Você está esquecido? II
O melhor remédio contra a saudade é a falta de memória. Essa luminosa colocação é de Carlos Drummond de Andrade. Encaixa-se, provavelmente, na vida de todos nós.
Tive um professor de português, no curso pré-vestibular, que dizia não existir o termo saudade. O correto, ele insistia, seria saudades. Um tempo depois (e ainda hoje) pensei que talvez fosse porque não sentimos saudades de uma coisa só. Se sentimos saudades da época da escola, por exemplo, é porque temos sentimentos afáveis por pessoas e por situações que vivemos - tudo no plural. Se sentimos falta de uma pessoa, isso deve estar relacionado a múltiplas e diferentes situações que vivemos com ela. Portanto, saudades.
Se você tem um colega de trabalho, ou alguém de seu convívio, apresentando certos esquecimentos, talvez devesse prestar atenção se essa pessoa não está simplesmente usando o remédio sugerido por Drummond, e acaba por utilizá-lo também em situações não permitidas ou não adequadas. Verdade ou não, converse com essa pessoa. Ao invés de chamar atenção para o seu esquecimento, interesse-se por sua história. Todos temos nossas histórias.
Não rotule pessoas, ajude-as.