Sobre erros de distanciamento social em supermercados
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Escrevo “supermercados” no título, mas você pode transferir os erros para qualquer outro tipo de estabelecimento comercial que esteja funcionando em tempos de covid-19: sacolões, drogarias e farmácias, padarias etc. No último domingo, 7/6, estive em uma unidade da rede Extra, na cidade de Taboão da Serra (SP). O local tem três entradas: uma que dá acesso a uma mini praça de alimentação (esta, totalmente fechada), uma que dá acesso aos caixas (parcialmente fechada e funcionando como saída) e outra que dá acesso a um hall – indo para esquerda você chega à praça de alimentação, para a direita vai ao mercado.
É nesta última porta que começa a jornada de compra: duas funcionárias organizam uma fila indiana colocando uma corrente perto de um muro, assim do seu lado direito há o muro e do lado esquerdo a corrente. Ninguém, absolutamente ninguém respeita o distanciamento. Ainda que não exista sinalização no piso indicando distâncias seguras, já se sabe que devemos ficar no mínimo a um metro e meio longes uns dos outros. Mas o brasileiro carece de calor humano, de contato físico, ainda que as duas funcionárias indiquem que as pessoas esperem para entrar ou se aproximar delas. Além de organizar o movimento elas oferecem álcool em gel para que passemos nas mãos.
Uma vez dentro do local há diversas lojas até de fato de alcançar o mercado. Algumas fechadas e outras poucas abertas, essas com faixas de isolamento e placas proibindo a entrada sem máscaras e recomendando distância entre as pessoas. Há um vai e vem de clientes, grandes grupos começam a se formar dificultando a locomoção, ainda que ali exista um sentindo único: ir para o mercado, afinal a saída do estabelecimento é por outra porta longe dali e várias, muitas, diversas placas sinalizem isso.
Entro de fato no supermercado. As pessoas esperam que os corredores estejam vazios para então buscarem seus produtos. O máximo de pessoas que vi por corredores eram duas, uma de cada lado, mantendo distância. Essa era a regra? Claro que não, havia grupos de jovens comprando cerveja e carne para o churrasco, famílias de até quatro pessoas sem máscaras passeando pelo supermercado.
Com pressa e com meus produtos em mãos chego ao caixa. Ali as pessoas parecem respeitar a sinalização de distanciamento. Placas de acrílico protegem operadores e clientes. Um cliente atendido por vez, primeiro João, depois Maria, depois José, depois Ana etc.
Aqui acontece o erro por parte da empresa - até gora eu falava dos erros dos consumidores (risos nervosos). Na minha frente havia um grupo de três rapazes passando suas compras, mas eles estavam com problemas para pagar, pois dividiam a conta: um com cartão, outro com dinheiro e outro com carteira digital – o mercado não estava pronto para essa última, chamaram alguém que veio perguntar qual o problema e depois trouxe a máquina.
Resolvido o problema da compra dos três amigos, não havia sacos plásticos para eles embalarem os produtos, a atendente pega um punhado, coloca sobre o balcão e começa passar os meus produtos que vão se misturando aos deles. Ela pergunta se tenho o programa de fidelidade, se preciso validar o estacionamento e a forma de pagamento. Os três amigos ainda não terminaram de ensacas os produtos. A moça me chama para o caixa, me aproximo dela e dos três rapazes.
Não adiantou nada sinalizar o piso com marcas para distanciamento social. Não adiantou nada ter uma placa acrílica me separando da atendente se ela com pressa em passar meus produtos me colocou – bem - próximo (tão perto quanto estou do computador agora) dos três rapazes. Toda a estratégia de proteção foi por água abaixo.
Lojas: recomendem calma aos seus atendentes. Peçam que os atendentes esperam pelo completo e total término da jornada de compra de um cliente para então começar a outra.