Ser humano e abelhas
O homo sapiens passa sua vida toda tentando se enganar. Admite, com repulsa, ser um animal mas jamais comparável aos outros. Nessa linha, supremacia de orgulho, proclama-se semelhante ao seu próprio criador. Seria como a escultura Pietá , por mais deslumbrante que seja, se enxergar como Michelangelo. O homo sapiens soberbo menospreza sua essencial função biológica : perpetuar a espécie. A formação educacional, assim como sua vida em sociedade, promove a liberdade nutrida a acumulação e prazer, incluso o sexo, mas diminui o valor do cuidar um do outro. O trabalho chamado produtivo, desde que gere dinheiro, tem respeito e reconhecimento enquanto aquele apenas ligado às pessoas, crianças e família em geral ; é considerado menor, perda de tempo. Assim a planilha de Excel repleta de números com cifrões é muito mais importante do que o almoço. E isso se expande a ponto de estarmos habilitados a poucas coisas relativas às necessidades animais do homo sapiens. Preenchemos vazios filosóficos certos de que isso nos mantém longe da fome e suas consequências. Sabemos o que é mitocôndria , mas não temos capacidade de alimentá-la adequadamente.
Ao se comemorar os 50 anos do pouso na lua relembramos icônicas fotos tiradas por lá mostrando um planeta vizinho, pequeno, envolto numa fina camada de atmosfera e flutuando no espaço na rota de muitos meteoros. Por ora nenhum grande acertou nossa linda esfera azul. Mas isso é questão de tempo, como testemunharam os grandiosos dinossauros . Sendo assim o desenvolvimento humano serve como aprimoramento do tempo de vida mas não muda o destino inexorável de todos. Seria prudente prepararmos as novas gerações para usar a criatividade e garantir a preservação da espécie ainda que em condições menos confortáveis, sem tanta energia, com menos desperdício e sem exterminar animais, como as abelhas por exemplo. Talvez as tribos indígenas e as populações com menor índice de desenvolvimento estejam mais próximas às condições básicas à preservação da espécie, portanto mais preparadas. Nenhuma tecnologia poderá proteger nossa sociedade de consumo atual de alguma catástrofe natural. Somos pequenos demais para “salvar o planeta”. Quando muito podemos preparar as novas gerações para continuar nossa espécie animal, mas isso depende do pouco de sapiens de cada homo.
Carlos Lopes
Julho 2019
Experiência do Cliente | Liderança | Supply Chain | S&OP | PCP | Projetos | Educação | Consultoria
5 aExcelente!!! Ótima reflexão!!!