SUPPLY CHAIN- Muito além do Onmicanal – Parte II
Com a explosão do uso dos dispositivos móveis de comunicação e a expansão das plataformas digitais, os consumidores estão exigindo, cada vez mais, maior flexibilidade para a compra de produtos e serviços, de qualquer lugar, a qualquer hora e em qualquer plataforma de aquisição (direto na loja física ou virtualmente via desktop, notebook, tablets e celulares.).
De acordo com um relatório da Internet Society (Whitepaper - 2015), a expansão do uso da internet das coisas (IoT) resultará, segundo essa instituição, num impacto nos negócios que deverá atingir a cifra de US$ 11 trilhões até 2025.
Essa expansão projetada pela Internet Society enseja por um lado, a imperiosa necessidade de investimentos em redes de alta velocidade e a ampliação do leque de oferta desses serviços para os usuários. De outro lado, esse “mundo digital” que se propaga exponencialmente, abrirá as portas para a ampliação dos negócios e vai acelerar o varejo, permitindo assim, de forma confortável e prática, que qualquer consumidor exercite seu poder de compra, utilizando qualquer dispositivo móvel ou fixo!
Para otimizar os processos e a experiência do consumidor na compra de produtos que poderá ser realizada através de diversos canais - assunto tratado no artigo anterior (Parte I) – é indispensável estabelecer algumas prioridades, entre elas:
· Precificação consistente em todas as plataformas de compras;
· Capacidade de receber em casa produtos em falta no estoque;
· Possibilidade de rastrear os produtos adquiridos, nas mais diversas etapas da compra;
· Ter ofertas consistentes, em todos os canais de vendas;
· Ter habilidade de realizar a troca de produtos adquiridos, através de qualquer plataforma (online e física).
Nesse sentido, nasceu o que passou a ser denominado de Comercio Unificado (Unified Commerce – no jargão em inglês); que tem por objetivo melhorar a experiência do consumidor, exigindo, por via de consequência, que os varejistas atendam aos consumidores onde eles estiverem.
Assim, por exemplo, um consumidor vê um notebook numa loja virtual, entra em uma loja física, realiza experiências com esse equipamento e depois resolve adquiri-lo através de uma plataforma digital. Dentro desse enfoque, o Comercio Unificado necessita operar todos os seus canais em conjunto, para ganhar vendas e fornecer uma experiência consistente para o consumidor.
É obvio que a logística é uma parte crucial dessa operação, dado que os consumidores querem os itens que adquiriu, o mais rápido possível. Assim, por exemplo, encontrando-se no centro da cidade na qual existe uma loja física, o consumidor poderá retirar o produto que foi adquirido numa plataforma online, diretamente nessa loja, transformando-a numa versão bastante simplificada de um Centro de Distribuição.
No Brasil, algumas empresas já disponibilizam essa possibilidade, ao se adquirir um produto em num site. Ocorre que as opções oferecidas envolve a entrega via transporte mais rápido ou na modalidade “normal” (com maior prazo de entrega e custo de frete mais baixo, por conta do consumidor) ou a possibilidade da retirada do produto em uma loja que venha a escolher, dentro do elenco de lojas que a empresa oferece; porém em alguns casos observamos que a retirada do produto na loja física, irá decorrer, por questões operacionais em algumas empresas de varejo, em um prazo mínimo de três dias, após a compra via site, o que mitiga a satisfação do cliente em obter mais rapidamente o produto e tornando essa experiência desagradável!
Recomendados pelo LinkedIn
Portanto, para que haja total operacionalidade do Comércio Unificado, que de fato ofereça uma experiência positiva para o consumidor, é indispensável que todos os canais trabalhem em tempo real e conectados através de uma plataforma em nuvem. Dentro dessa abordagem, a Walmart e outras cadeias de lojas nos EUA, estão começando a alinhar seus canais, para permitir manter os consumidores satisfeitos, ensejando assim um crescimento nas vendas.
Nesse contexto, o Comércio Unificado é uma maneira de tornar uma estratégia omnicanal muito mais simples, permitindo ao varejista gerenciar tudo em um só lugar, levando em conta que todos os canais trabalham juntos em tempo real, conectados em nuvem.
A pressão para essas novas estratégias que, obrigatoriamente os varejistas terão que desenvolver, pode ser examinada com base em uma pesquisa realizada pela eMarketer, (empresa de pesquisa destinada a entender como a era digital está transformando o marketing, a mídia e o comércio). Essa empresa apresentou um estudo, mostrando que mais de um quarto dos usuários de smartphones, em todo o mundo, usarão seus dispositivos móveis para realizar transações.
A diferença entre o Omnicanal e o Comércio Unificado está focado no fato de que, no Omnicanal existem vários canais de vendas, porém são plataformas autônomas e gerenciadas separadamente; enquanto o sistema de Comercio Unificado, todos os canais são interligados e as informações são, em tempo real, compartilhadas por todos.
É importante observar que uma plataforma de Comércio Unificado oferece inúmeros benefícios, dentre eles podemos citar: aumento das vendas, melhor experiência do cliente através de capacidades “reais” entre canais, e redução de custos com a integração e simplificação da arquitetura e da infraestrutura de tecnologia de uma forma geral.
As vantagens do Comércio Unificado, um conceito ainda novo no varejo brasileiro, envolvem:
o Aumento da experiência do consumidor - em face da interação harmoniosa que ele terá através dos diversos canais de vendas disponibilizados;
o Maior Captura de clientes - cada vez mais interagindo no mundo digital, especialmente se levarmos em conta que grande parte dos consumidores brasileiros fazem pesquisas na internet antes de adquirir um produto; após a qual, experimentam o produto alvo, em lojas física, adquirindo-o posteriormente;
o Alcance – com o exponencial crescimento dos consumidores acessando a internet, cada vez mais buscam agilidade e comodidade na aquisição de produtos e serviços. Nesse sentido, o sistema de Comercio Unificado abre o leque de oportunidades para a interação desses consumidores;
o Simplificação dos processos – considerando que o sistema de Comércio Unificado reúne, em uma única plataforma tecnológica, todas as operações, consolidando pedidos e pagamentos em praticamente uma operação. Ela permite concentrar maiores esforços nas estratégias do próprio negócio, visto que a burocracia foi suprida pela agilidade da plataforma unificada.
Embora o Comércio Unificado seja um conceito relativamente novo, muito especialmente no mercado brasileiro, as empresas que mais rapidamente aderirem a essa nova estratégia de operação terão maiores vantagens competitivas no comercio varejista.