Revolução tecnológica: vivemos uma tempestade perfeita

 Essa é a avaliação de Luis Lobão, da HSM Educação Executiva



Para uma boa entrevista, além de uma boa fonte, é preciso ter também um bom número de questionamentos e provocações. Nem tudo acaba indo para as páginas de uma revista, por exemplo. No trabalho de edição, sinto muitas vezes uma dor no coração ao ter de deixar de lado alguma coisa. Em alguns casos, são temas subjacentes à pauta, que podem dar a ideia de novos desdobramentos. Como este.

O que fazer em um feriado de 15 de novembro, com uma chuva que começa a cair na capital paulista, além de limpar sua caixa de e-mail que “grita” estar sobrecarregada, com mais de 110% da capacidade? Descobrir esses temas um tanto sem querer, reler e pensar: por que não retomar o assunto?

No caso, reencontrei a entrevista que fiz com Luis Lobão, professor de estratégia e governança da HSM Educação Executiva. O (excelente) papo você pode conferir na edição de julho deste ano da revista. Nele, tratamos sobre como o futuro já não era mais como a gente imaginava antigamente, trazendo a necessidade de o RH repensar muitas coisas. Por exemplo: esquecer as avaliações individuais e começar a pensar em avaliações contínuas por equipe; deixar de lado do feedback e passar para o feedfoward, que direciona o caminho para o futuro do desenvolvimento; entre outras coisas.

Em toda entrevista, sempre procuro deixar uma pergunta coringa. É ela que vai, de uma certa forma, cobrir a minha “ignorância”, rs: “há algum ponto sobre o qual gostaria de considerar ou destacar e que, por ventura, não tenha sido abordado até aqui?”

Com o Lobão, não foi diferente e a resposta, por uma questão de espaço (mídia impressa tem limite de páginas), ficou guardada. E eis que, agora, vem à luz!

Ele foi enfático: “Estamos vivendo uma tempestade perfeita!” Em outras palavras, assistimos à a fusão de tecnologias, apagando as linhas divisórias entre as esferas físicas, digitais e biológicas. “Essa nova revolução, unindo mudanças socioeconômicas e demográficas terá impacto nos modelos e formas de fazer de negócios e no mercado de trabalho. Afetará exponencialmente todos os setores da economia e todas as regiões do mundo”, disse. E mostrou por que essa nova onda de transformação difere das anteriores pelas seguintes razões:

           

1. As inovações nunca foram difundidas tão rapidamente como agora. Um exemplo que ele deu foi o da Quirly, uma organização exponencial de bens de consumo embalados. “Ela completa o ciclo de desenvolvimento que uma empresa normal levaria de 250 a 300 dias em 29 dias”, contou;

 

2. A queda dos custos marginais de produção e o surgimento de plataformas que agregam e concentram atividades em vários setores elevam a economia de escala. Aqui, o exemplo foi a Diy Drones. Ela já foi capaz de projetar e construir um drone com 98% das funcionalidades do Predator, usado pelas forças armadas norte-americanas. “O Predator custa US$ 4 milhões e o drone da Diy custa US$ 300.”;

 

3. Genotipagem. “A Helix já oferece sequenciamento genético a US$ 149. O aplicativo Vinome quer oferecer um serviço de análise do DNA para identificar quais as percepções gustativas estão mais afloradas nos seus clientes para recomendar vinhos. Já podemos imaginar como essas análises podem influenciar planos de saúde, previdência e seguro de vida”, disse.

 

Essa evolução, continuou Lobão, afetará todos os países e terá impacto sistêmico em várias áreas. “O consumidor, por exemplo, fica cada dia mais engajado e transforma-se em ‘consumidor-ator’ a partir das novas maneiras de usar a tecnologia para mudar comportamentos e sistemas de produção”, comentou. A grande questão não são as tecnologias isoladas, mas a combinação delas é que potencializa a disrupção. “Ou seja, as estruturas da nossa sociedade não dão conta do que vem por vir... Devemos tentar aumentar a capacidade de nossa sociedade e empresas a se adaptarem, e precisamos fazer isso rapidamente”, afirmou.

 

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