UNFOLLOWNISMO - 9 razões para adotar esse estilo de vida
Tudo começou lá no Orkut. Era até legal ser amigo de muuuuuita gente, participar de muitas comunidades exóticas e deixar um monte de depoimentos pra galera. Mas era só o Orkut, né gente? A internet ainda era mato. Não havia essa hiper exposição nem esse tanto de plataformas, apps de comunicação instantânea e redes sociais.
De lá pra cá a coisa ganhou uma proporção gigantesca e reconfigurou toda a nossa dinâmica social. Facebook, Instagram, WhatsApp, Telegram, Twitter, LinkedIn, Pinterest, TikTok e sei-lá-mais-o-quê-lotado-de-coisa, engolem 36 horas do nosso dia se a gente bobear.
As conexões e fontes de informação cresceram exponencialmente. Fomos impactados de forma avassaladora. Há muito mais informação do que o nosso cérebro consegue acompanhar ou reter. E isso, desse jeito, toma tempo e cansa muito. Tô mentindo?
Demorei, mas percebi que a conta não fechava. Por isso, e inspirada em alguns adeptos desse estilo de vida (que já vou explicar), decidi que era necessário agir. Colocar um filtro. Fazer uma seleção e alterar essa equação para garantir saúde mental, mais foco e conexões de valor.
Passei a praticar o unfollownismo deliberado. Ou seja, deixei de seguir muita gente e até mesmo de aceitar algumas novas solicitações de conexão. Passei a escolher a minha própria rede. E olha, foi uma revolução!
Sei que pode parecer arrogante, principalmente na nossa cultura. Temos um medo danado de desagradar os outros. Mas garanto que não se trata de arrogância. É uma questão de escolha, autoproteção e, volto a dizer, de foco nas suas prioridades. Pensa comigo:
1. É impossível absorver tudo!
Há uma avalanche por dia nas nossas cabeças. Seja por texto, áudio, vídeo ou gráficos. Somos atropelados o tempo todo, especialmente quando estamos conectados, online.
Tentar absorver todas as notícias, ler todos os livros, ver todos os filmes, aprender sobre todas as dietas, acompanhar todas as novidades sobre empreendedorismo, ou seja-lá-o-que-for que nos é ofertado, não é uma atitude razoável. Nem possível. E adoece muita gente. Põe isso na sua cabeça! Se antes a mídia de massa (como a TV) selecionava o que a gente ia consumir, hoje essa curadoria é de cada um. O poder é seu. Ajuste a sua programação!
2. Menos ainda é mais (mesmo nas conexões virtuais!)
Quem foi que te disse que volume significa qualidade, criatura? Isso é uma falsa percepção. ‘Seguir’ muita gente não vai garantir que você receba coisa boa. Só vai garantir que você receba MUITA coisa. E, provavelmente, se sinta perdido, cansado, desgastado e incapaz diante daquela ‘muntueira de trem’ (como dizem poeticamente os mineiros). Se puder, simplifique.
3. Você não é obrigado a ‘seguir de volta’
Não é porque alguém curte o seu conteúdo que você é obrigado a curtir o dele(a). Não tem essa de ter que seguir todo mundo que te segue. O tal do ‘SDV’ vai acabar te gerando conexões pobres e um feed que não te interessa em grande parte do tempo. Pessoas são diferentes. Gostam de conteúdos diferentes. E tá tudo bem. Você é livre tanto pra seguir, quanto pra não seguir. Essa obrigação não existe.
4. Não faz o menor sentido acompanhar o que te faz mal.
A informação é uma forma de alimento pro nosso cérebro. Os conteúdos e imagens que consumimos influenciam diretamente na nossa vibração e em como a nossa mente percebe a realidade. Fala que você nunca se pegou rolando o feed e experimentando sensações de frustração? Se comparando e se sentindo inferior? Ou até mesmo invejando a vida, o corpo ou o trabalho de alguém, ainda que inconscientemente. Quem nunca?
Priorize perfis e pessoas inspiradores, que realizam coisas bacanas e te enchem de motivação. Tudo depende da forma. De quanto aquilo faz sentido, te acrescenta e te impacta positivamente.
5. Tenha seus próprios parâmetros de unfollownismo
Quando comecei a praticar, criei critérios pessoais. Que são:
a) Essa pessoa é importante pra mim? Quero saber sobre ela? Participa da minha vida real ou virtual? Interage comigo? (Aqui entram amigos, familiares, vizinhos, gente que faz parte da minha vida pessoal, intima, e por quem eu me interesso e troco experiências de verdade).
b) Essa pessoa compartilha coisas que me fazem bem (mesmo que eu não a conheça pessoalmente)? Seus posts me inspiram, me ensinam, me divertem ou me acrescentam de alguma forma? (Aqui, normalmente, entram artistas que eu admiro, pessoas que são referências profissionais e pessoais. Gente ou ideias com os quais crio laços, me identifico, cresço, me desafio construtivamente, ou apenas, relaxo e dou boas risadas).
Tem que ganhar ‘sim’ em pelo menos um dos critérios pra continuar na minha lista de amigos digitais. O que, definitivamente, não dá é pra investir tempo precioso com quem não é parte da nossa vida, geralmente não nos acrescenta e, em muitos casos, ainda nos joga pra baixo.
6. Se o tempo é pouco, sua saúde mental primeiro.
Uma timeline lotada, tóxica e recheada de coisas que não te interessam é um ENORME desperdício de tempo e energia. É focar em algo destrutivo e embarcar numa máquina de fazer maluco. Portanto, selecione! Preencha suas redes e sua cabeça com o que vale a pena e te proporciona uma vida mais saudável e prazerosa. O tempo é o mesmo pra todo mundo, mas ele vai passar melhor pra quem cultivar saúde mental e conexões de valor.
7. Ainda acha o unfollow radical? Invista no ‘silenciar’
Muita gente prefere a postura mais diplomática, ainda que isso lhe custe um preço bem caro. Particularmente, prefiro deixar de seguir. Mesmo assim, reconheço que há casos delicados. Pra esses, sugiro pelo menos o ‘silenciar’, ‘deixar de seguir’ ou algo que mantenha ali o vínculo, mas não te exponha aos conteúdos postados (e talvez evite algum desgaste). Eu comecei assim, silenciando. Depois percebi o ganho e avancei na ideia.
8. Não é pra virar um ermitão digital! E nem é sobre viver entre iguais.
Unfollownismo não é sobre se isolar. É sobre construir conexões de valor. E elas podem ser muitas. Centenas, milhares, milhões, quem sabe. Mas é mais importante que sejam, majoritariamente, saudáveis pra você.
Também não é pra criar uma bolha só com gente que pensa igual. A divergência de pensamento é importante. A diversidade é importante. Mas têm que ser relações construtivas, respeitosas, colaborativas e capazes de somar.
9. O unfollownismo vai liberar espaço na sua vida, inclusive fora das redes.
O excesso de informações, principalmente as tóxicas, dá aquela sensação de sufocamento, de já acordar em atraso, em débito com tanta coisa. Além disso, no mundo online há uma tendência à idealização ou mascaramento da realidade. E isso cria uma ilusão, um parâmetro falso, que induz a comparações irreais.
Então, quando a gente simplifica, fica mais leve. Surge até mais espaço pra vida offline. Afinal, a vida é tanto ON quanto OFF. E um volume menor de informações vai ajudar a equilibrar essa balança.
Mas e as pessoas que eu dei unfollow?
Preocupado até agora? Pára de achar que o mundo é sobre você! Essas pessoas só são diferentes ou estão em outras vibes. Elas têm valores, focos e percepções de mundo diferentes. Mas isso não significa que estejam sós ou ainda que dependam da sua ilustre e fiel amizade virtual. Elas vão construir conexões e ampliar suas redes entre aqueles com aspirações, focos e visões mais semelhantes.
Inclusive, o seu unfollow vai ajudá-las a ter ‘seguidores’ mais alinhados com suas ideias e que partilham, com mais afinidade, daquilo que é postado. Acho muito mais honesto, orgânico e real. Fora que o unfollow de hoje pode voltar a ser o follow de amanhã. Tudo é relativo e não precisa ser definitivo.
Faz sentido pra você? Então, talvez seja a hora de ter seus próprios critérios e filtros. Um universo virtual muito mais produtivo e prazeroso pode surgir diante dos seus olhos.
:)
Texto originalmente postado em detrasprafrente.com, meu blog de crônicas e artigos sobre vida e trabalho (e um intercâmbio aos 40). Vem me ler mais!
Sobre o autora:
Seja atuando como escritora, professora, consultora ou palestrante, busco provocar reflexões (e quem sabe ações?) sobre novos formatos e realidades profissionais. Mais honestos. Mais inclusivos. Mais diversos. Mais flexíveis. Mais satisfatórios. E muito, muito, mais sustentáveis.
Acredito que gente merece (e pode) viver e trabalhar com aquele quentinho no 💗.
Especialista BI @ Grupo Boticário | Google Cloud Certified | Data & Analytics
4 aQue baita texto Mivla Rios! Merece demais ser compartilhado.
Vendas I Marketing I Inovação I Publicidade I
4 aO artigo da Paty me trouxe até o seu artigo e digo que as ações por vocês descritas são incríveis. Esse lance do "Sintonize no conteúdo que te faz bem" é uma filosofia tão simples porém tão poderosa que faz o peso nas costas de qualquer um desaparecer. Incrível!
Histórias bem contadas para quem faz a diferença • Ghostwriter • Pessoa altamente sensível (PAS) 🌿
4 aEu salvei seu artigo e hoje, lendo com toda a calma do mundo, depois de me desligar do LinkedIn por uns dias, a vontade que dá é de imprimir e colar na testa! Que texto mais delícia de se ler, gente. Me vi em muitos pontos que você abordou e a leveza com que você conduziu as ideias me encantou demais. É dose pensar nessa mania de agradar, nesse medo cultural que faz parte do brasileiro... que coisa. Ainda me pego lutando com isso e sofro pra deixar de seguir pessoas que algum dia me fizeram bem ou tinham minha admiração e agora me perturbam. As coisas mudam, a gente cresce, mudam os nossos valores, os nossos interesses... não tem sido um exercício fácil pra mim perceber que certos conteúdos, onde antes eu via ouro, agora me desestabilizam. Com essa pandemia, guria, muita máscara tá caindo (olha o trocadilho aí!). Comecei há alguns dias a restringir certas coisas e pessoas, e tem dado certo, consegui uma limpeza boa no feed. Mas a maior é na cabeça da gente, né? Realmente temos uma ideia muito louca de como as coisas giram ao nosso redor... que baita ego, hahah, achar que tudo ou quase tudo é sobre nós. Enfim, poderia passar muito tempo tagarelando sobre tudo que teu artigo despertou em mim, mas tô com medo de passar o limite de caracteres, HAHAHAH. Um beijo pra você e muito obrigada por essa reflexão maravilhosa :)