Um ano de pandemia: O que aprendemos sobre as relações humanas nas empresas?

Nesse mês de março, completamos um ano desde que os primeiros efeitos dessa terrível pandemia, inicialmente distantes, começaram a chegar às nossas portas.

Do susto inicial causado pela paralisação de inúmeras atividades, passando pela privação de nossa liberdade de ir e vir, até a incorporação da máscara e do álcool em gel como acessórios obrigatórios, empresas e pessoas tiveram que buscar um longo e penoso processo de adaptação. 

A reflexão desse artigo segue no sentido de nos perguntarmos “o que aprendemos com esse um ano de pandemia no que se refere às relações humanas nas empresas?” 

São perguntas do tipo: “O caminho forçado em direção ao trabalho remoto foi bem assimilado pelas empresas que puderam adotar esse modelo?” “Como as lideranças conseguiram superar a distância para promover o engajamento dos colaboradores do time?” “E o espírito de equipe, conseguiu se manter?” 

Na outra direção, aquela das empresas ou equipes que não puderam contar com o trabalho remoto, nos perguntamos: “Qual o impacto do risco causado pela pandemia nos trabalhadores que diariamente voltam para suas casas com a preocupação de terem levado o vírus consigo?” 

“Quantos colaboradores foram infectados devido ao trabalho presencial, em alguns casos sendo responsáveis pela transmissão para pessoas próximas?” “Como gerenciar o sentimento de culpa de muitas que passaram pela situação acima?”. 

Não existe uma única resposta para os aprendizados que tiramos desse período que pode ser considerado um dos mais sombrios da humanidade em todos os tempos. Cada empresa, equipe ou pessoa obtiveram aprendizados a partir de suas próprias experiências. 

Reuni alguns aprendizados que observei nas interações que tive nesse período com empresas, equipes e pessoas, e passo a listá-las aqui para que você possa comparar com as suas próprias experiências: 

1.       Liderança e influência podem ser exercidas à distância: O que observo após um ano de pandemia é que, apesar de inicialmente incomodados pela distância, líderes que souberam ter preocupação legítima com seus colaboradores, conseguiram manter a influência positiva sobre elas.

2.      O modelo de direção e controle sofreu um golpe duro nessa pandemia: Gestores acostumados ao modelo de controle dos colaboradores sofreram muito e continuam tendo dificuldade em se adaptar por não ter mais o controle físico sobre o time.

3.      Líderes medíocres continuam medíocres à distância ou presenciais: Colaboradores em trabalho remoto responderam à atenção sócio emocional oferecida por seus líderes da mesma forma que no formato presencial. Ouvir, se preocupar, dar atenção, ter empatia, estar próximo, não depende da presença física.

4.     Empresas que deram conforto emocional aos seus colaboradores criaram laços mais profundos: As pessoas estão muito sensíveis ao momento que estamos passando. Entender essa sensibilidade, acolher as pessoas, dar conforto emocional, são ações de conexão que trazem impacto duradouro.

5.      O ser humano na sua essência é digno de confiança: A esmagadora maioria dos profissionais mantiveram sua responsabilidade, suas entregas e sua performance à distância, provando que confiar nas pessoas é o melhor caminho para a liderança.

6.     Relações humanas saudáveis constroem resultados consistentes: A importância de ter relações humanas saudáveis nas empresas continua mais verdadeira do que nunca. A Pandemia evidenciou ainda mais o lado humano dos negócios.

7.      Paradigmas de efetividade dos contatos on line foram repensados: Quem não ouviu comentários do tipo: “O trabalho remoto funcionou surpreendentemente bem”, “Não imaginava que poderia fazer reuniões on line com tanta efetividade”, “Treinamentos à distância podem ser tão bons ou até melhores do que os presenciais”. Eu mesmo posso dizer que sou uma dessas pessoas que me surpreendi com processos de Treinamento, Team Coaching, Mentorias e Workshops on line, com excelentes resultados de aprendizagem e mudança comportamental.

8.     O conceito Antifrágil nunca foi tão testado na prática: O conceito criado pelo pesquisador Nassim Nicolas Taleb, que aponta para as possibilidades de se prosperar no caos, foi fortemente testado nesse período de Pandemia (e continua sendo). Uma parcela importante das pessoas viu oportunidades de prosperar de formas variadas frente ao caos que estamos vivendo.

9.     Nossa capacidade de adaptação é incomensurável: O ser humano consegue proezas inimagináveis quando submetido à pressões para a mudança.  Nas empresas isso foi posto a prova e a pandemia mostrou mais uma vez essa nossa capacidade de reagir e prosperar na adversidade. 

Enfim, como comentado no início desse artigo, são alguns aprendizados que observei nesses últimos doze meses, mas a lista de superações e crescimentos não se esgota aqui. Cada experiência traz em si seus próprios aprendizados. 

Por isso torna-se relevante fazer um balanço desse período para extrair o que fizemos de bom e o que poderíamos ter feito melhor. 

Sem dúvida durante muitos anos iremos nos lembrar desse trágico período como um dos mais desafiadores que passamos como humanidade e, por mais difícil que possa ter sido (e ainda continua sendo), também traz no seu conjunto, aprendizados que levaremos para sempre nas nossas vidas e nas relações entre pessoas e empresas.

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 --------------------------------------------------------------------------------------------------------Marco França é consultor de comportamento organizacional, especialista em liderança, cultura e inteligência emocional. Ex-executivo financeiro, trainer, mentor e coach executivo há 16 anos, professor de Pós Graduação e MBA e autor do livro Além do Lucro – Editora Saraiva, 2008.

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