A supervalorização da criatividade

Por Alessandro Goulart e Vera Goulart

Hoje existe uma supervalorização da criatividade. A mensagem é que o segredo do sucesso está nas grandes ideias. Criativas, “inéditas” e inovadoras. Aquelas que nunca alguém pensou. A “tacada” de gênio.

Os jovens, então, correm todos atrás desse “tesouro”. Ter uma “super hiper” ideia e ser reconhecidos por isso. E, caso não se sintam valorizados, em um pequeno espaço de tempo, tendem a desistir e a buscar novos lugares que irão escutá-los e “entendê-los” melhor.

E a verdade é que, apesar de a criatividade ter seu valor, sem outras habilidades um profissional “apenas criativo” serve para muito pouco.

Inovação real (e no final é isso que importa) só ocorre quando se une criatividade com conhecimento profundo de um problema/atividade.

E como, por princípio, um jovem em início de carreira não tem conhecimento profundo de qualquer coisa, precisará de tempo para que sua criatividade se transforme em inovação.

Assim, a criatividade precisa vir associada a habilidades como aceitar críticas (e crescer com elas), conviver com as frustrações e ter comprometimento a médio e longo prazo. Sem essas habilidades, não importa quão criativo um jovem seja. Ele desistirá.

Por isso, os melhores profissionais a serem contratados são aqueles que encaram as críticas, as frustrações e os erros com perseverança, usando-os para crescimento e aprendizado. Essa é a maior qualidade que um profissional pode ter.

Ninguém gosta de ser criticado ou de ouvir comentários negativos sobre seu trabalho. Mas um jovem que se deixa abater por isso não vai a lugar algum. Não importa quão criativo seja.

A boa notícia é que, no final, mesmo demorando mais do que a maioria desejaria, são exatamente esses profissionais que acabam sendo verdadeiramente reconhecidos. E não aqueles que se consideram criativos e acima da média.