Sempre foi assim- Hierarquia

Dando continuidade aos artigos que trazem como tema o “Sempre Foi Assim”, quero agora abordar duas matérias que, ao meu ver, também são mantidas, sem que se questione se ainda são as melhores formas de se conduzir empresas.

Falo da hierarquia piramidal e da divisão da empresa em departamentos, que hoje, penso, fazerem pouco ou nenhum sentido.

Comecemos pela pirâmide hierárquica. Tentei saber qual a sua origem real e a melhor e mais crível explicação que encontrei diz haver ela sido criada por Alexandre o Grande, como forma estabelecer níveis entre o comandante supremo e os soldados de seu próprio exército, basicamente como uma forma proteção.

A lógica, bastante simples, faz com que o general (ou o presidente de uma empresa), situado no topo da pirâmide, não poderá ser diretamente incomodado por um reles soldado (ou operário), já que haverá entre eles vários níveis a superar. Como forma de proteção pode ser uma boa ideia, mas as empresas e seus dirigentes precisam, ainda hoje dessa proteção? Todos concordam em que não estamos mais no tempo dos chefes, mas no tempo dos líderes e estes continuam a precisar de proteção, quanto a ataques de seus liderados? Penso que não.

Passemos então aos departamentos disso e daquilo existentes em quase todas as empresas e que, mais que estabelecer responsabilidades, são usados como instrumentos de poder. Os departamentos são geralmente plenipotenciários dentro de suas atribuições, mas será que, ainda nos dias atuais, o conhecimento e o talento são tão estanques assim , será que não haveria outras pessoas na empresa cujos talentos e a própria vivência no trabalho poderia colaborar com ideias, fatos e conhecimento? Nesse caso acredito que existam sim, em todas as empresas.

Remeto-me aqui a um amigo recente, um dos maiores especialistas que conheço em inovação, o grande Mauro Carrusca, que afirma, com grande conhecimento de causa: “vivemos tempos de economia colaborativa e, em uma sociedade todos estão empoderados”.

Essa simples frase seria suficiente para derrubar, tanto o conceito da hierarquia piramidal, quanto o da divisão da empresa em departamentos.

De que vale ao presidente estar em uma posição em que um colaborador da base não o possa atingir diretamente, se esse mesmo colaborador, por mais simples que ele seja pode, a qualquer tempo e sem qualquer ajuda,  postar em uma rede social comentários ou fotos que venham a causar sérios danos à imagem da empresa que esse presidente dirige? Não seria muito mais prudente estar próximo desse colaborador, ouvindo dele o que tenha a dizer, de forma a tentar corrigir o que seja negativo evitando assim os danos e, ao mesmo tempo, maximizando o que seja positivo, além de aproveitar suas ideias para melhorar o que a empresa faz?

Mais uma vez chegamos então ao “como resolver se não for assim”. Penso que devamos sempre estar revendo nossos modelos, abrindo cada vez mais os canais de comunicação em nossas empresas, para que as pessoas que nela trabalham sintam-se livres para discutir o que entendam como problemas, apresentar ideias que considerem válidas, enfim, possam colocar à disposição seus dons, talentos e competências, sem medo e com visão empreendedora.  Afinal, nunca antes foi assim mas temos que evoluir, sempre.  


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