Um discurso corporativo para chamar de seu
Golconda. René Magritte (1953)

Um discurso corporativo para chamar de seu

Saiba usar o discurso da sua empresa para mostrar que você é enquadrado e com isso dar uma polida na sua imagem profissional.

Mostrar que você é está ajustado à empresa e seus valores da empresa ajuda muito a mostrar que você faz parte do time e com isso fazer seu chefe confiar em você. E para mostrar enquadramento, é imprescindível usar palavras e expressões que mostrem que você interiorizou os valores e objetivos da empresa. E que portanto age e pensa conforme.

Para isso, uma boa ideia é estudar documentos corporativos, como relatórios anuais ou planos estratégicos, onde você pode encontrar a missão, visão, valores e objetivos corporativos. Além do mais, aproveite a seu favor a lengalenga empresarial, pois a sua superficialidade e vaguedade facilita o seu uso nas mais diversas ocasiões. Por isso, é hora de tirar do armário as expressões “agregar valor”, “visão focada no cliente” e outras que tais. Elas vão servir para inserir seu trabalho dentro do contexto dos mais altos valores corporativos e justificar as atividades que você exerce como alinhadas com a missão, valores e objetivos estratégicos da empresa. Por exemplo, se sua empresa tem como objetivo declarado “aumentar a rentabilidade do acionista”, você pode sempre afirmar que seu trabalho “está orientado no sentido de aumentar o retorno do investimento”. Se a missão da empresa é “criar uma experiência única para o cliente”, você vai dizer que tudo o que você faz é pensando no cliente e em sua satisfação.

Estude o que a empresa considera como importante tanto no momento atual quanto no longo prazo. E aprenda tão bem e de tal forma que o seu uso rotineiro se torne absolutamente natural.

E claro, deve-se ficar atento ao que a alta direção anda dizendo, pois as empresas possuem determinadas preocupações de curto prazo, e saber surfar na onda do momento mostra engajamento e compromisso. Por exemplo, se sua empresa está obcecada no momento com redução de custos, sempre diga que uma adequada análise custo-benefício deve ser feita em todas as ocasiões. Se a concorrência está apertando, sempre mencione a importância de se “avaliar o ambiente competitivo”. Se a palavra do momento for inovação, ótimo, empregue-a livremente a todo momento e em todos os contextos, até mesmo na reforma do banheiro.

Ah, a mudança. Pois é, parece que hoje em dia as empresas estão sempre em processo interminável de reorganização, reestruturação, modernização e atualização. Nunca diga que não vai dar certo nem muito menos que você é contra, por melhores que sejam as razões que você apresente. Não compre essa briga porque ela não é sua, e você não é pago para dar palpite sobre instruções que vêm lá de cima. Se as mudanças derem errado mais adiante, o problema não é seu, é de quem teve a ideia. Portanto, em todo o processo de restruturação, sempre se manifeste a favor, dizendo que é bem-vinda toda mudança que sirva para tornar a empresa mais eficiente. Por isso, esteja sempre atento e preparado para as mudanças organizacionais: seja flexível igual ao bambu, dobre-se para não quebrar. Fluidez do Tao.

Finalmente, lembre-se que os conceitos fundamentais de qualquer empresa são a racionalidade, a objetividade e a eficiência. Essas ideias permeiam todas as declarações empresariais, e embasam tudo o que é dito, escrito e decidido dentro de uma empresa. Exatamente pela sua importância, você deve usar em profusão essas palavras, especialmente para justificar seu trabalho, fazer pedidos ou apresentar uma nova ideia ou projeto para seu chefe. Nesses dois últimos casos, você deve revesti-los de uma grossa camada de racionalidade. Para isso, use da objetividade para escrever um plano com informações detalhadas que justifique suas ideias. E isso sempre baseado na eficiência para atingir os objetivos da empresa e usando uma lógica racional para convencê-lo. Ah, e não se esqueça de demonstrar por A mais B que você é competente para realizá-lo.

Em resumo, além do uso amplo das ideias de racionalidade e objetividade, deve-se estudar e entender o que a empresa considera como importante tanto no momento atual quanto no longo prazo. E aprender tão bem e de tal forma que o seu uso rotineiro se torne absolutamente natural. Quer dizer, ficar com o discurso na ponta da língua. Se você exagerar seus colegas vão achar que você é um alienado e vendido, mas seu chefe com certeza vai ficar encantado em saber que tem um subordinado tão alinhado com a cultura da empresa.

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(Este é um extrato resumido do livro "Como causar uma Boa Impressão no seu chefe", à venda na Amazon.com.br (digital) e Amazon.com (impresso))

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