A TRAVESSIA E A VOZ

Na travessia, onde todos aceitaram o desafio para o novo mundo, alguns já avistaram o exato momento. Ao som daquela voz, pus-me a pensar, onde estou? O volume das águas e o som dos ventos não ofuscaram o que estava por vir.

Era algo incrível. Verde. Belo, mas desafiador. Poucos naquela altura do grande mar, mesmo ao som da voz, perceberam que o grande momento estava ali, diante deles, prestes a chegar, - ou não. 

Houveram tripulantes que sentiram a brusca curva da proa. Era claro para alguns que a nova colheita chegara. Para estes, não houve surpresas, pois já aguardavam os subterfúgios previstos ao longo da viagem.

Um novo ciclo de crescimento para os que o queriam chegar lá. E a voz contínua me impulsionava a acreditar. É que ela carregava uma história, um propósito peculiar que só buscando saber dava pra crer.

Enquanto as ondas anunciam o desafio de mais uma travessia, o estar ali com o seu melhor já não era tão suficiente. A motivação e a técnica precisavam ser dobrada, até desdobradas, penso. A perseverança interior, a força e principalmente o acreditar genuíno de cada tripulante seria posto a uma natural prova onde os fortes se recompensariam por suas próprias escolhas.

Viam-se até sorrisos em meio aos balanços dos cabos e velas, segurados por apertos firmes, mãos sólidas. Passada a primeira etapa, chegou a hora de cortar ondas e ventos, juntos ao que a voz proclamava.

Neste instante ficou claro, para alguns, que era chegado o tempo de remar, não de gritar. Tempo de amarrar cordas ao invés de desatá-las. De recolher os cacos, sem desproteger os seus.

Mas a estes, só será possível se decidirem, acima de tudo, serem comandantes de si mesmos e amantes da causa, da boa obra e da essência que está por trás das vidas que, com palavras incessantes, ecoavam.

Vidas dignas que ousaram sem ter, criaram no caos, inventaram soluções e oportunizaram a travessia. Nela, outras vidas ganhariam mais experiência, mais patamar, conquistariam mais, ganhariam visões. Um viva a isto!

Mas uma coisa latente ocupou minha mente naquela madrugada fria ao mar: vendo as mais variadas formas de desespero, e insciência de alguns. Percebi preparo e uma coragem entusiasta de outros poucos.

Nisto, vi que a maior diferença estava na arte de comandar-me a mim mesmo e simplesmente produzir esforços para não ficar para trás.

Ah! A voz que eu ouvia? Vamos em frente... juntos somos mais.

* * *

Conselho da Semana:

Trabalhe. Apenas trabalhe naquilo em que foi absolutamente confiado, responsabilizado, sem dependências, usando a técnica, a criatividade e o coração. São 3 palavras que ao longo da história fizeram história. Só pergunte-se a si mesmo: o que me move a estar aqui? Nesta trajetória? 

Receba meu fraterno abraço.

Por Alex Cavalcante | SC/SP | Brasil