Será que retenção é o melhor termo para falarmos de talentos?

Será que retenção é o melhor termo para falarmos de talentos?

Quando falamos em retenção de talentos, a primeira coisa que vem à mente é a tentativa desesperada de segurar alguém que, muito provavelmente, já está com um pé fora da porta. Mas será que esse é o melhor termo para abordar estratégias que deveriam, em teoria, fazer com que as pessoas queiram ficar em uma organização? Vamos dissecar isso um pouco.

Segundo o Dicionário...

A definição de "retenção" não ajuda muito na nossa defesa. Vamos ao dicionário:

  1. Ato ou efeito de reter(-se).
  2. Estado do que demora ou atrasa; delonga, retardamento.
  3. Conservação de alguma coisa em poder de alguém; posse, reserva.

Olha só que interessante... A definição número dois fala em atraso e retardamento, o que só reforça a sensação de que, ao usar a palavra retenção, estamos falando de prender alguém que, na verdade, já queria ter ido embora há tempos.

Parece mais com aquelas cenas de filmes onde alguém tenta sair pela porta e é puxado pelo braço: "Ei, fica mais um pouquinho! Que tal um aumento? Uma promoção?" Só que, na vida real, isso não é exatamente a melhor estratégia.

A Retenção é o Efeito, Não a Causa

Esse é o ponto chave da questão. Se estamos focando tanto em reter, estamos, na verdade, lidando com o problema pelo lado errado. A retenção é o efeito de algo que já deu errado lá atrás. Quando você percebe que precisa convencer alguém a ficar, é porque, em algum momento, você deixou de fazer algo que deveria.

Por que a pessoa quer sair? Será que muitas pessoas estão saindo pelos mesmos motivos? Essas perguntas são fundamentais, mas a resposta muitas vezes fica num limbo. Talvez seja mais fácil colocar uma bandagem no problema com um aumento salarial ou uma promoção do que encarar de frente o que realmente está acontecendo.

Clima, Cultura, Liderança e... Sim, Remuneração

Esses são os verdadeiros pilares que sustentam a permanência (olha só, um termo bem melhor!) de talentos em uma empresa. Se o clima organizacional é tóxico, se a cultura não está bem definida ou alinhada com os valores das pessoas, se a liderança não inspira e se a remuneração é desproporcional, não há "retenção" que resolva.

E tem mais: muitas vezes, é só quando a pessoa decide sair que ela finalmente recebe o aumento ou a promoção que já deveria ter vindo há muito tempo. Mas, honestamente, se é preciso pedir demissão para ser reconhecido, será que vale a pena ficar? Além disso, esse "cala boca" financeiro ou de cargo não resolve a raiz do problema e só adia o inevitável.

O Desengajamento Silencioso

Quando uma pessoa decide chutar o balde e, ainda assim, aceita ficar por causa de um aumento ou uma promoção, ela pode até permanecer fisicamente, mas o desengajamento já aconteceu. Ela está presente, mas não está realmente lá. Esse tipo de cenário pode durar por algum tempo, mas eventualmente, a insatisfação volta à tona, e aí, nem o aumento nem a promoção são suficientes.

Então, qual Seria o melhor termo?

Ao invés de "retenção," que tal falarmos de permanência, fidelização de talentos ou até mesmo engajamento contínuo?

Termos que coloquem o foco em criar um ambiente onde as pessoas queiram ficar, onde se sintam valorizadas e onde não precisem chutar o balde para serem reconhecidas.

No fim das contas, não é sobre reter, mas sim sobre criar uma cultura onde as pessoas vejam valor em estar ali.

Portanto, da próxima vez que pensar em retenção, lembre-se: se você está tentando reter, é porque algo já está escapando pelos dedos. E isso é só um sintoma de um problema maior, que precisa ser resolvido na raiz, não apenas com medidas paliativas.


Bom, era isso que eu queria compartilhar hoje!

Que vocês tenham uma ótima semana, com poucas reuniões...

Afinal de contas, ou a gente trabalha ou faz reunião né?!


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Léo Kaufmann

Falando do mundo corporativo de um jeito não tão corporativo


Isa Andrade 🏳️⚧️

Comunicação Institucional | Gestora de Mídias Sociais | Redação e UX Writting

4 m

Gosto muito de utilizar o termo "permanência" principalmente quando falo do processo de inclusão de pessoas diversas dentro dos ambientes corporativos. Muitas vagas se preocupam em incluir mas não permanecer com o colaborador e ao perceber faltas durante o processo de adaptação a cultura, desligam pessoas talentosas sem se preocupar em buscar uma forma de fazer com que a pessoa permaneça na vaga e se desenvolva com tempo - visto que nem sempre as pessoas que vem de backgrounds diversos tem oportunidades de estar presentes em locais de trabalho e apresentam mais dificuldades em performar melhor durante os períodos de experiência, sendo então tidas enquanto desqualificadas e ficando, mais uma vez, sem oportunidades de desenvolver seus potênciais verdadeiros por falta de visão e investimento das empresas que buscam profissionais prontos sem entender as particularidades de cada perfil profissional.

Clodoaldo Rodrigues Severo

Gerente de RH / CHRO / Business Partner / Relações Trabalhistas e Sindicais / Departamento Pessoal / Remuneração / Benefícios / Recrutamento e Seleção / Treinamento e Desenvolvimento / Segurança e Medicina do Trabalho

4 m

Realmente esse termo não é apropriado. Assim como vejo muito o termo e até mesmo solicitação de habilidades para o cargo em "administrar conflitos". Esse termo ADMINISTRAR CONFLITOS deixa a entender que a alta gestão e até mesmo o RH estão satisfeitos em administrar conflitos. Sendo que o conflito já e a consequência daquilo que não tivemos a perspicácia e capacidade para resolver (antes que se torne um conflito). Então, administração EFICAZ se ANTECIPA ao conflito, não deixando o menos acontecer. Claro que sempre existirão conflitos, mas que sejam ínfimos, de pequena ou média expressão. Geralmente os procedimentos de RH mal conduzidos e mal resolvidos é o que gera conflito entre colaboradores e empresa. Não podemos perder nosso tempo resolvendo conflitos que poderiam ser evitados. Devemos investir nosso tempo e energia com projetos de gestão de pessoas que minimize os conflitos. É o que chamamos de RH estratégico, mas ter uma pessoa ou área para resolver conflitos vai na contra mão de RH estratégico, onde as práticas e políticas devem estar bem resolvidas e assertivas, evitando descontentamentos mais profundos. Para que um assunto se torne um conflito é porque ele já está sendo ignorado (sem resolução) há bastante tempo.

Gilka Ferreira غيلكا

Especialista em Imagem & Comportamento | TOP HR Influencer 2023 e 2024 - Gestão de Pessoas | Palestrante | Treinadora | Mentora | Desenvolvimento Pessoal & Carreira - LinkedIn Top Voice & Creator

4 m

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