Somos todos extraordinários

A inspiração para este texto veio justamente do filme Extraordinário. A intenção é usar como analogia e trazer para reflexão, como a nossa forma de ver o mundo e as nossas crenças e modelos mentais nos levam a fazer julgamentos e rotular as pessoas.

Podemos nos pegar pensando ou dizendo para alguém que fulano/a é: feia, gorda, anoréxica, nerd, tímido, excêntrico, falso, medíocre, chato.

Ou ainda criar e decretar fatos não necessariamente verdadeiros sobre outras pessoas como ocorre com o pequeno grande Auggie no filme: Se tocar nele vai pegar a praga. Ele foi queimado. Se eu fosse ele preferiria me matar. Ele estudou com a mãe em casa e por isso deve ser burro.

Nossa tendência é fazer exatamente a mesma coisa que acontece no filme: Quem mora nos Jardins é metido. Todos que falam pouco são tímidos. Todos que estão acima do peso são preguiçosos. Quem gosta de ler e estudar é nerd. As pessoas que usam óculos são mais inteligentes. Somente pessoas extrovertidas podem trabalhar com vendas. Para ser atleta tem que ter nascido com talento. Todos que usam preto são depressivos. Quem não pinta o cabelo branco é desleixado.

O nosso olhar e visão de mundo e de tudo que está inserido nele é único como cada um de nós. Depende de uma imensidade de fatores, de tudo que compõe a nossa história e perfil comportamental.

Quem somos nós? Um conjunto da forma como crescemos, dos valores compartilhados em casa, das escolas que frequentamos, dos professores que passaram por nossa trajetória, de amigos e primos que nos acompanharam desde a infância, das experiências pessoais e profissionais que vivemos e muito mais.

Uma das coisas que me chamou mais atenção no filme foi que em determinados momentos, abrem janelas para mostrar um pouco da história de cada personagem e porque naquele momento estão se comportando de determinada maneira. Nem tudo que parece é. Nem tudo que reluz é ouro. Quais os gatilhos que levaram a aquela ação? Quais as forças e as fraquezas? O comportamento é sempre o mesmo?

Nossa alma busca aceitação, inclusão e amor. Por outro lado, vivemos no fluxo contrário, em estado de alerta preocupados com o que os outros vão pensar e com medo dos julgamentos. Provavelmente, as únicas pessoas que teriam qualificação para julgar alguém, não teriam o menor interesse em fazê-lo. Quem nos julga não está habilitado, pois considera somente o que está certo e errado com base no seu perfil e sob sua própria ótica. Quem nos julga não conhece nosso caminho, propósito e histórias. Um pouco mais de calma, um pouco mais de alma.

Somos lindas aquarelas. Com pinceladas dos avós, cores dos nossos antepassados, misturas dos pais e irmãos, toques de tios e chefes e marcas de nossas experiências.

Mas então, somos todos lindos? Sim. Exatamente. Extraordinariamente lindos. Lindos para todos que estiverem abertos a ver o que está além da aparência física, da carcaça, do tom de pele, do esqueleto ou como preferirmos chamar. Para todos aqueles que estiverem dispostos a se conectar verdadeiramente com as outras pessoas, enxergar além do óbvio e conter os seus julgamentos. Uma conexão de coração e alma que pode transformar relacionamentos e mudar histórias.

“Quando tiver que escolher entre estar certo e ser gentil, escolha ser gentil.”