez mais criteriosos, há o interesse, mas as empresas precisarão mostrar cada vez mais e de maneira mais eficiente em sua comunicação com o mercado seu real valor intrínseco.
Lógico que os cenários internos e externos interferem no interesse dos investidores por renda variável e o ambiente do primeiro semestre (que concentrou 2/3 das ofertas na B3 em 2021) estava muito mais interessante que no segundo, onde tivemos aumentos da taxa Selic e de notícias não muito agradáveis na atmosfera política.
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Tanto que o principal indicador da B3, o IBOVESPA terminou o ano quase 12% inferior a como começou e mais de 70% de 300 empresas brasileiras seguiram a mesma trajetória, de acordo com outro estudo publicado pela MZ também esse ano (são publicados dois por semana! O.O).
Isso não quer dizer que tudo foi ruim, tivemos valorizações expressivas no ano, mas como apontado pela ótima análise de Julia Wiltgen em sua matéria, quatro das principais variações positivas do ano foram de empresas em recuperação judicial, situação bem específica e especulativa.
Enfim, houve uma clara deterioração das famosas “condições de mercado” no decorrer do segundo semestre de 2021 e elas influenciam nas performances dos ativos de renda variável e nos processos de abertura de capital. Ainda assim, a fila de empresas se mantém alta para ofertas públicas de ações em 2022 (ano que tende a ser mais fraco em IPOs por ser um ano de eleição presidencial se usarmos como base os dados históricos para anos assim) e entendemos que boas histórias e boa comunicação dessas histórias com o mercado auxiliam em uma melhor travessia de mares bem mais desafiadores!
:-)
Marco Antônio Tomás da Equipe Estudos MZ