A verdadeira força do(a) empresário(a).

A verdadeira força do(a) empresário(a).

Neste domingo, teço minhas reflexões, compartilhando com vocês os insights de uma mente que dialoga com os universos que habitamos. Como empresário, consultor empresarial e, agora, estudante de psicanálise, sinto a necessidade de abordar questões importantes para nossa intrigante comunidade empresarial, explorando abordagens que vão além do senso comum. Uma máxima do mundo empresarial que devemos questionar é a exigência de ser forte o tempo todo.

Quantas vezes você já se sentiu pressionado a ser forte o tempo todo? A imagem do líder imbatível, sempre pronto para enfrentar qualquer desafio, tornou-se um ideal. O gestor que enfrenta as dificuldades sem esmorecer é admirado e cultuado. Mas quantas vezes você se sente falhando quando não é forte o suficiente? Essa constante exigência de força inabalável pode ter profundas implicações para nossa saúde mental e emocional. Vamos refletir juntos sobre isso.

Nossa estrutura psíquica é composta por três instâncias: id, ego e superego, formando nossa psique. Os gregos consideravam a psique como a personificação da alma. Quando começamos a interagir com o mundo, o ego se forma, equilibrando nossos desejos mais profundos (id) com a realidade. No mundo empresarial, o ego está constantemente pressionado a apresentar uma fachada de invulnerabilidade. Isso resulta na repressão de emoções como medo, insegurança e vulnerabilidade, vistas como fraquezas. Essa repressão, porém, não vem sem consequências: ansiedade, estresse e burnout são frutos dessa necessidade de mascarar emoções, de engolir sentimentos e acabar sufocados por eles.

A vulnerabilidade é uma experiência essencial para nós, humanos. Negá-la pode trazer graves consequências. Eu mesmo passei por um período em que precisava me mostrar forte e invulnerável. O resultado? Altos níveis de estresse, desconexão com a realidade e decisões erradas que poderiam ter levado minha família a problemas financeiros. Meu corpo mostrava sinais de falta de boa circulação de emoções. Abraçar nossas imperfeições e vulnerabilidades é fundamental para a autenticidade e o bem-estar. Negar essa parte de nós mesmos nos isola emocionalmente, resultando em solidão e desconexão, tanto pessoal quanto profissionalmente. Quantos empresários se sentem sozinhos?

No mundo dos negócios, somos assombrados por alguns fantasmas: medo do fracasso, dúvidas sobre nossa capacidade e sentimentos de inadequação. Ignorar esses aspectos pode nos levar a projetar inseguranças em outras pessoas ou situações, criando um ciclo de conflito e estresse. Imagine um gestor de equipe que não consegue lidar com suas próprias emoções. A pressão para ser forte pode desencadear mecanismos de defesa como racionalização e projeção. Podemos racionalizar nossas emoções, dizendo a nós mesmos que precisamos ser duros para ter sucesso. Podemos projetar inseguranças nos funcionários, criticando-os por fraquezas que, na verdade, são nossas. Esses mecanismos podem prejudicar a dinâmica de trabalho e minar a liderança.

Não lidar com nossas emoções pode nos trancafiar em uma caverna que nem Platão poderia decifrar. Não existe super-homem ou mulher maravilha. A verdadeira força não reside na repressão de emoções, mas na capacidade de integrá-las de maneira saudável. Isso envolve reconhecer e aceitar nossas vulnerabilidades, permitindo que se tornem uma fonte de conexão e empatia. Empresários que expressam suas fraquezas de maneira construtiva frequentemente encontram maior apoio e lealdade de suas equipes, promovendo um ambiente de trabalho colaborativo e resiliente.

Ah, a resiliência. Um conceito mal interpretado no mundo empresarial. Ser resiliente não é ser inquebrável. Resiliência envolve a capacidade de se recuperar e aprender com as adversidades. Requer aceitação das próprias limitações e reconhecimento de que falhar faz parte do crescimento. Compreender isso permite criar uma cultura organizacional que valoriza o aprendizado e a adaptação, ao invés de uma perfeição inatingível.

Abraçar a vulnerabilidade não é sinal de fraqueza, mas de coragem e humanidade. Cria espaço para inovação, criatividade e conexão profunda com a equipe e clientes. A verdadeira força reside na capacidade de sermos humanos, com todas nossas imperfeições e complexidades, com emoções que precisam ser acolhidas, ouvidas, entendidas e elaboradas.

Seja humano!

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