Sobre quando nos permitimos escutar

Sobre quando nos permitimos escutar

Há alguns anos eu ouvi do meu chefe que eu o havia desautorizado. Franzi minha testa sem entender, tentando puxar na memória quando eu me comportei dessa maneira. Ao ser questionado ele se explicou dizendo que havia me pedido para eu chegar mais tarde em um evento e eu cheguei cedo, antes dele até.

Naquele momento eu arregalei meus olhos e senti meu peito queimar. Como ele poderia achar que uma atitude tão nobre de comprometimento, de preocupação com o evento da empresa, poderia ser apenas eu desafiando sua ordem? Parte da minha motivação se foi e eu só conseguia pensar que não importa o quanto você se esforçasse, não seria reconhecido.

A minha vontade de levantar da mesa e enumerar todas as vezes que eu estive presente pela empresa foi enorme, mas ao invés disso eu perguntei de que maneira o fato de eu chegar cedo fazia com ele se sentisse desautorizado.

E enquanto ele me dava mais detalhes eu passei pelas quatro reações naturais de um feedback: Surpresa (Oi? Eu só cheguei cedo porque sou comprometida!), Raiva (Eu não acredito que estou ouvindo isso!), Resistência (Não vou mais dar meu sangue, não vou fazer uma vírgula a mais do que sou paga para fazer) e Aceitação.

Levou um tempo para que eu pudesse entender e aceitar aquele feedback e isso só foi possível porque eu me permiti não me defender. Muitas vezes as pessoas ainda estão falando e nós nem estamos prestando atenção, estamos ocupados em nossas próprias mentes, nos armando de desculpas e de munição para retribuir o “ataque”.

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É difícil receber um feedback porque nosso cérebro tende a processá-lo como uma ameaça, limitando a nossa capacidade de pensar e aprender. Construímos uma muralha ao nosso redor, disparamos flechas de desculpas, apontamos culpados, afirmando que não agimos dessa maneira, enfim, temos um repertório completo de negação.

E a verdade é que se a sua audiência, seja seu chefe, sua equipe, seus pares ou seus clientes, tem uma percepção sua, existe um ponto ali que pode ser melhorado e por isso merece ser ouvido em campo aberto. Baixar sua guarda, não se defender, perguntar para entender melhor de onde vem aquela percepção e escutar podem te abrir um lado seu que você nunca olhou ou nunca quis olhar.

O maior problema da comunicação é que não ouvimos para entender, ouvimos para responder.

Trocar seus óculos pela lente do outro faz com que a gente perceba que causamos um impacto em cada atitude nossa e por mais positiva que acreditamos que aquela atitude seja, nem sempre esse impacto é positivo.

Ao me permitir baixar minha guarda e escutar, escutei do meu chefe que minha chegada antecipada causou um banco de horas desnecessário, em um momento de muitos projetos e em que a minha ausência seria sentida, prejudicando o time. Eu poderia ter continuado em negação afirmando que nunca tive problemas para organizar meus horários e que aquilo era só uma tempestade em copo d’água.

Ao invés disso, no dia seguinte apresentei um cronograma para compensar minhas horas e aprendi uma lição: estar aberto para ouvir e extrair o máximo de aprendizado possível de um feedback é o que vai me permitir melhorar o meu próprio desempenho, por isso da próxima vez não é o meu chefe quem vai me dar um feedback, sou eu quem vai pedir.

Ouvir é uma das habilidades mais importantes que um líder pode escolher desenvolver


Felipe Ferreira

Business Development Executive | Sales Account Executive | Customer Service Specialist | Foreign Trade Specialist | Export and Import

5 a

Texto excelente!!

Ponto de vista sensacional!

Carla Isabel Almeida

Inside Sales | Comercial | Atendimento ao Cliente | Prospecção de Clientes | Suporte de Vendas Internas | Comércio Exterior

5 a

👏🏻👏🏻👏🏻

Parabéns Simone! Sua publicação deve ser compartilhado inúmeras vezes 😉

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