Universidade Singularity e os modelos disruptivos na educação
Os novos modelos surgem e desafiam as instituições tradicionais

Universidade Singularity e os modelos disruptivos na educação

Com o modelo atual de universidade ultrapassado, surge a Singularity, fundada em 2009, com aporte de investimentos do Google, Nokia, Cisco, Kauffman e NASA. Conheça!

Assim como no mercado de trabalho, a experiência universitária presencial não se adapta mais aos diferentes tipos de inteligências.

As profundas mudanças nas formas de se comunicar e interagir, somadas as discussões sobre como aprendemos vem transformando os modelos de ensino.  E mesmo sendo difícil, o ensino na universidade como conhecemos vai mudar, segundo David Roberts, especialista em inovação e membro da Singularity University. Fundada em 2009, a instituição de ensino tem investimentos do Google, Nokia, Cisco, Kauffman e NASA. O objetivo é formar líderes com capacidade para  resolver, por meio da inovação e tecnologia, os oito grandes desafios do planeta. Entre eles:  

  • acesso amplo e sustentável a energia;
  • desenvolvimento sustentável;
  • alimentação para todos;
  • acesso a água potável;
  • acabar com a pobreza;
  • garantir educação;
  • e saúde e segurança para todos.

“As únicas universidades que sobreviverão são as que têm um nome forte, como Harvard e Stanford. Os nomes dão distinção e isso significa algo para o mundo. As outras, vão desaparecer”, observa.

Novos modelos

O modelo de inovação da Singularity estão em crescimento, e atualmente, a instituição possui unidades nos Estados Unidos, Dinamarca e Holanda, com planos de expandir para outros países da Europa e América Latina. Em novembro, a Singularity firmou parceria com a HSM, um braço de educação executiva da Anima, para abrir uma unidade da universidade em São Paulo, em 2019.

Cursos

As aulas serão ministradas por professores dos Estados Unidos e do Brasil. E os cursos trazidos para o país são de inteligência artificial, robótica, impressão 3D, inovação, energia, biotecnologia, big data, entre outros temas relacionados a tecnologia e inovação.

Ampliando horizontes com a Minerva e a Singularity

Para Robert, a educação precisa se distanciar do modelo tradicional de acúmulo de conhecimentos e se aproximar da ideia mais ampla de aprendizagem.

“A educação está falida. Ensinamos as pessoas da mesma maneira durante os últimos 100 anos e, como crescemos nesse sistema, achamos que é normal, mas é uma loucura”, diz Roberts. “O verdadeiro propósito da escola deveria ser gerar curiosidade, pessoas com fome de aprender”, completa.

Injetar novos conhecimentos de especialistas da área pode ser um catalisador para mudanças: com novas pesquisas sobre os processos de aprendizagem, e modelos de ensino mais eficazes, que podem ser desenvolvidos para atender às necessidades dos alunos.

“Outro dos grandes dramas é a falta de personalização nas aulas. Quando um professor fala, para alguns alunos será rápido demais, para outros muito devagar e para quatro terá a velocidade certa. Depois são avaliados e sua curva de aprendizagem não importa, são acelerados no curso seguinte. Hoje sabemos que se nos adaptamos aos diferentes tipos de inteligências, 98% dos alunos terão melhor resultado”, explica Roberts.

Digitalização

Outro caminho apontado por Roberts para a universidade no futuro é a digitalização, mas, para isso, as instituições precisam reavaliar os seus modelos de ensino e aprendizagem.

“Grandes universidades não querem oferecer seus conteúdos online porque acreditam que a experiência dos alunos será pior, que não existe nada que possa igualar o frente a frente com o professor na sala de aula. Enquanto ignoram a revolução que acontece fora, a experiência de aprendizagem online irá melhorando”, diz o professor.

A digitalização do ensino está por trás da ideia de projetos como o edX, plataforma online que oferece aulas e conteúdos de instituições renomadas, como MIT, Harvard e Berkeley. Todos gratuitos e para usuários de todo o mundo. Para Anant Argarwal, professor de ciência da computação e fundador da plataforma, o modelo é uma revolução no ensino.

“Isso vai reinventar a educação. Vai transformar as universidades. Vai democratizar a educação em escala global. Essa é a maior inovação na educação nos últimos 200 anos”, defendeu Argarwal.

Outra iniciativa é a Universidade Minerva que começa a ganhar espaço ao ofertar uma experiência educacional diferente da encontrada no modelo tradicional. Os alunos têm aulas online e ao vivo, com turmas de no máximo vinte pessoas.

Campus itinerante

Uma das principais inovações da universidade é oferecer a experiência de campus itinerante: no primeiro ano, iniciado em 2014, os alunos estudaram em São Francisco, na sede da Universidade Minerva; depois disso, passam cada semestre em um país diferente.

Resistência

Mas a disrupção do modelo tradicional trazida pelas inovações da Universidade Minerva e a Singularity ainda encontra resistência. Em uma análise, Michael Roth, presidente da Universidade Wesleyan apresenta críticas ao ideal de disrupção do modelo de ensino superior por meio das novas tecnologias.

“Não vamos sucumbir à fantasia tecnofantástica de pensar que o ensino superior pode ser pirateado em um aplicativo – como pedir um táxi ou organizar dados através de uma selfie”, diz “Muitos participantes de educação à distância demonstram um desejo intenso de ir a um campus universitário – um espaço físico, mesmo que híbrido, em que eles possam buscar conhecimento além das telas digitais”, segue.

Dogma educacional

Conforme Roberts, o pensamento de que os alunos precisam da experiência universitária presencial é um dogma educacional que precisa ser quebrado. “Hoje em dia vemos a maior disrupção da história na educação e a mentalidade habitual diante dessas transformações tão radicais costuma ser a de pensar que o anterior era melhor”, diz.

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