A saúde mental precisa ser realmente uma prioridade, urgente.

Uma coisa que tem ocupado minha mente é a seguinte: por que só 5% dos brasileiros (números oficiais do governo, mas segundo a OMS, não passa dos 3%) fazem terapia? Ainda que a partir destes números, a grande maioria não suporta o processo?

Seria o preço? A falta de tempo? Ou - acredito que essa é a principal - a falta de PRIORIDADE.

Somos a nação com maior número de ansiosos diagnosticados do mundo (9% da população) e a grande parte das pessoas só buscou ajuda depois do início da pandemia. 

Cuidados com o emocional é uma demanda tão antiga, mas só agora começa a engatinhar uma necessidade de popularização do acesso à terapia. Isso poderia prevenir muitos problemas sociais, como a violência doméstica, por exemplo.

A gente sabe que os serviços de terapia (psicoterapia, terapias holísticas, integrativas, alternativas) e desenvolvimento humano (consultoria, mentoria, coaching) não são baratos - e nem devem - justamente por ser fundamental à realidade que a gente vive hoje: hiperestimulada, ansiosa e individualizada.

No entanto, acredito que deve haver uma forma, tanto de tornar acessível a quem tem menos poder aquisitivo, quanto de tornar para as pessoas uma prioridade. 

Quem faz terapia ou encara os processos de coaching ou mentoria, sabe o bem que isso faz, além de conhecer e colocar para fora suas angústias, medos e afins, ganham aliados importantes para realizar mais, fazer melhor e também aprende no processo a se priorizar, a se olhar com mais afeto. 

Na minha jornada nas redações de TV, trabalhei nos dois programas "policiais" mais sensacionalistas do Brasil. Observando as matérias que chegavam, muitos dos crimes noticiados poderiam ser evitados se as pessoas tivessem um pouco de inteligência emocional e tivessem oportunidade de lidar com seu sentimento de abandono e rejeição, se pudessem compreender melhor suas vidas, tivessem mais senso de responsabilidade ou se sabotassem menos. O autoconhecimento liberta em um nível que é difícil de explicar, não precisa viver para saber, mas basta observar. 

A questão é que há umas poucas décadas não existiam tantas academias como hoje, mas também não havia tanto sedentarismo e obesidade como hoje. Uma necessidade, uma demanda. É uma questão de saúde e bem-estar também. 

Hoje, somos metralhados de informações, necessidade de estar informado e até medo de não estar atualizado (não por acaso muita gente passa mais de 4 horas por dia nas redes), o hiperestímulo de vidas pseudoperfeitas que geram gatilhos enquanto vive-se apenas uma vida comum pode gerar frustração e tem impactos profundos na autoestima e autoconfiança no médio prazo. Autoconsciência do excesso de consumo de informação pode ajudar inclusive a dormir melhor - e isso tem impacto tanto na saúde física quanto na mental. 

Desenvolvimento humano e terapia são importantes em diversos níveis: ajudam a harmonizar relacionamentos afetivos, a não se sentir mais o dedo podre do rolê (e nem a ser o irresponsável afetivo também), ajuda a ter mais ciência de si, do que é bom, do que não é, do que gosta e não gosta, ensina a dizer não (ou sim, se realmente tiver vontade), estabelece limite aos outros e a si mesmo, melhorias drásticas na comunicação, ajuda a tomar decisões mais coerentes na vida e para de viver de modo destrutivo e automático - nos negócios, em relacionamentos, no emprego, na hora da diversão.

Se você faz esses processos terapêuticos, parabéns, você tem muito mais chances de errar menos e acertar na vida cada vez mais e fazer melhor, tudo; se você não faz ainda e quer fazer, não sabe valores, mas sente que sua vida pode e precisa ser melhor do que é, busque, orce - saber o preço pode te ajudar na decisão e a se organizar; se você conhece alguém que precisa ter mais consciência de que precisa de ajuda para a vida afetiva, familiar, comportamental, profissional, enfim, encaminha para ela, ou simplesmente compartilhe, você pode ajudar alguém a ter uma vida melhor e com maior nível de contentamento.