Sobre o BBB e o Paulo Coelho
A cada início de ano vejo uma enxurrada de pessoas criticando o programa Big Brother Brasil, reality show apresentado pela Rede Globo. Programa esse que é um formato comprado pela Globo e que é exibido em muitos país, de todos os continentes. Para quem nunca viu, o programa consiste no monitoramento da vida, dos conflitos, da convivência humana durante um confinamento (prisão), numa casa de classe média. Os participantes são todos voluntários (estão lá por vontade própria) e são escolhidos visando a geração de conflitos, logicamente para manter a audiência (estranho seria um canal veicular um programa que não visasse a audiência).
Incomoda a muitas pessoas. Como uma bola de neve, as críticas começaram aqui e ali, tímidas no início e foram se avolumando, até chegar a uma verdadeira avalanche, com pessoas propondo até o encerramento do programa e a morte aos participantes. É até divertido ler as bobagens que escrevem sobre o programa. Fico imaginando o motivo de tanto ódio.
Paulo Coelho é um escritor brasileiro, compositor de músicas como "Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás", "Al Capone" e "Sociedade Alternativa", gravadas pelo famoso e festejado Raul Seixas. Ele é autor de livros que figuram na lista de mais vendidos no mundo. Contra ele também há um ódio coletivo imotivado.
Que não fiquem magoados, pois a liberdade de expressão é uma máxima em minha vida, mas acho que quem critica Paulo Coelho e BBB sente, uma sensação de superioridade intelectual sobre os que querem ler Brida ou em relação aos que gostam das crônicas do Pedro Bial ao anunciar as eliminações semanais.
Não estudei psicologia, mas creio que as pessoas criticam o BBB por estarem na TV vendo suas próprias reações negativas. Sentem-se envergonhadas. Não sei!
Vou dar uma lista de livros que podem ser lidos no horário do BBB, caso a pessoa não disponha de outros canais em sua televisão no horário do programa. Essa lista pode ser usada também na hora que você lembrar de Paulo Coelho.
Se compararmos BBB com alguns filmes exibidos na famosa Tela Quente, da mesma Rede Globo, veremos que BBB é cultura.
Segundo reportagem publicada no site UOL, "Quem se importa em denegrir os assuntos relacionados ao 'BBB', certamente, vê em algum dos personagens da edição algo que reconhece em si mesmo e não suporta ver exposto. Traições entre amigos e casais, inveja, tudo isso provoca autoconhecimento e é o que as pessoas não querem", palavras atribuídas pela matéria a Mara Lúcia Madureira, psicóloga cognitivo-comportamental.
Na mesma reportagem, a psicoterapeuta Miriam Barros diz que "As pessoas gostam de mostrar que são intelectuais e, por isso, precisam opinar e deixar claro que não se deixam influenciar pela massa, já que o 'BBB' é popular. Esses indivíduos não pensam no outro ao ofender, apenas em si mesmos."
Carmem Miranda, a brasileira que fez sucesso no mundo todo, na época foi criticada como é hoje Paulo Coelho. Será que o brasileiro odeia o sucesso alheio?
Na verdade, criticar o autor brasileiro mais lido no mundo, que tem entre seus fãs autoridades e intelectuais franceses, alemães e norte-americanos, é uma forma de desprezar nossa cultura. Seria esse o complexo de vira-latas referido por Nelson Rodrigues? Não sei!
Enquanto isso, no horário do BBB eu leio meus livros ou ligo na Rede Globo e assisto o programa. Se você não quer eu que fale de BBB, pois isso te incomoda, pense que as suas críticas também podem me incomodar.