Tirocínio Docente - UFBA

Tirocínio Docente - UFBA

Durante o semestre 2019.2 eu precisava realizar o Tirocínio Docente (em outros lugares pode ser chamado como estágio docente), ou seja, enquanto doutorando ministrar aulas para graduandos. Eu tive muita sorte em cumprir esta atividade obrigatória, com uma turma de estudantes do curso de Biblioteconomia, sob a supervisão da minha professora – orientadora Denise Zoghbi, tratando do conteúdo curricular Introdução aos Estudos Linguísticos. E como maior desafio – tudo em português.

O mais marcante para mim foi o seguinte:

- Dos 20 alunos da turma, apenas uma havia tido uma experiencia com estrangeiros. Surpreendentemente os 19 outros nunca falaram com um estrangeiro pessoalmente. Isto requisitou em primeiro lugar situar os estudantes em um mundo mais globalizado ao tratar sobre interculturalidade, a fim de evitar ou minimizar os choques culturais que pudessem acontecer. Deixar claro para eles, que eu desejava ser corrigido – no caso de uso das palavras inadequadas, construções gramaticais não compreensíveis etc. Para eles foi tudo novo, até o ponto de se acostumar ao estrangeiro (eu) falando com sotaque “estranho”.

- Trazendo conteúdo internacional (por exemplo comparando língua portuguesa com a língua tcheca, comparando o hino dos dois países etc.), e também oportunizando encontros durante as aulas com os meus amigos locais, alguns deles internacionais (espanhóis), o que foi enriquecedor para eles – ao perceber que existe outras possibilidades de se ver o mundo fora da perspectiva apenas de Salvador e do Brasil.

- Pare eles, foi inesperável o fato de que eu me “coloquei” no mesmo nível valendo-me desta estratégia para motivá-los para participar e explicar o conteúdo das aulas, consequentemente consegui que todos trabalhássemos juntos como uma equipe – minhas aulas não eram “trabalho-solo” do professor. Eles gostaram muito do fato que puderam participar ativamente nas aulas, “brincar” durante as atividades coordenadas por mim e assim aprender o conteúdo desejado.

- Minha professora esteve sempre disponível para me ajudar e para apoiar moralmente. Eram minhas aulas – ela me deixou fazer tudo o que eu tinha preparado – porém, ela sempre estava lá para me “segurar caso eu tropeçasse”. Ela nunca me criticou durante as aulas, porém usou seu carisma e linguagem corporal para me “mandar sinais” para me corrigir nos momentos de incoerências. 

- Os alunos, e eu conseguimos estabelecer uma relação muito íntima, próxima, porém profissional, o que me deixava sempre na expectativa para o próximo encontro, de como se daria essas trocas na aprendizagem.

 

A experiência de ministrar aulas para os graduandos comprovou, mais uma vez, que eu adoro ensinar, e por isso obtenho bons feedback e me sinto à vontade em mediar com a turma.

Obrigado ao Espírito Santo por esta experiencia! Sou grato!

Fico feliz que pessoas como você estão compartilhando com meu país seu desenvolvimento e experiência de vida, além de sua cultura. Acredito em um mundo globalizado e para isso é preciso ter pessoas de coragem e ação, como você. É uma pena que muitos desses alunos nunca tenham tido contato com um estrangeiro, o que demonstra nosso bairrismo, mas acho que essa é uma realidade que pode ser mudada! Obrigado por compartilhar essa experiência. Abraços,

Vit Vanicek

Freelance - eventos esportivos, treinamentos outdoor, boot camps, aulas/cursos de canoagem, guia de canoagem/rafting

4 a

Essa frase: "O mais marcante para mim foi o seguinte: - Dos 20 alunos da turma, apenas uma havia tido uma experiencia com estrangeiros. Surpreendentemente os 19 outros nunca falaram com um estrangeiro pessoalmente." Essa é uma das coisas que pra mim saltou aos olhos lendo o seu relato. Acho surpreendente acontecer isso num mundo cada vez mais globalizado. Entendo que o Brasil é grande, mas estamos falando de isso acontecer na capital de um estado com grande fluxo de turistas. E ao mesmo tempo vejo ressaltar a diferença dentro do país. Em São Paulo, onde vivo, encontrar estrangeiro é cada vez mais comum e você não precisa procurar muito.

Muito bem, Petr, é colocando em prática e repassando os conteudos que aprendemos a arte de ensinar.

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