Tem dia que a gente não combina com o mundo...

Naquele dia ela tentou ser de verdade, mas foi um péssimo dia. Foi uma decepção. Achou que estava acertando. Coitada...todos disseram que não. Era o dia de ser feliz. Não foi. Foi uma enxurrada de críticas, mesmo no mais natural que ela pudesse ser. Não havia fingimento nela, estava feliz, natural. Mas, possivelmente não era isso que queriam dela. Queriam a perfeita, a entendedora, a conselheira, “a dona da p... toda”. Mas, naquele dia, ela tentava ser leve, genuína, sem máscaras, de verdade...

...É menina, o mundo não aceita isso não...O mundo quer brilho, postura firme. Quer intelectuais prontos para dar o grande conselho. O mundo quer teatro, gosta de papéis.

O que ela fará nos outros dias?

Vai guardar sua verdade pra sua caixinha de segredos. Vai colocar o natural num bolsinho e continuar a exercer os lindos e fabulosos papéis que o mundo lhe exige.

Talvez ela seja ela mesmo em pensamento, nos risos bobos de canto de boca que dá pelas boas lembranças, nos textos que escreve, nos pensamentos que voam. Mas, nada de se mostrar tão clara assim de novo como naquele fatídico dia. Essa tentativa de ser genuína não combina com o mundo.

Ela sabe a menina que ela é e sempre será, mas a guardará para poucos momentos e pouquíssimas pessoas.

Assim ela se machucara menos e viverá, ao invés de só sobreviver.