"universidade"

A universidade de Brasília, da forma como está estruturada, se tornou uma instituição retardatária em relação aos avanços em políticas de ensino, sistemas organizacionais, estratégias de ação e flexibilidade. Uma situação que chama atenção é a resistência dessa instituição à mudança. Mesmo sendo um consenso o fato de que a melhoria do ensino superior é fundamental para o desenvolvimento do País, a universidade de Brasília enfrenta muitas dificuldades para implementar reformas e mudanças significativas. Ela se tornou uma instituição burocrática recalcitrante à mudança e rarefeita à inovação. A forma de comportamento dos atores envolvidos na dinâmica administrativa e acadêmica da universidade se reporta, em grande parte, às competências distribuídas e amparadas no sistema normativo instituído. Nas organizações públicas, a exemplo das universidades federais, enfrentam-se dificuldades para abandonar características burocráticas não desejáveis, tais como o corporativismo e o excesso de regras. As dimensões da atividade acadêmica universitária – ensino, pesquisa e extensão – se tornam, ocasionalmente, reféns de um processo burocrático amplo, submetido a normas e dependências às vezes desnecessárias, produzidas pelas estruturas piramidais de apoio . Não é estranho que uma universidade estruturada em centros, faculdades, institutos, programas, decanatos, colégios, comissões, coordenações, núcleos, fundações, secretarias e outras tantas formas funcionais possua uma tendência natural de se constituir em organismos burocráticos de grande densidade. E, sendo assim, as tentativas de mudança na intenção de simplificar, agilizar e racionalizar tal estrutura burocrática complexa enfrentam resistências internas. 

A complexidade estrutural e organizacional da universidade gera distorções com a plena identidade das funções de ensino, pesquisa e extensão. A pesquisa e a extensão são, em alguns casos, apêndices da atividade de ensino e não funções programáticas com personalidade acadêmica própria, como deveriam ser. A atividade de pesquisa se desenvolve por ação complementar dos docentes, em ambientes de ensino e de caracterização muito individualizados. Os ambientes de pesquisa que apresentam nível elevado – de excelência - nesta atividade ainda estão em número insuficiente. E nesse sentido, a estrutura departamental pode ser negativa por alocar em um mesmo ambiente, e sem definições claras, as funções de ensino e pesquisa da universidade. O mesmo ocorre com a extensão, um campo de indefinição e pouca adequação de escopo, fazendo parte do conjunto comum de atividades departamentais. O caráter colegiado das decisões não neutraliza nem a natureza burocrática das competências legais, nem as formas de domínio hierárquico. Assim, é errônea a visão de que o modelo colegiado de tomada de decisão se opõe à forma burocrática de gestão, pelo contrário, os dois modelos interpenetram-se.

Outra questão é a forma como o poder se distribui na universidade, onde vige um sistema institucionalizado de poder que bloqueia a fermentação de ideias, pune os criativos e rebeldes, premiando apenas os amiguinhos do rei; a distribuição de poder em estruturas complexas, segue uma rede densamente ramificada, na qual se destacam pontos de maior ou menor concentração de força decisória. Os baixos limites decisórios da autoridade burocrática fazem com que o poder de decisão, mesmo que individualizado ou colegiado, esteja muito distante do ambiente que gerou a demanda.

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