Ser avô destaca meu currículo
Desculpem os mais profissionais: ser avô destaca meu currículo, me coloca em um patamar que nem todo mundo está, independente de formação técnica-acadêmica e experiência prática. O amor incondicional que tenho por meu neto Mikael Nitai é um paraíso na Terra, momento de ascensão de nossa limitada humanidade.
Nesse sentido, Leandro Karnal escreveu uma linda crônica sobre os avós, com o título "A segunda chance", publicada no jornal O Estado de S. Paulo. Vejam um trecho:
"A casa dos pais é a casa dos legumes e dos sucos. A dos avós é a casa do sorvete e do chocolate. Os pais moram em um país definido com leis; os avós mudaram-se para uma ilha tropical e sem governo. Os pais admoestam, instruem, instam e vociferam. Os avós acatam e não cumprem; fazem ouvidos de mercador.
Victor Hugo, depois da tragédia de perder o filho e a nora, criou dois netos. Escreveu poemas para eles e os publicou com o título A Arte de Ser Avô (1877). Sobre a neta Jeanne, rememora quando a tirou de um castigo com um pote de doces. Rachel de Queiroz, em sua Arte de Ser Avó (1964), confirma a vocação para a indulgência: a avó, diz, “leva a passear, não ralha nunca. Deixa lambuzar de pirulitos. Não tem a menor pretensão pedagógica”.
Avós são um calmo estuário para se refugiar das águas rápidas e mais jovens das marés paternas e maternas. Ser avô e ser avó é uma segunda chance, um doutorado, uma oportunidade de reescrever o rascunho da juventude".
Perfeito!