Rumos da Inovação no Contexto Brasileiro (4): Ecossistema de Inovação
Em preparação para o evento a ser realizado no dia 17 de agosto na sede da Fundação Dom Cabral em São Paulo convidei alguns dos palestrantes e coordenadores de sessões para compartilharem conosco algumas reflexões sobre os temas que serão abordados.
Começo hoje com algumas reflexões propostas pela Ana Luiza Burcharth, professora de inovação da Fundação Dom Cabral e coordenadora técnica do Centro de Referência em Inovação de Minas Gerais.
Segundo a Ana, o início da quarta revolução industrial que hoje vivenciamos é marcado por grande efervescência tecnológica e elevado grau de incerteza sobre suas consequências. Segundo o Fórum Econômico Mundial, em seu o Relatório Global de Tecnologia da Informação publicado na semana passada, uma das características principais desta revolução é a inovação, cada vez mais baseada em tecnologias digitais e novos modelos de negócios. Além de tornar as ferramentas tradicionais de pesquisa mais poderosas, o cenário atual possibilita o desenvolvimento de inovações com baixo custo e com esforço minimizado em P&D. Exemplos incluem a digitalização dos produtos existentes, manufatura distribuída, blockchain, "serviços gratuitos" baseados em publicidade, bem como a perspectiva de “uberização” de vários setores, além dos transportes, como bancos, entretenimento e educação.
Na análise da Ana, este contexto abre muitas janelas de oportunidade para empreendedores e alimenta a criação de novos negócios, cuja flexibilidade e agilidade lhes garante ousadia para questionar o status quo. As empresas já estabelecidas têm dificuldades neste quesito. Os chamados unicórnios – startups que alcançaram o valor de mercado de US$1 bilhão ou mais – não apenas proliferam, mas também gastam cada vez menos tempo para alcançar este status. Segundo o VentureBeat (site especializado em avanços tecnológicos), existem hoje 229 destas empresas, totalizando US$1.3 trilhão de valuation, ao passo que em novembro de 2013 eram apenas 39.
O glamour dos unicórnios contrasta com a realidade da grande maioria das startups, que não consegue alcançar seus objetivos estratégicos. É aí que a colaboração com grandes empresas pode gerar vantagens para ambos os lados. As startups podem se beneficiar dos recursos existentes nestas empresas, sobretudo de sua base de clientes para granjear visibilidade, acesso e conhecimento de mercado. Já as grandes podem ganhar à medida que obtêm acesso privilegiado a novidades tecnológicas, novas perspectivas para resolver problemas existentes, oxigenação da cultura e revitalização de marcas. As parcerias entre grandes e pequenos trazem assim a promessa de revigorar o ecossistema de inovação e aumentar as chances de sobrevivência de ambas as partes.
Como debateremos no evento Rumos da Inovação no Contexto Brasileiro muitas empresas no Brasil já estão apostando neste tipo de colaboração a partir de abordagens distintas. A forma tradicional é incentivar a criação de novos negócios internamente por meio de incubadoras, tal como fizeram empresas como Telefônica e Coca-Cola. A criação de espaços de co-working é uma grande tendência atual, tal como faz o Banco Itaú com seu Cubo e o Google Space, com seu campus recém-inaugurado em São Paulo. Algumas empresas apostam em atuar como aceleradoras, como o Wayra da Telefônica. Um outro formato é baseado em mentoria, tal como o Braskem Labs, que oferece para os empreendedores da cadeia do plástico contato com altos executivos da empresa. Outros como o Buscapé aproveita as plataformas de crowdsourcing com o objetivo de atrair empreendedores no formato de desafio para a solução de seus problemas.
Em sua análise sobre estes diversos tipos de cooperação entre grandes empresas e startups, Ana observa que como em qualquer parceria, a relação nem sempre é fácil e precisa superar muitos desafios, inclusive o da confiança. Há diferenças fundamentais entre a cabeça do grande e a cabeça do pequeno, sobretudo do ponto de vista de cultura, que precisam ser acordadas. Rupturas, riscos à imagem e baixo retorno são algumas das armadilhas no caminho.
Para animar esta discussão no encontro do Rumos da Inovação convidamos representantes de empresas de diferentes tamanhos. A coordenação geral do tema está sob o comando do John Biggs, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Dow. A sessão em que abordaremos especificamente os desafios de cooperação entre grandes empresas e startups será coordenada pelo Eduardo Plastino, research fellow do Accenture Institute for High Performance que contará com a participação do Marcos Maciel presidente da Sunew, startup tecnológica fabricante de membranas solares.
A agenda preliminar do evento teve na última semana tivemos a confirmação de alguns especialistas que contribuirão significativamente para o sucesso do nosso encontro:
9h00 Sessão plenária: O futuro da Inovação no Brasil e no mundo. Carlos Arruda, FDC, Laercio Consentino, Totvs
Tech Fórum IA: Digitalização e impacto na inovação em empresas de serviço. Agostinho Villela, IBM; Humberto Ribeiro, Memora Processos
Tech Fórum IB: Ecossistema de inovação: colaboração entre grandes empresas, startups, instituições educacionais e centros de pesquisa. Eduardo Plastino, Accenture; Marcos Maciel, Sunew e CSEM Brasil
14h00 Tech Fórum IIA: Digitalização e impacto na inovação em empresas industriais. Alexandre Gomes, Votorantim Metais
Tech Fórum IIB- Ecossistema de inovação: o futuro do P&D. Mario Lott, Embraer; Ladislau Martin Neto, Embrapa
Plenário: Insights e Ideias para o futuro da inovação no contexto brasileiro. Ana Burcharth, FDC; John Biggs, Dow e Luis Liguori, IBM, Hugo Tadeu, FDC
Para maiores informações visitem o nosso site www.fdc.org.br/inovacao