Sobre melhorar processos: Scrum nas escolas faz sentido?

Quem tem filho em idade escolar sabe o stress que pode se tornar aqueles trabalhos em grupo onde o professor apresenta um tema, dá as orientações, divide a turma em times e marca uma data para entrega (aqueles projetos de feira de ciências, por exemplo, onde os pais acabam dando uma “forcinha” senão o projeto não sai rss).

Eu mesmo já presenciei meu filho passar por várias dificuldades: um colega que não fez direito a sua parte, sobrecarregando o time, outro com quem ninguém conseguia contato, um equipamento que não funcionava na hora da apresentação e ainda, no final, ninguém discutia o que deu e o que não deu certo. Mas bola pra frente, que o que interessa mesmo é o resultado e se pais e orientadores estão satisfeitos, está tudo bem, certo? Infelizmente é assim que acontece na maioria dos casos.

Por mais que projetos escolares incentivem a colaboração e o trabalho em grupo, sem um método eficaz, os alunos vão continuar repetindo padrões e cada projeto vai sair com uma “sofrência” desnecessária.

Às vezes, pode ter até um bom resultado, mas, claramente, poderia ter sido bem melhor se a organização fosse outra.

Tive um professor que dizia que existem 2 certezas na vida: a primeira é que nós iremos morrer e a segunda, que o cronograma irá mudar! Por isso, quando não temos uma idéia do resultado final de um projeto, a questão principal passa a ser como evitar o máximo de surpresas.

O Scrum é um framework que pode muito bem ser adaptado aos projetos escolares. Alguns podem dizer que faltará maturidade para um time de alunos assumir os papéis do Scrum, mas lembrem-se de que não somente os alunos participam, mas também professores.

A proposta seria, então, a seguinte:

1.      Times de desenvolvimento = formado por times de, no mínimo, 3 alunos.

2.      Dono do produto = professor da matéria daquele projeto.

3.      Scrum master = alguém dedicado a dar suporte aos projetos da escola e exercitar os conceitos do Scrum com professores e alunos / poderia ser o mesmo professor muito embora não é recomendável ter a mesma pessoa como Scrum Master e Dono de Produto; entretanto, deve ser alguém com conhecimento do framework Scrum.

4.      Sprints = ciclos de 1 semana, para projetos com prazo de entrega > 30 dias.

5.      Cerimônias = acontecem normalmente as 4 cerimônias conforme reza o framework, com adaptações de horário das reuniões diárias, para alunos que estudam de manhã, por exemplo.

6.      Técnicas = planning poker, pex. não existiria neste contexto, deixando os alunos definirem a prioridade de suas atividades, definidas a cada sprint.

7.      Gestão visual = poderíamos ter, no mínimo, o quadro Kanban neste contexto

Alguns benefícios da implantação de estrutura Scrum seriam:

1.      Melhor adaptação diante das dificuldades

2.      Maior nível de autonomia dos alunos

3.      Incentivo à comunicação

4.      Fortalecimento do trabalho em grupo

5.      Maior nível de colaboração

6.      Possibilidade de trabalhar com projetos de maior complexidade

7.      Expansão da consciência ágil no dia-a-dia

O uso do Scrum em escolas requer uma adaptação e simplificação para trazer resultados melhores que ao atuais. Porém, não adianta forçar o uso de todas as técnicas, ferramentas, requisitos e papéis quando o projeto não for tão complexo assim. Como ter o Dono do produto como Scrum master e vice-versa. Alguns poderão dizer que não se trata de Scrum genuíno mas, se ao tomar emprestado algumas técnicas conseguirmos vários dos benefícios acima, já terá valido a pena.

Obviamente, é um desafio implementar uma estrutura Scrum em escolas, pois irá exigir capacitação neste framework. Por isso, uma reflexão que deixo aqui é se valeria a pena ter nas escolas um profissional de melhoria de processos que não atuasse somente como Scrum Master e agile coach de alunos e professores, mas que ajudasse a instigar a prática da melhoria contínua em todo o ambiente escolar.

Você acha que faz sentido? Comenta aí!

Um abraço!